LETRAS LUSAS: "O Retorno", de Dulce Maria Cardoso
Editora: Tinta-da-China
Sinopse: 1975, Luanda. A descolonização instiga ódios e guerras. Os brancos debandam e, em poucos meses, chegam a Portugal mais de meio milhão de pessoas. O processo revolucionário está no seu auge e os retornados são recebidos com desconfiança e hostilidade. Muitos não têm para onde ir nem do que viver. Rui tem quinze anos e é um deles.
1975, Lisboa. Durante mais de um ano, Rui e a família vivem num quarto de um hotel de 5 estrelas a abarrotar de retornados — um improvável purgatório sem salvação garantida que se degrada de dia para dia. A adolescência torna-se uma espera assustada pela idade adulta: aprender o desespero e a raiva, reaprender o amor, inventar a esperança. África sempre presente, mas cada vez mais longe.
Um dos romances que mais marcaram a última década da literatura em Portugal celebra agora 10 anos de vida.
Para assinalar esta data, "O Retorno" vai ter uma edição especial, em formato maior, em capa dura revestida a tecido gravado. Além disso, no interior haverá uma surpresa pensada e preparada por Dulce Maria Cardoso para os seus leitores.
Dulce Maria Cardoso nasceu em 1964, na aldeia de Fonte Longa, concelho de Carrazeda de Ansiães, região de Trás-os-Montes. Com apenas 6 meses, foi para Angola, onde já vivia o pai. Regressou a Portugal em 1975, após a descolonização. Viveu uns meses em Trás-os-Montes, tendo-se mudado depois para Cascais. Publicou os romances Eliete (2018, livro do ano, entre outros, no Público, Expresso e no JL, Prémio Oceanos e finalista do Prémio Femina), O Retorno (2011, Prémio Especial da Crítica e livro do ano dos jornais Público e Expresso), O Chão dos Pardais (2009, Prémio PEN Clube Português e Prémio Ciranda), Os Meus Sentimentos (2005, Prémio da União Europeia para a Literatura) e Campo de Sangue (2001, Prémio Acontece, escrito na sequência de uma Bolsa de Criação Literária atribuída pelo Ministério da Cultura). Os seus romances estão traduzidos em várias línguas e publicados em mais de duas dezenas de países. A tradução inglesa de O Retorno recebeu, em 2016, o PEN Translates Award. Publicou contos em revistas e jornais, a maioria dos quais reunida nas antologias Até Nós (2008) e Tudo São Histórias de Amor (2013). Alguns deles fazem parte de várias antologias estrangeiras e Anjos por dentro foi incluído na antologia Best European Fiction 2012, da Dalkey Archive. Em 2017, foram publicados os textos Rosas, escritos no âmbito da estada em Lisboa de Anne Teresa De Keersmaeker, quando a coreógrafa foi a Artista na Cidade. Criou, ainda, a personagem Lôá, a menina-Deus, para uma série da RTP2. A obra de Dulce Maria Cardoso é estudada em universidades de vários países, fazendo parte de programas curriculares, e tem sido objecto de várias teses académicas, bem como adaptada a cinema, teatro e televisão. A autora tem participado em vários festivais de prestígio internacional. Em 2012, recebeu do Estado francês a condecoração de Cavaleira da Ordem das Artes e Letras. Assina, na Visão, a coluna Autobiografia não autorizada, cujas crónicas deram origem a um livro, e é comentadora na estação televisiva SIC, no programa Original é a Cultura.