TREZES - A Abóbada (RTP1 - 22h45)
Autoria: Alexandre Herculano
Realização: Cláudia Clemente
Produção: Marginal Filmes
Elenco: João Catarré, Maya Booth, João Didelet, Filipe Vargas, José Martins, Tobias Monteiro, Figueira Cid, António Maria, Carolina Serrão, Cátia Nunes
Sinopse: Adaptação cinematográfica do conto homónimo de Alexandre Herculano.
Para celebrar a vitória sobre os castelhanos na batalha de Aljubarrota, o rei D. João I (João Catarré) decide mandar construir um grande mosteiro. Na corte, defendem uns que deve ser um arquitecto estrangeiro, largamente experiente e mais preparado, a tomar o encargo de tão grande responsabilidade. Outros defendem que, precisamente pela enorme responsabilidade e simbolismo de tal monumento, deve ser um entre os muito sabedores e experimentados portugueses a fazê-lo. A ala estrangeirista será encabeçada pela rainha D. Filipa de Lencastre (Maya Booth) e a nacionalista pelo rei. Gera-se o desentendimento, mas a súbita cegueira de Mestre Afonso Domingues (José Martins) acaba por levar o rei a ceder e entregar a obra ao arquitecto estrangeiro David Ouguet (Tobias Monteiro), que acaba por a ver derrocar. Perante o desastre, D. João I chama o que sempre foi seu eleito, Mestre Afonso, que, mesmo cego, dirige a construção da estrutura gótica de uma nova abóbada. E, se a abóbada não caiu, não cairá, até hoje.
O conto A Abóbada foi publicado em 1851.
"Trezes" é um projecto inédito, com a chancela RTP e Marginal Filmes, que reúne autores, contos e realizadores nacionais num formato diferenciador, o Telefilme. Todas as semanas teremos o olhar de um realizador sobre um conto da nossa literatura interpretado pelos melhores actores nacionais, num total de 13 telefilmes. Uma visão cinematográfica de grandes realizadores contemporâneos de alguns dos contos da nossa literatura, numa valorização do nosso património literário e cultural.
Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo nasceu a 28 de Março de 1810, em Lisboa. Poeta, romancista, historiador e ensaísta. A sua obra, em toda a extensão e diversidade, ostenta uma profunda coerência, obedecendo a um programa romântico-liberal que norteou não apenas o seu trabalho mas também a sua vida. Nascido numa família modesta, estudou Humanidades na Congregação do Oratório, onde se iniciou também na leitura meditada da Bíblia, o que viria a marcar a sua mundividência. Impedido por dificuldades económicas e familiares de frequentar a Universidade, preparou-se para ingressar no funcionalismo, frequentando um curso prático de Comércio e estudando Diplomática na Torre do Tombo, onde aprendeu os rudimentos da investigação histórica. Por esta altura, com 18 anos, já se manifestava a sua vocação literária: aprendeu francês e alemão, fez leituras de românticos estrangeiros e iniciou-se nas tertúlias literárias da Marquesa de Alorna, que viria a reconhecer como uma das suas mentoras. Em 1831, envolvido numa conspiração contra o regime miguelista, foi obrigado a exilar-se, primeiro em Inglaterra (Plymouth) e depois em França (Rennes). No exílio, aperfeiçoou o estudo da História, familiarizando-se com as obras de historiadores como Thierry e Thiers, e leu os que viriam a ser os seus modelos literários: Chateaubriand, Lamennais, Klopstock e Walter Scott. Em 1832, participou no desembarque das tropas liberais no Mindelo e na defesa do Porto, onde foi nomeado segundo-bibliotecário e encarregue de organizar os arquivos da biblioteca. Entre 1834 e 1835, publicou importantes artigos de teorização literária na revista Repositório Literário, do Porto, (posteriormente compilados nos Opúsculos). Em 1836, por discordâncias com o governo setembrista, demitiu-se do seu cargo de bibliotecário e publicou o folheto A Voz do Profeta. Em Lisboa, dirigiu a mais importante revista literária do Romantismo português, O Panorama, para que contribuiria com diversos artigos, narrativas e traduções, nem sempre assinados. Em 1839, aceitou o convite de D. Fernando para dirigir as bibliotecas reais da Ajuda e das Necessidades, prosseguindo os seus trabalhos de investigação histórica, que viriam a concretizar-se nos quatro volumes da História de Portugal, publicados no decurso das duas décadas seguintes. Foi precisamente por essa altura que se envolveu numa polémica com o Clero, ao questionar o milagre de Ourique, polémica que daria origem aos opúsculos Eu e o Clero e Solemnia Verba. Eleito deputado pelo Partido Cartista em 1840, demitiu-se no ano seguinte, desiludido com a actividade parlamentar. Voltou à política em 1851, fundou o jornal O País, mas logo se desiludiu com a Regeneração, manifestando o seu desagrado pela concepção meramente material de progresso de Fontes Pereira de Melo. Em 1853, fundou o jornal O Português e, dois anos depois, foi nomeado vice-presidente da Academia Real das Ciências e incumbido pelos seus consórcios da recolha dos documentos históricos anteriores ao século XV, tarefa que viria a traduzir-se na publicação dos Portugaliae Monumenta Historica, iniciada em 1856. Neste mesmo ano, tornou-se um dos fundadores do Partido Progressista Histórico e, em 1857, atacou a Concordata com a Santa Sé. Em 1858, recusou a cátedra de História no Curso Superior de Letras. Entre 1860 e 1865, envolveu-se em nova polémica com o Clero, quando, ao participar na redacção do primeiro Código Civil Português, defendeu o casamento civil. Em 1865, fruto das suas reflexões, saíram os Estudos sobre o Casamento Civil. Em 1867, desgostoso com a morte precoce de D. Pedro V, rei em quem depositava muitas esperanças, e desiludido com a vida pública, retirou-se para a sua quinta em Vale de Lobos (comprada com o produto da venda das suas obras), no concelho de Santarém, onde se dedicaria quase exclusivamente à vida rural, casando com D. Maria Hermínia Meira, sua namorada da juventude. Apesar deste novo e voluntário exílio, continuou a trabalhar nos Portugaliae Monumenta Historica, interveio em 1871 contra o encerramento das Conferências do Casino, orientou em 1872 a publicação do primeiro volume dos Opúsculos e manteve correspondência com várias figuras da vida política e literária. Morreu de pneumonia, a 18 de Setembro de 1877, aos 67 anos, originando manifestações nacionais de luto.
Cláudia Clemente nasceu no Porto, em 1970. Arquitecta de formação, estudou Cinema em Barcelona e Lisboa e concluiu os cursos de Escrita de Argumentos para Longas-Metragens da Gulbenkian, com a London Film School, em 2006, e o de Cinema na Restart, em 2007. Actualmente, vive em Lisboa e divide o seu trabalho entre a escrita e a realização cinematográfica, a ficção e os documentários. Publicou dois livros de contos, O Caderno Negro (2003) e A Fábrica da Noite (2010), e a peça Londres (2012), vencedora do Grande Prémio de Teatro da S.P.A./Teatro Aberto. Em 2014, lançou o seu primeiro romance, A Casa Azul. Realizou curtas-metragens, documentários e telefilmes. Foi responsável pelos argumentos, storyboards, realização, direcção de arte, montagem e, na maioria dos casos, produção dos seus próprios filmes. Estes já foram exibidos em Portugal, no Brasil, no Uruguai, na Índia, em Cuba e em Itália, tendo sido premiados em diversos festivais.
Filmografia:
A Abóbada (telefilme, RTP1; 2021)
O Dia em Que as Cartas Pararam (telefilme, RTP2; 2017)
O Retrato (curta-metragem, 2015)
Blind Date (curta-metragem, 2014)
A Casa Azul (curta-metragem doc., 2012)
A Outra (curta-metragem, 2009)
A Fábrica (curta-metragem, 2008)
A Mulher Morena (curta-metragem, 2008)
& Etc. (curta-metragem, 2007)
Gigi (curta-metragem, 2006)