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25
Abr13

25 ABRIL NA TV: Dia D (RTP2)

Dia D

 

Pelo 5º ano consecutivo, a RTP2 transforma-se na estação dos documentários, é o Dia D de documentários. São 24 horas de documentários nacionais dedicados às mais diversas personalidades.

 

Retratos Contemporâneos: Salgueiro Maia (01h00)

 

Documentário sobre a vida de Fernando José de Salgueiro Maia, "Capitão de Abril", e a sua actuação na revolução de 25 de Abril de 1974. Baseado no livro "Salgueiro Maia, Um Homem da Liberdade", de António de Sousa Duarte, a  RTP emite o retrato de um herói da Revolução dos Cravos. Nascido em Castelo de Vide,  morreu aos 44 anos, vítima de cancro, amado e venerado pelo povo comum, mas esquecido pelos grandes poderes.

 

Fátima de A a Z (02h00)

 

Sob uma arbitrária ordem alfabética, a escritora Maria Velho da Costa dá-se a conhecer. A sua visão, a sua casa, a sua família, o seu modo de ver, o seu modo de ser. Uma escritora por muitos considerada a maior da sua geração abre-nos a sua intimidade. Excertos da sua obra são interpretados por Lia Gama.

 

Noites Brancas Julião Sarmento (03h00)

 

Julião Sarmento é hoje, com mais de 40 anos de carreira, um dos artistas portugueses com maior consagração internacional e um dos mais importantes nomes portugueses da cultura do nosso tempo. A década de 80 coincide com o seu reconhecimento nacional e o início de um percurso internacional pontuado pela presença na Documenta de Kassel (1982 e 1987). Sarmento desenvolve então uma pintura agressiva, fragmentária, de forte impacto visual, que evoca imagens fotográficas de proveniências diversas e referências literárias. Ao longo dos anos 90, a sua pintura conhece uma forte depuração característica das suas "pinturas brancas". A última década constitui o seu período mais diversificado em relação aos meios utilizados, incluindo a escultura, vídeo e performance. Sarmento pode ser definido como um artista multimédia - tendo explorado a pintura, o desenho, a colagem, a escultura, a fotografia, o filme, o vídeo, o som, a instalação e o texto – e multi-referencial, apropriando-se de elementos provenientes tanto da cultura popular como da cultura erudita. O elemento que unifica a dimensão plural do trabalho de Sarmento, e que lhe confere o seu sentido, é o erotismo, as diversas configurações do desejo e da sedução, os paradoxos entre moralidade e transgressão.  O documentário apresenta a obra, a actividade profissional e as exposições mais recentes do autor. O ponto de partida é a actualidade, sendo que, a respeito de cada um dos aspectos focados, a realidade mais recente serve de base para um recuo retrospectivo que, focando aspectos semelhantes em momentos anteriores, permite uma visão de conjunto da trajectória do artista. Uma das características gerais que emerge destes confrontos é a relação privilegiada que Sarmento sempre estabeleceu com outras disciplinas criativas, designadamente o cinema, a literatura, a filosofia e a arquitectura. Um conjunto de relevantes exposições recentes no estrangeiro (Londres, Madrid, Maiorca) permitem abordar a processo de internacionalização do autor e a diversidade da recepção crítica que encontrou em diferentes contextos. A retrospectiva no Museu de Serralves é ocasião privilegiada para um ponto de situação e síntese global. Um dos fios condutores do documentário é uma conversa com o autor, a respeito do conjunto da sua obra e o seu momento actual, complementada com depoimentos de especialistas como Adrian Searle (crítico e curador), James Lingwood (curador), Vicente Todolí ou Delfim Sardo, galeristas como Pilar Corrias, Juana de Aizpuru, Pepe Cobo, ou ainda personalidades como Helena Foster e a artista Cristina Iglesias.

 

Dicas do Vinil, com Sam The Kid (04h00)

 

"Dicas no Vinil, com Sam the Kid" acompanha, ao longo de quase 50 minutos, o já famoso rapper português no seu dia-a-dia musical. Em conjunto com a NBC, Snake, José Mariño, Kalaf e outros, conta como Samuel passa os dias, como faz música e como a vive. Um documento que regista a fase de gravações do disco "Pratica(mente)" e que, a partir desses momentos, tenta conhecer um pouco melhor este músico português.

 

Keep Going - Jorge Salavisa (04h55)

 

É um caso de longevidade produtiva como há poucos em Portugal. O trajecto de 50 anos de Jorge Salavisa enquanto bailarino, professor e director artístico. A sua paixão pela pluralidade das artes e o seu trabalho incessante de dar visibilidade a velhos e novos criadores. Jorge Salavisa ocupa um lugar singular na vida cultural portuguesa. O realizador Marco Martins assina este documentário que partiu de uma ideia de Luísa Taveira e Miguel Honrado.

 

Miguel Torga, O Meu Portugal (06h00)

 

O documentário MIGUEL TORGA, O MEU PORTUGAL conduz-nos numa viagem pelo país e pela identidade portuguesa que se percepcionam em múltiplos textos do escritor, sobretudo em prosa, no ano de 2007 em que se assinalaram 100 anos sobre o seu nascimento. O próprio Miguel Torga é o narrador exclusivo deste documentário, uma vez que o guião foi integralmente estruturado com base nos seus textos, sobretudo da relativamente desconhecida produção em prosa que integra a colectânea PORTUGAL, cuja primeira edição data de 1950. A "voz" de Miguel Torga é aqui substituída pela do actor Sinde Filipe, cuja carreira já se cruzou por diversas vezes com o universo torguiano, enquanto a recriação "visual" de um dos maiores escritores portugueses do século XX é assegurada pelo também actor José Pinto (que tem semelhanças físicas notáveis com Miguel Torga). A viagem real e simbólica de Norte a Sul de Portugal - bem como pela identidade portuguesa e pelo nosso percurso histórico - que nos é proporcionada pelos textos de Miguel Torga surge neste documentário enquadrada por diversos depoimentos, com especial destaque para Eduardo Lourenço e António Barreto. Embora de diferentes gerações, estes dois relevantes investigadores sociais e pensadores portugueses privaram com Miguel Torga, de quem foram amigos, pelo que disponibilizam ao espectador uma análise exclusiva e privilegiada do pensamento torguiano e da visão peculiar de Torga sobre a realidade portuguesa.

 

Todi - A segunda morte de Luísa Aguiar (7h00)

 

Durante 24 horas, algures no ano de 2008, uma octogenária de porte digno, vestida de negro e de olhar surpreso, percorre locais em Setúbal, Porto e Lisboa. Seu nome: Luísa Aguiar, La Todi. O primeiro nome português cantado nas ruas, a ser disputado por facções rivais, sussurrado por políticos e poetas, inspirador de compositores, vítima de invejas e de cabalas empresariais. Idolatrada nas cortes imperiais da Europa e nos grandes teatros, amiga de Maria Antonieta, Catarina da Rússia, Frederico da Prússia, Beethoven, de Napoleão Bonaparte, inspiradora de Cherubini e tantos outros, a Cantatrice de La Nation morre, viúva, só, quase cega e quase pobre em Lisboa. A mulher, de passo hesitante mas de mente lúcida, erra por entre gentes e computadores, esplanadas e prédios, becos e teatros, pontes destruídas e conventos, procurando (quase) inutilmente reconhecer esses mesmos locais, agora de triste esquecimento. Interpretada por Laura Soveral, com texto de Maria João Seixas e pesquisa e direcção musical do maestro João Paulo Santos.

 

À Velocidade da Inquietação - Amadeo de Souza-Cardoso (7h55)

 

Filho de uma família abastada de proprietários rurais, Amadeo foi um entre nove irmãos e desde cedo revelou grandes aptidões artísticas. Estreou-se na caricatura, passou por arquitectura mas foi na pintura que verdadeiramente se realizou. Determinado e muito seguro de si, Amadeo depressa percebeu que era em Paris que queria desenvolver as suas capacidades. Em 1906, com 18 anos, partiu para a "cidade luz" onde frequentou um meio artístico em ebulição. Teve oportunidade de viver e de contribuir para os grandes movimentos que surgiam na época como o cubismo, o futurismo, o abstraccionismo, o expressionismo. Foram oitos anos em que esteve ao lado de nomes grandes do modernismo, partilhou experiências e dialogou de perto com Modigliani, Brancusi, Delaunay. Foi um dos artistas que mais vendeu na primeira grande exposição modernista das vanguardas europeias nos Estados Unidos. Viveu até ao fim da sua curta vida entre as Montanhas do Marão, trabalhando vertiginosamente, com uma grande intuição, chegando até mais longe do ponto de vista artístico do que muitos artistas do modernismo que continuaram em Paris, dizem os historiadores da arte.  Revelou o seu trabalho em Portugal em 1916, já depois de ter exposto nas grandes capitais europeias, Nova Iorque, Boston e Chicago e de ter sido elogiado por importantes críticos internacionais. Mas Portugal era um país pequeno e "fechado" e a sua obra foi recebida com espanto e agressividade. A gripe pneumónica que grassava na Europa apanhou Amadeo na flor da idade e no auge da sua criação. Deixou 10 anos de uma intensa produção artística. São conhecidas mais de 200 pinturas e um número muito superior de desenhos. Nasceu em Manhufe, Amarante. Estudou em Paris. Foi amigo de Modigliani e vizinho de Picasso. Participou activamente na revolução artística do início do século XX. Expôs ao lado dos maiores pintores vanguardistas do Modernismo, em Paris, Nova Iorque, Londres, Berlim. Foi o primeiro modernista português. Causou escândalo em Portugal. Teve uma vida relâmpago. Viveu e criou à velocidade da inquietação. Foi Amadeo de Souza-Cardoso.

 

Fernando Bento (9h00)

 

Outubro de 1910. A cinco desse mês foi implantada a República em Portugal. A 26, nasce, em Lisboa, Fernando Trindade Carvalho Bento. O pai trabalhava no Coliseu dos Recreios de Lisboa e foi aí que, desde muito novo, Fernando Bento entrou em contacto com as artes plásticas. Figurinista, maquetista, caricaturista, pintor e autor de banda desenhada, de formação autodidacta, teve como único complemento o curso de desenho por correspondência, da École ABC de Dessin, de Paris, quando tinha então 19 anos. No início dos anos 30, realizou caricaturas de desportistas e actores, tendo feito ilustração desportiva no jornal Os Sports e para a crítica teatral em Coliseu e Diário de Lisboa, a par da realização de cartazes, cenários e figurinos para o teatro de revista. Como figurinista do teatro de revista, recebeu o aplauso da crítica, tendo também feito incursões na publicidade e na Pintura. Apesar do seu gosto e talento pelo desenho, ilustração e pintura, assegurou trabalho como empregado comercial numa companhia petrolífera (BP). Em 1938, com 28 anos, Fernando Bento estreou-se nas histórias aos quadradinhos (BD) e começa uma colaboração com diferentes jornais, que duraria algumas décadas: República, O Século, Diário de Notícias e revistas Diabrete e Cavaleiro Andante foram algumas das publicações a que deu o seu contributo. Foi, sem dúvida, um dos mais prolíficos autores de banda desenhada e ilustradores que o país já viu. Neste documentário biográfico estão incluídas imagens de originais da obra do artista, depoimentos de amigos, autores e historiadores / pesquisadores de banda desenhada, director do Festival Internacional de BD da Amadora e episódios familiares contados em primeira mão por D. Arlette Bento, viúva do nosso biografado.

 

Um Boémio de Espírito (9h55)

 

António Alçada Baptista nasceu na Covilhã a 29/01/1927. Frequentou um colégio de jesuítas e licenciou-se em Direito. Foi presidente do Instituto Português do Livro. Tornou-se conhecido como autor com a publicação do primeiro volume da obra "Peregrinação Interior -Reflexões sobre Deus" (1971). Com a eleição de Jorge Sampaio para Presidente da República, foi nomeado seu colaborador.

 

Hermínia, Actriz e Fadista (11h00)

 

Alfacinha de gema, Hermínia desde muito nova manifestou grande aptidão para cantar. Aos treze anos já cantava no Valente das Farturas, no Parque Mayer. E com tanto êxito que logo a convidaram para o teatro, o que aconteceu alguns anos depois, como atracção fadista na revista A Fonte Santa. Nunca mais parou. Foi vedeta do Teatro de revista em mais de meia centena de peças ao lado de Estevão Amarante, Irene Isidro, Vasco Santana, Laura Alves e António Silva, entre outros. Em 1946,  ganhou o Prémio Nacional do Teatro, como a melhor actriz do ano, numa charge à Antígona interpretada por Mariana Rey Monteiro. Participou nos filmes "A Aldeia da Roupa Branca", "O Costa do Castelo", "Um homem do Ribatejo", "Ribatejo" e "O Diabo era Outro", com Beatriz Costa, Vasco Santana, Milú e António Calvário. Colaborou em várias estações emissoras e nos então muito populares programas "Rádio-Publicitários" - Passatempo APA e Comboio das Seis e Meia. Gravou dezenas de discos  com os seus sucessos: Lisboa Antiga, Marinheiro Americano, Velha Tendinha, Mãos Sujas e Chunga Chunga, entre outros. Neste programa destacam-se as participações do seu filho, Mário Silva, marido, Manuel Guerreiro,  e o amigo Mário  Gil a quem apoiou a apresentação do primeiro disco "Pelos Caminhos de Portugal". Fernando Pessa referencia também a faceta fadista da artista com testemunhos de Amália e do guitarrista António Pacheco, que ela popularizou com a frase "Anda Pacheco". Todas as facetas da vida artística  e pessoal de Hermínia estão ilustradas com diversas fotos e excertos de actuações, registadas pelo cinema, televisão e disco.

 

Laura, a inquietação de estar viva (12h00)

 

A presença notável, a voz audaz e articulada, os traços de recorte distinto, a agilidade precisa dos gestos, a inteligência interpretativa e um talento inequívoco – são características de uma actriz maior: Laura Soveral. Reconstituímos a vida de Laura como actriz, não esquecendo as dimensões humanas paralelas à sua carreira. Desta interacção entre a carreira profissional e aspectos mais íntimos da vida e da personalidade de Laura Soveral, numa lógica de causalidade permanente organizada em três actos, nasceu este documentário. Uma viagem através de uma vida cheia. Laura Soveral, uma actriz emblemática da cinematografia nacional e uma grande senhora da representação. RTP e FILMES DO TEJO apresentam um  filme de Graça Castanheira

 

A Preto e a Branco e a Cores (12h50)

 

Documentário sobre o quotidiano em Portugal no dia 24 de Abril de 1974 e no dia 24 de Abril de 2004. Embora o mundo fosse a cores, a verdade é que,  em Portugal, em 24 de Abril de 1974, se vivia como se o mundo fosse a preto e branco. Este documentário lembra e conta, com bom humor, como era a vida quotidiana em 24 de Abril de 1974, comparando-a com  24 de Abril de 2004. As diferenças são imensas! Umas são constrangedoras, outras divertidas, há-as ridiculas, e... também há semelhanças! O antes e o depois do 25 Abril de 1974!

 

Os Presidentes (13h45; 14h45;15h50;16h50;17h50)

 

Em 1910, Portugal deixou de ser uma Monarquia e passou a ser uma República. Desde então, o mais alto cargo da Nação Portuguesa passou a ter como representante, não o herdeiro, mas o eleito do povo. São esses 18 eleitos que vamos conhecer ao longo desta série organizada em cinco episódios. A série resulta de uma parceria entre a RTP2 e o Museu da Presidência da República. Os primeiros quatro episódios são da autoria de Alexandrina Pereira e Rui Pinto de Almeida. O quinto e último de Mário Rui Cardoso. A consultoria histórica é de António Costa Pinto. Das suas vidas políticas muito se sabe, mas na verdade quem foram estes homens que ao longo dos tempos personificaram os valores da República? Explorar o seu lado mais humano, porque ele não deve ser dissociável do modo como desempenharam o cargo e das decisões que tomaram, é o que retrata esta série documental. Comum a todos eles: não ter nascido para ser Presidente. São todos cidadãos comuns... até um dia.

 

Maria de Lurdes Pintasilgo (18h55)

 

"Maria de Lourdes Pintasilgo", de Graça Castanheira. Um documentário sobre a vida, as convicções e a carreira da primeira e única mulher que ocupou o cargo de Primeiro-Ministro de Portugal. Maria de Lourdes Pintasilgo acreditava que as mulheres podem constituir uma força de radical transformação da irracionalidade institucionalizada em que vivemos. A multifuncionalidade da sua existência, a diversidade dos planos em que se move, o seu quotidiano dá-lhes uma especial capacidade para, no seio da complexidade, encontrarem um novo entendimento e uma nova eficácia para a governabilidade. Ao contrário de muitas outras mulheres que terão a mesma convicção, Maria de Lourdes Pintasilgo converteu a sua vida em praxis da sua própria crença.

 

António Ferreira Gomes - De joelhos diante de Deus, de pé diante dos homens (19h50)

 

A carta, o exílio e a dissidência fazem de D. António Ferreira Gomes uma das maiores figuras da Igreja do século XX. “Personalidade granítica”, “homem capaz de liberdade e construtor de homens livres”, “um pastor da Igreja”, “uma figura austera”, “alguém que resistiu”…assim testemunham Carlos Azevedo, Manuel da Silva Martins, Fernando Ferreira Gomes, José Barreto, Irene Pimentel, José Ferreira Gomes, Mário Soares e António Costa Pinto, num documentário biográfico sobre o bispo controverso, D. António Ferreira Gomes. Nasce no início do século XX na freguesia de Milhundos, Penafiel. António era o quarto de nove filhos de um casal de agricultores abastados. Com uma forte tradição religiosa no seio familiar, não foi de estranhar que com apenas 10 anos fosse enviado para o Seminário. Faz o curso de Teologia no Seminário da Sé e com 19 anos rasgou horizontes e foi continuar os estudos no Colégio Pontifício Português em Roma. Firmado no seu imperturbável pensamento, após o regresso, dedica-se ao ensino e foi um exigente professor de filosofia no Seminário de Vilar. Sobressai entre o corpo de docentes pelo seu lado humanizante, apreciado com entusiasmo pelos alunos. Quando nada o fazia prever, é nomeado Bispo de Portalegre e Castelo Branco, sendo na altura um dos Bispos mais novos em Portugal, e aí a sua vida mudou irremediavelmente, como o próprio diz “o problema foi tornarem-me Bispo”. A sua sensibilidade vem desde logo ao de cima com a situação do proletariado alentejano. Pouco tempo depois é nomeado Bispo do Porto. As eleições fraudulentas de 1958 ditaram a história do país e a sua. Escreve o famoso pró-memória (conhecido como Carta a Salazar), documento que antecipa os pontos de discussão de uma entrevista agendada com o ditador. Linhas intermináveis de uma crítica cerrada à miséria social do povo português, ao corporativismo do Estado e à exigência da livre expressão do pensamento e acção política. Terminaram, assim, os tempos de quietude. Controlado e perseguido pela PIDE, acusado de louco, de comunista, de ser “o bispo das oposições” tornou-se, segundo Irene Pimentel, “a figura incómoda para o regime”. Pagou alto o preço dos seus ideais, com dez longos anos de exílio, vividos em condições miseráveis, entre Espanha, Alemanha, Itália e França. Abandonado pelo episcopado português e sempre pressionado a renunciar ao seu cargo de Bispo do Porto, inclusive pelo Papa, conseguiu manter-se fiel até ao fim e nunca renunciou. Com Marcello Caetano no poder, vislumbrou o fim do exílio. Regressou à diocese, como se nunca tivesse saído. Depois do 25 de Abril, foi a figura da Igreja mais identificada com a democracia, por ter sido protagonista de um momento na história que marca uma maior autonomia entre a Igreja Católica e o regime autoritário. Aceitou livremente a morte com a mesma lucidez com que viveu, “De joelhos diante de Deus, de pé diante dos homens”. Até ao fim com a dignidade de estar de pé, de não se vergar perante o poder. D. António Ferreira Gomes (1906 – 1989), o Bispo ao serviço da liberdade.

 

Em nome da Terra, Gonçalo Ribeiro Telles (20h55)

 

EM NOME DA TERRA tem autoria e realização da jornalista Rita Saldanha e produção de Miguel Ferraz e dá a conhecer melhor aos portugueses o homem, a pessoa, o político, o percurso e as ideias de Gonçalo Ribeiro Telles, o Pai da Ecologia, que, aos 91 anos, tem a certeza de que o homem do futuro está a nascer por todo o lado e é aquele que, com memória do passado, vai conseguir construir o futuro, ou seja, juntar a cidade e o campo. Nos últimos 50 anos, Gonçalo Ribeiro Telles não se tem cansado de alertar Portugal para a necessidade de adoptar um modelo de desenvolvimento sustentável. Para este "missionário político" - como lhe chama Nuno Portas - o futuro sustentável assenta numa verdadeira política de Ordenamento do Território, onde é urgente conservar a Paisagem, preservando a Biodiversidade e mantendo os ciclos de vida dos sistemas naturais fundamentais à vida dos portugueses. É EM NOME DA TERRA e da sustentabilidade de Portugal, com espírito de serviço, que este humanista considera que o país vive uma crise de valores por ter governantes desconhecedores do que é a Paisagem. Desde sempre incómodo para o sistema, já foi considerado um monárquico lunático. No entanto, sempre que teve os destinos ambientais do país nas suas mãos, saiu em defesa da paisagem, da criação de corredores verdes nas cidades, protegeu o coberto vegetal e as Reservas Agrícola e Ecológica Nacionais. A humanidade está numa encruzilhada, mas, segundo o arquitecto paisagista, Portugal ainda é capaz de recuperar. Para isso, o país tem de voltar a ter referências, tem de conhecer a nossa paisagem, as nossas raízes e as nossas emoções. Para Gonçalo Ribeiro Telles, todos estamos numa marcha. Porém, enquanto caminhamos temos de reflectir e ser inquietos na marcha.

 

Joana Vasconcelos - Coração Independente (22h00)

 

Joana Vasconcelos é uma das mais reconhecidas e mediáticas artistas portuguesa da sua geração. Com um percurso nacional e internacional impressionante para a sua idade, as suas obras são frequentemente apontadas pela sua dimensão kitsch e espalhafatosa. Mas são também um reflexo mordaz de uma parte deste mundo. Amadas por uns e odiadas por outros, são tão reconhecidas como a artista. Ao longo de quase um ano, fomos filmando a vida de uma das suas peças mais icónicas, "Dorothy", um sapato gigante construído a partir de centenas de tampas de panelas. O filme olha de perto para o processo de trabalho da artista e da sua equipa, que vemos em acção no seu atelier, mas é principalmente um retrato de Joana Vasconcelos, da sua força, vontade e dedicação ao trabalho.

 

Fausto - No final da trilogia (22h55)

 

A produção do álbum "Em busca das montanhas azuis", de Fausto Bordalo Dias, iniciado em 2010, foi filmada por Miguel Bordalo e Miguel Ribeiro Fernandes, que captaram momentos diversos das diferentes fases, desde a produção das maquetas, onde se podem ouvir músicas na sua versão embrionária, até ao estúdio de gravação, onde se ouvem as músicas finalizadas, passando pelos ensaios e um concerto no Centro Cultural de Belém. O documentário conta com entrevistas a Fausto Bordalo Dias, Nuno Pacheco, Viriato Teles, músicos e técnicos envolvidos na produção do álbum. Fala-se da trilogia à qual este álbum pertence, a relação de Fausto com os músicos e com a música tradicional portuguesa, assim como do método de trabalho do autor. Mostram-se os detalhes, momentos e resultados do trabalho de Fausto Bordalo Dias no seu último disco de originais que encerra a trilogia "Lusitânia Diáspora", iniciada em 1982 com o álbum "Por este rio acima" e continuada em 1994 com "Crónicas da terra ardente".

 

Longe de Abril (1h05)

 

Em 1975, um fotógrafo italiano testemunhou, com a sua objectiva, a luta dos trabalhadores rurais de uma pequena aldeia perdida entre a lezíria ribatejana e a planície alentejana. A aldeia do Couço, hoje vila, dava por esses dias mais um passo na luta pelos direitos dos trabalhadores de não passarem fome e de saírem da miséria em que sempre viveram. Tomaram as terras dos grandes proprietários e tornaram-nas produtivas. Alguns latifundiários concordavam com a medida, mas a maioria classifica ainda hoje de ocupação selvagem o movimento que ficaria para sempre conhecido como Reforma Agrária. Fausto Giaccone, o fotógrafo de Milão que testemunhou esses tempos de grandes expectativas, de conturbadas rebeliões de um Portugal novo e de uma democracia frágil, regressa ao Couço 35 anos depois para reencontrar os protagonistas ainda vivos.

 

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