LETRAS LUSAS: "Marido e outros contos", de Lídia Jorge
Editora: Dom Quixote
Sinopse: Foi com Marido e Outros Contos, em 1997, que Lídia Jorge deu início à sequência dos quatro volumes de contos até agora publicados. Mas, quer pela temática, quer pela forma, poderiam perfeitamente ter sido escritos no exacto momento em que nos encontramos. E isto porque as figuras das sete narrativas breves que compõem este livro, cuja 6.ª edição aqui apresentamos, dirigem-se ao âmago do mundo contemporâneo.
É nestas páginas que nos deparamos com alguns dos contos mais difundidos, traduzidos e adaptados de Lídia Jorge, entre eles, A Instrumentalina, A Prova dos Pássaros ou Testemunha. O mais significativo de todos, Marido, que integra várias antologias de contos contemporâneos, sendo um conto sobre a submissão, duro e cruel, é porventura o mais libertador de todos eles e o que melhor defende o dilema das mulheres ocidentais.
Mas também aqui se reúnem outras pequenas histórias - O Conto do Nadador ou António - que revelam ao leitor alguns traços de denúncia mas por onde perpassam, ao mesmo tempo, sopros de júbilo e sensualidade.
Ao lermos ou relermos os contos de Lídia Jorge presentes neste livro é como sentirmos que eles cumprem aquilo que se pede à Literatura - que se levantem do chão, pelo poder da palavra, os que estão destinados a não ser ninguém. Nesse sentido, como a própria autora tantas vezes o tem dito, «toda a Arte é uma revolta contra a História».
Lídia Jorge nasceu em 1946, em Boliqueime, concelho de Loulé, no Algarve. Viveu os anos mais conturbados da Guerra Colonial em África. Foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social. Foi professora do ensino secundário e publica regularmente artigos na imprensa. O tema da mulher e da sua solidão é uma preocupação central da obra de Lídia Jorge, como, por exemplo, em Notícia da Cidade Silvestre (1984) e A Costa dos Murmúrios (1988). O Dia dos Prodigíos (1979), outro romance de relevo, encerra uma grande capacidade inventiva, retratando o marasmo e a desadaptação de uma pequena aldeia algarvia. O Vento Assobiando nas Gruas (2002) é mais um romance da autora e aborda a relação entre uma mulher branca com um homem africano e o seu comportamento perante uma sociedade de contrastes. Este seu livro venceu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores em 2003. Entre muitos outros, são de realçar títulos como O Vale da Paixão, Combateremos a Sombra ou Os Memoráveis, obra que tem sido considerada como uma poderosa metáfora da deriva portuguesa das últimas décadas. Aos seus livros têm sido atribuídos os principais prémios nacionais, alguns deles pelo conjunto da obra, como o Prémio da Latinidade, o Grande Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores - Millenium BCP ou o Prémio Vergílio Ferreira de 2015. No estrangeiro, entre outros, Lídia Jorge venceu, em 2006, a primeira edição do prestigiado prémio ALBATROS da Fundação Günter Grass e, em 2015, o Grande Prémio-Luso Espanhol de Cultura. Mais recentemente, venceu o Prémio FIL de Literatura em Línguas Românicas 2020.