LETRAS LUSAS: "Último Caderno de Lanzarote", de José Saramago
Editora: Porto Editora
Sinopse: A 8 de Outubro de 1998 soubemos que José Saramago era o vencedor do Prémio Nobel de Literatura. A 8 de Outubro de 2018 celebramos essa data com a publicação de um inesperado inédito do escritor, o sexto e derradeiro volume dos seus diários, Último Caderno de Lanzarote.
«Duas razões me levaram, mais ou menos conscientemente, a escrever um diário: em primeiro lugar, a circunstância de ter saído do meu país para viver nesta ilha distante; em segundo lugar, a necessidade, que nunca experimentara antes, de "reter" o tempo, de o obrigar, por assim dizer, a deixar o maior número possível de sinais da sua passagem. Cadernos de Lanzarote é como uma longa carta enviada àqueles que ficaram no outro lado, mas é também um modo (vão, inútil, quem sabe mesmo se desesperado...) de fingir prolongar a vida por uma obstinada "escrituração" dos dias. Os Cadernos não são um laboratório, embora não faltem neles reflexões sobre o "fazer" literário; não são um registo dos casos do mundo, embora abundem os comentários sobre a actualidade; não são uma colecção de dados para uma futura biografia, embora vão dizendo o que faço e o que penso. Como todo o diário (como toda a escrita), os Cadernos de Lanzarote são um exercício narcisista, mas, contra o que geralmente se crê, Narciso nem sempre gosta do que vê no espelho em que se contempla...»
José Saramago nasceu em 1922, na aldeia da Azinhaga, no concelho da Golegã, região do Ribatejo. Autor de mais de 40 títulos, as noites passadas na biblioteca pública do Palácio Galveias, em Lisboa, foram fundamentais para a sua formação. «E foi aí, sem ajudas nem conselhos, apenas guiado pela curiosidade e pela vontade de aprender, que o meu gosto pela leitura se desenvolveu e apurou.» Em 1947, publicou o seu primeiro livro que intitulou A Viúva, mas que, por razões editoriais, viria a sair com o título de Terra do Pecado. Seis anos depois, em 1953, terminaria o romance Clarabóia, publicado apenas após a sua morte. No final dos anos 50, tornou-se responsável pela produção na Editorial Estúdios Cor, função que conjugaria com a de tradutor, a partir de 1955, e de crítico literário. Regressa à escrita em 1966 com Os Poemas Possíveis. Em 1971 assumiu funções de editorialista no Diário de Lisboa e, em Abril de 1975, é nomeado director-adjunto do Diário de Notícias.
No princípio de 1976, instala-se no Lavre para documentar o seu projecto de escrever sobre os camponeses sem terra. Assim nasceu o romance Levantado do Chão e o modo de narrar que caracteriza a sua ficção novelesca. Até 2010, ano da sua morte, a 18 de Junho, na ilha espanhola de Lanzarote, José Saramago construiu uma obra incontornável na literatura portuguesa e universal, com títulos que vão de Memorial do Convento a Caim, passando por O Ano da Morte de Ricardo Reis, O Evangelho segundo Jesus Cristo, Ensaio sobre a Cegueira, Todos os Nomes ou A Viagem do Elefante, obras traduzidas em todo o mundo.
No ano de 2007 foi criada, em Lisboa, uma Fundação com o seu nome, que trabalha pela difusão da literatura, pela defesa dos direitos humanos e do meio ambiente, tomando como documento orientador a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Desde 2012, a Fundação José Saramago tem a sua sede na Casa dos Bicos, em Lisboa. José Saramago recebeu o Prémio Camões em 1995 e o Prémio Nobel de Literatura em 1998.