TV: Joana Gama - Música Callada (RTP2 - 00h05)
A pianista portuguesa interpreta Música Callada, do compositor Federico Mompou, uma obra de referência do reportório pianístico.
Obra-prima do compositor catalão Federico Mompou, Música Callada é um longo ciclo para piano constituído por 28 peças, compiladas em quatro cadernos, entre 1959 e 1967. A obra foi inspirada nos versos do Canto espiritual entre el alma y Cristo su Esposo, do frade carmelita e poeta místico espanhol São João da Cruz (1542-1591), desde logo com destaque para a escolha do título: "La música callada,/ La soledad sonora". Mompou estudou e viveu alternadamente entre Barcelona e Paris, tendo regressado definitivamente à sua cidade natal em 1941. A sua escrita parcimoniosa demarca-se do atonalismo e do serialismo, em crescendo na época, tendo sido influenciada pelo nacionalismo espanhol, bem como por compositores como Claude Debussy, Maurice Ravel ou Erik Satie. Mompou representa, notoriamente, um posterior desenvolvimento em relação à música de Satie, compondo obras delicadas e aforísticas, onde a contenção é um aspecto fundamental. Grande parte das peças de Música Callada ocupa apenas duas ou três páginas de música depurada, onde o jogo dinâmico é delicado e suave. Embora extremamente económica nos seus meios, a obra não é, no entanto, fácil de interpretar. Pelo contrário, representa um teste à concentração do pianista e à sua contenção dinâmica durante largos períodos. Acerca desta obra, o próprio Mompou referiu: «a sua missão é a de alcançar os profundos recantos das nossas almas e os domínios escondidos da força vital dos nossos espíritos. Esta música é silenciosa (Callada?) se for ouvida interiormente?.»
Resumo do pensamento musical de Mompou, Música Callada exalta as possibilidades expressivas do piano e traduz os sentimentos mais profundos do autor.