DOC TV: Silêncios do Olhar (RTP2 - 23h00)
Realização e Argumento: José Nascimento
Sinopse: Homenagem póstuma à vida e obra de José Álvaro Morais (1943-2004) e ao "rasto luminoso" de inovação e procura exaustiva do cinema como forma de arte que deixou no cinema português. O documentário de José Nascimento reúne excertos da filmografia de José Álvaro Morais e testemunhos de quem mais estreitamente com ele se relacionou e percorreu, na amizade e no trabalho, essa aventura.
A obra de José Álvaro Morais deixou um "rasto luminoso". Os seus filmes foram "manobras de risco", não existindo, na carreira do realizador, nenhum projecto que não tenha sido inovador, autónomo e de procura exaustiva do cinema como forma de arte. Desde a sua primeira obra, "Ma Femme Chamada Bicho", a sua atitude perante o cinema foi sempre perfeccionista e de profunda intransigência. A génese dos processos do tempo da gestação de cada filme, das cumplicidades e envolvimentos, foi sistematicamente elaborada, desenvolvida e levada ao limite de se virar contra si próprio, contra a sua existência. A epopeia do "Bobo", que colocou em risco a sua carreira, foi um momento de ruptura do cinema português, instituiu um modus operandis particular em que cada filme se abria como uma aventura, um novo percurso em paralelo com a vida privada, integrando, na sua feitura, afinidades, amizades, amores e desamores.
Dentro da diversidade da sua obra (6 filmes, além dos filmes de escola), os temas percorrem, regra geral, espaços contíguos e transbordam de filme para filme: a família, os relacionamentos e uma geografia da identidade, dividida entre a infância na Covilhã, a adolescência em Lisboa, o exílio em Bruxelas e o regresso ao sul, esse "mar infinito", nas palavras.