Gabriela Carrilho é uma das vice-presidentes da Universal e vive, há dez anos, em Miami. Tudo começou com um concurso e um concerto, em Madrid. Há concertos que mudam uma vida. Literalmente. Como o dos britânicos The Cure, em Madrid, no final dos anos 80, durante a digressão do disco "Kiss Me, Kiss Me, Kiss Me". Aquela noite na capital espanhola redefiniu o futuro de Gabriela Carrilho, uma portuguesa que não gosta de revelar a idade e que vive, há dez anos, em South Point, uma das melhores zonas de Miami, nos EUA.

«Ainda estava a estudar - não sei se já em Direito, na Clássica, ou ainda no secundário... - e ganhei um concurso, da Rádio Comercial, para ir ver os The Cure a Madrid. Nessa viagem, conheci o Luís Montez, da Comercial, o Sérgio Noronha, da EMI, vários jornalistas e uma série de outras pessoas.» Gabriela ter-se-á transformado numa espécie de mascote do grupo. «Não existiam muitas raparigas a gostar tanto de música como eu. Lembro-me de ir aos concertos em Portugal, como o dos Echo & The Bunnymen, e havia pouquíssimas raparigas - felizmente isso já mudou.»

Faladora (muito), bem-disposta, divertida e inteligente, manteve contacto com muitos companheiros de viagem e o convite para a rádio era como que uma inevitabilidade. «Comecei como assistente de realização no programa TNT - Todos no Top, com o Jorge Pêgo. Basicamente, carregava discos.»

Passados vários anos, e uma série de outras experiências profissionais, sempre ligadas à música, chegou a vice-presidente do colosso Universal, responsável pelo Marketing dos artistas internacionais (música anglo-saxónica, essencialmente) na América Latina. Está perfeitamente enquadrada com o (bom) estilo de vida de Miami, onde é Verão durante quase todo o ano.

Gabriela deixou o país há mais de uma década. Não chegou a aborrecer-se na rádio, mas acabaria por seguir outros caminhos... Já fazia notícias e entrevistas a artistas e, assim, acabou por conhecer os responsáveis das editoras discográficas. David Ferreira, então à frente da EMI - Valentim de Carvalho, acabaria por convidá-la para product manager da Virgin, uma das editoras do grupo. Entre a rádio e o mundo das editoras, Gabriela lançou um projecto que ainda hoje se mantém vivo: a produtora de espectáculos Música no Coração.

Esteve quatro anos na EMI, até que surgiu um novo desafio: assumir a direcção de Marketing da MCA. «Era uma editora pequena, mas, no ano em que aceitei o cargo, 1998, comprou a Polygram e tranformou-se no Universal Music Group.» Mais três anos de Universal e eis que surge a primeira internacionalização. «Fui para directora de Marketing da Universal, em Espanha, em 2001.» A boa impressão que deixou junto do chefe espanhol - que, entretanto, assumiu a presidência da divisão da América do Sul e Ibéria da Universal, em Miami - foi suficiente para um novo desafio: atravessar o Atlântico.

Trata por tu muitas das figuras mais populares da música, como os elementos dos U2 ou dos Metallica, no capítulo dos consagrados, ou Taylor Swift, se quisermos uma referência mais recente, e viaja constantemente para a América Latina. Brasil, México, Colômbia ou Venezuela fazem parte do seu roteiro.

(retirado do artigo "A menina da rádio" publicado na edição nº 1052 da revista VISÃO)