LETRAS LUSAS: "Memórias de um Maestro", de Álvaro Cassuto
Editora: Guerra & Paz
Sinopse: As memórias de um compositor e maestro, por norma, limitam-se ao elenco de obras e referências às orquestras e concertos que dirigiu. Porém, Álvaro Cassuto distancia-se do modelo tradicional para descrever, numa linguagem factual e sem rodeios, as peripécias da sua carreira, a sua actividade à frente de uma variedade de orquestras internacionais, mormente norte-americanas, e os seus «conflitos» com instituições portuguesas.
O Maestro Álvaro Cassuto revela o papel determinante que o seu envolvimento na gestão de orquestras teve para os seus sucessos e «derrotas», resultado amargo de visões diametralmente opostas explicadas em pormenor. Ao longo de uma carreira de seis décadas, longa e brilhante, por ter convicções enraizadas resultantes da sua experiência pessoal, contribuiu intensamente para o desenvolvimento das orquestras às quais esteve ligado, nunca em benefício de interesses pessoais, tendo dedicado parte significativa dos seus esforços à difusão da música orquestral de compositores portugueses, uma área complementar que realça a dedicação e empenho pela causa da música portuguesa.
Álvaro Cassuto nasceu no Porto, em 1938, e cresceu em Lisboa, filho de pais judeus alemães que fugiram do regime Nazi e regressaram a Portugal, sua pátria ancestral. Muito cedo iniciou o estudo do violino e do piano, tendo estudado composição durante a adolescência, mormente com Fernando Lopes-Graça, enquanto frequentava o Liceu, licenciando-se em Direito na Universidade de Lisboa. Iniciou a sua carreira em 1959 enquanto compositor de obras para orquestra, tendo sido o primeiro compositor português a adoptar o Dodecafonismo Serial. Tendo frequentado os cursos de música de vanguarda em Darmstadt, na Alemanha, onde trabalhou com Boulez e Stockhausen, estudou direcção de orquestra com Herbert von Karajan, em Berlim, e Pedro de Freitas Branco, em Lisboa. Estreou-se como maestro em 1961 e obteve o diploma de Kapellmeister no Conservatório de Viena. Ao longo da sua extensa carreira, esteve ligado a dez orquestras, seis das quais em Portugal. Foi sucessivamente Maestro-Adjunto da Orquestra Gulbenkian, Maestro-Director da Orquestra Sinfónica da RDP, Maestro-Fundador da Nova Filarmonia Portuguesa, Maestro-Fundador da Orquestra Sinfónica Portuguesa, Maestro-Fundador da Orquestra do Algarve e Director Artístico da Orquestra Metropolitana de Lisboa. Em 2009, por ocasião do 50º aniversário da sua carreira, o Coliseu do Porto descerrou uma lápide comemorativa no seu foyer e, no Dia de Portugal, o Presidente da República agraciou-o com o grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.