Ano: 1942
Realização: Francisco Ribeiro (Ribeirinho)
Argumento: António Lopes Ribeiro, Francisco Ribeiro (Ribeirinho), Vasco Santana
Música: Frederico de Freitas
Elenco: Vasco Santana, António Silva, António Vilar, Maria das Neves, Ribeirinho, Laura Alves, Graça Maria, Barroso Lopes, Maria da Graça, Carlos Otero, Carlos Alves, Maria Paula, Joaquim Amarante, Francisco de Castro, Armando Chagas, João Guerra, Eliezer Kamenesky, Armando Machado, Regina Montenegro, Armando Pedro, Jacinto Ramos, Pereira Saraiva, João Silva
Sinopse: Num típico pátio lisboeta, por altura das festas dos Santos Populares, um punhado de gente simples vive o seu quotidiano, os seus sonhos, desilusões, paixões, ciúmes e alegrias numa atmosfera quase encantada. Alfredo é um bom rapaz cujo irmão Carlos, um estouvado, namora a frívola Amália. A irmã desta, Suzana, ama por sua vez Alfredo. Narciso, o pai de Rufino e seu sócio na leitaria do bairro, é um bêbedo crónico e um virtuoso da guitarra. Rosa, uma bem disposta viúva que vende flores, é por sua vez cortejada por Narciso e pelo intratável e arrogante Evaristo, o merceeiro, pai da invejosa e mimada Celeste. A rivalidade entre Narciso e Evaristo vai ao rubro numa noite de bailarico no pátio que termina numa autêntica batalha campal. Por fim tudo se compõe entre os vários pares amorosos e no pátio a vida segue serenamente.
"O Pátio das Cantigas", de 1942, é uma das mais célebres e amadas comédias populistas do cinema português. Convergência de grandes talentos da época, o filme de Ribeirinho, produzido pelo seu irmão António Lopes Ribeiro e pelos dois escrito de parceria com Vasco Santana, assenta acima de tudo num primoroso jogo de diálogos, com duplos sentidos e um irresistível sabor revisteiro, bem como num lote admirável de grandes comediantes. Ribeirinho, Lopes Ribeiro e Vasco Santana captaram e registaram com humor e sensibilidade toda a atmosfera lisboeta, bairrista e popular, por ocasião das festas dos Santos Populares, a partir de um punhado exemplar de personagens tipificadas, envolvidas nas suas querelas, confrontos e desejos pessoais. Tudo isto servido por uma realização discreta e eficaz num filme que conta com cenas memoráveis, como a de Vasco Santana regressando a casa bêbedo e tentando obter lume de um candeeiro da via pública, que lhe vai servir de "guia" até chegar à cama. Mas o que há de mais notável em "O Pátio das Cantigas" é, sem dúvida, o espantoso jogo da representação, do mau génio e arrogância de António Silva às atribulações do tímido Ribeirinho, passando pelas calinadas, verbais e melódicas, de Laura Alves e, acima de tudo, pela alegria ébria e pela insolência provocadora de Vasco Santana.