NOVOS TALENTOS - Luísa Fidalgo
Os pais nunca ligaram muito mas aquela história de ela falar ao telefone em inglês com amigos imaginários, na infância, era mesmo um sinal...
O tempo passou e, aos 27 anos, Luísa Fidalgo continua a fazer mais ou menos o mesmo. Em Agosto, estava num café, em Madrid, à espera de uma amiga (de carne e osso), que se atrasou, e pôs-se a pensar no que gostava que acontecesse ali. Pegou no bloco que a acompanhava para todo o lado e escreveu o que imaginou: um sueco bonito, com estilo, que se sentava à sua frente e metia conversa... A história (não a vamos contar aqui, mas pode ver-se na net) seria o primeiro episódio da série The Coffee Shop Series, escrita e protagonizada por Luísa. São pequenos sketches de três minutos, com situações caricatas e engraçadas, passadas em cafés do Porto e de Guimarães, faladas em várias línguas. No ecrã, Luísa é Carol, uma jovem portuguesa que acaba de chegar de Nova Iorque. Como a própria Luísa, aliás, que voltou em Julho dos EUA, onde estudou representação, na conceituada The William Esper Studio.
Num ápice, Luísa pôs a série de pé. Juntou-se a um jovem realizador seu amigo (Vieira Vasco), uma editora de imagem (Maria Ferreira da Silva), chamou outros jovens actores para com ela contracenarem e pediu aos Salto a banda sonora emprestada; conseguiu, também, o apoio de Guimarães 2012 - Capital Europeia da Cultura e pôs os episódios a passar no programa "Curto Circuito", da SIC Radical. Sem o notar, encontrava aqui o que a fascinava em Nova Iorque: «Lá, as coisas acontecem facilmente, porque está tudo à procura do mesmo, de concretizar projectos. Há muitos artistas e há criatividade no ar», diz, olhos a brilhar. Notou que, afinal, «aqui há talento, ideias e espaço para crescer». Já está a trabalhar para criar uma produtora e, entretanto, foi escolhida em vários castings em que participou.
Luísa tirou o curso de Ciências da Comunicação, no Porto, mas quando, aproveitando o programa Erasmus, em Roma, fez o primeiro curso de representação, confirmou que era a vestir personagens e a escrever que se sentia realizada. A primeira peça da sua autoria - O Clube dos Pirilampos - levou-a à Bielorrússia, a um Festival de Teatro, com o S.O.T.A.O., companhia de Teatro do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, que integrou durante anos, até deixar o emprego como criativa, numa «empresa de realização de eventos» e aterrar em Brooklyn.
(retirado do artigo "Novíssimos - Luísa Fidalgo" publicado na edição nº 1042 da revista VISÃO)