CINE TV: No Dia dos Meus Anos (TVCine Edition - 22h00)
Ano: 1992
Realização e Argumento: João Botelho
Elenco: Jessica Weiss, João Lagarto, André Costa, Madalena Rodrigues, Artur Ramos, Vítor Norte, Leonor Silveira, Paulo Matos, Carla Lupi, Henrique Viana, André Gomes, Joaquim Mendes, Helena Laureano, Guida Maria, Manuel Guanilho, Artur Semedo, José Manuel Mendes, Inês de Medeiros, Margarida Marinho, Filipe Cochofel, Francisco Cunha Leal, Alice Pereira, Tomás Pinto Nogueira, Matilde Matos, António Casaleiro, Ana Rocha, Carlos Olivença, Ana Catarina Santos, Raul Neves, António João Rodrigues, João França, Marco Brandão, André Loureiro
Sinopse: Dois dias antes de completar 7 anos, Miguel interroga-se sobre a ausência do pai, que a família se recusa a explicar. O garoto adora o avô, sabe que há problemas de dinheiro e, por isso mesmo, têm um hóspede em casa, o Sr. Rafael que vende livros e tem problemas respiratórios. Muitas vezes o Miguel ouve os vizinhos, o aviador e a mulher, a discutir ou aos beijos. E depois há o mistério do pai que, afinal, estava preso e é posto em liberdade no dia dos anos do Miguel.
Abordando o tema do Ar, na série televisiva "Os Quatro Elementos", este filme de João Botelho é, na verdade, uma excelente realização do autor de "Conversa Acabada", "Um Adeus Português" e "Tempos Difíceis". Trata-se de uma imaginativa e inteligente abordagem de um tema difícil que Botelho transformou numa bela crónica familiar sobre as interrogações de um garoto de sete anos cujo pai se encontra preso. E o Ar aqui prende-se com a atmosfera sufucante, logo a falta dele no sentido de espaço físico e serenidade emocional, no seio de uma família com graves problemas no seu dia-a-dia.
Estudou Engenharia Mecânica, mas o vício do cinema foi mais forte, potenciado pela vida académica em Coimbra. Chegou a ver 300 filmes num ano, foi cineclubista e fundou uma conceituada revista de Cinema. Assim, antes de ser cineasta, João Botelho foi um cinéfilo convicto. O seu mentor, Manoel de Oliveira, ensinou-lhe que o cinema é "ver e ouvir, que o que importa é o ponto de vista da câmara (e que só há um ponto de vista correcto para cada cena) e que, se não há dinheiro para filmar uma carruagem, filma-se a roda, mas há que filmá-la bem". O seu cinema tornou-se assim um "cinema do tempo" em contraposição ao "cinema de movimento". Paralelamente, o seu contributo para devolver o valor incalculável da Literatura Portuguesa é também inegável e, através da sua própria arte, tem criado versões cinematográficas únicas de grandes clássicos.
Com uma obra intemporal, os Canais TVCine homenageiam um dos realizadores mais marcantes do Cinema Português, com a Retrospectiva: João Botelho, todas as quartas e quintas-feiras de Julho, às 22h00, em exclusivo no TVCine Edition.