GRANDE REPORTAGEM: Laboratório Antárctida (Jornal da Noite, SIC - 20h00)
A Antárctida é um dos locais do mundo onde as alterações climáticas se estão a fazer sentir de forma mais rápida e intensa. Mas o que se passa no extremo sul poderá ter implicações globais. Os efeitos do aumento da temperatura, do recuo dos glaciares ou da acidificação dos oceanos são algumas questões que estão a ser estudadas na Antárctida, um continente dedicado à investigação científica e à cooperação internacional e onde os portugueses também têm ido fazer Ciência.
Território gelado e selvagem, habitat de pinguins, focas e outros animais habituados a temperaturas negativas, a Antárctida é também um enorme laboratório científico internacional, regido por um Tratado que prevê que a região seja usada exclusivamente para fins pacíficos.
Investigadora da Universidade de Coimbra, Patrícia Azinhaga diz que está a "cumprir um sonho de vida". Pela primeira vez na Antárctida, a geóloga sente um misto de emoções: "uma experiência fabulosa, mas também um teste aos nossos limites". No terreno faz equipa com Pedro Ferreira, do Laboratório Nacional de Energia e Geologia. Em conjunto pretendem fazer cartografia de uma área na ilha do Rei Jorge, a norte da Península Antártica. Um dos objectivos está ligado ao estudo dos impactos do aumento da temperatura no Permafrost, o solo permanentemente gelado.
A equipa portuguesa está alojada na base chilena "Professor Julio Escudero", onde outras equipas de cientistas de diferentes países desenvolvem pesquisas. As alterações climáticas são denominador comum a muitas delas. "Estamos perdendo muita quantidade de gelo", alerta Emanuele Kuhn. A investigadora da Universidade de São Paulo estuda os micróbios que vivem debaixo do gelo e o que acontece quando essas comunidades microbianas são expostas ao ar, com o recuo dos glaciares.
O degelo também é ponto de partida da investigação de Claudia Aracena, da Universidade Austral do Chile. A bióloga marinha procura saber como reagem a água menos salgada, devido ao derretimento dos glaciares, as plantas minúsculas que estão na base da cadeia alimentar no oceano. No limite, qualquer problema que afecte as microalgas marinhas pode vir a reflectir-se na quantidade de peixe disponível para o resto da cadeia alimentar, incluindo para o Homem.
Na ilha existem bases científicas de nove países e durante o verão austral a azáfama é grande, naquele que é um dos locais mais movimentados e humanizados da Antárctida.
Uma Grande Reportagem para ver no Jornal da Noite da SIC, esta quinta-feira, com início às 20h00, e em versão interactiva, com conteúdos extra exclusivos, nos sites da SIC, do Expresso, da Visão e da Activa. Na edição da revista Visão que vai esta quinta-feira para as bancas, poderá ler a reportagem SIC/Visão na Antárctida.