ISTO É PORTUGAL! - Esfregões de aço FAVIR
Origem: Rojão Grande (Santa Comba Dão)
Primeiro tiraram o plástico da manga, mas não foi na lã de aço que encontraram o segredo para um negócio cinquentenário de sucesso. O truque está no sabão. É limpinho.
Apesar dos 50 anos celebrados em 2011, a FAVIR não se deixa embaraçar pelo fabrico e comércio de lã e palha-de-aço com que tece os seus mundialmente famosos esfregões. A estrela da companhia é o tradicional esfregão Bravo.
No princípio era o plástico. Tudo começou em 1961, com o corte de manga plástica para produzir sacos do mesmo material. Porém, bastou o alvará de exploração da actividade ser aliado à Lusofane, para, em 1964, Ernesto Moura e os seus sócios deitarem o olho a outro alvará: o da Fábrica de Lã de Aço Viriato, da qual fizeram nascer a FAVIR, em Santa Comba Dão. Em meados da década de 70, seria a parceria com a gigante Colgate-Palmolive, a quem se fornecia a lã de aço para guarnecer os famosos esfregões Bravo, a justificar o investimento na ampliação e modernização das instalações e maquinaria. E se, incialmente, a multinacional apenas comprava a matéria-prima, em 1991 chegou a altura de aumentar novamente a área de produção para que os históricos esfregões passassem a ser fabricados pela FAVIR. Com maior capacidade de resposta às encomendas, não tardaram a surgir clientes de outros pontos do globo, em busca da arte de bem fazer esfregões que se entranha já em 15 mercados, para além do português.
Líder nacional na produção de esfregões, absorvendo 70% do mercado e 100% do segmento dos esfregões de lã de aço impregnados de sabão, leva ainda 60% da sua facturação além-fronteiras, num negócio que se sustenta no aço importado de outros países da União Europeia. Na linha de produção da FAVIR não se perde o fio à meada: os esfregões nascem de um complexo sistema de trefilagem do arame, dando origem à lã que, depois de cortada e enrolada, é impregnada e prensada com sabão produzido dentro da fábrica, juntando sebo, coco, corantes, aromas, antioxidantes e soda comprada em Portugal. Em seguida, a humidade é reduzida a 33% e os esfregões estão prontos a seguir para o embalamento, onde encontram embalagens e etiquetas com selo luso.
A lã e palha-de-aço são a base da gama de produtos de limpeza desta marca histórica, onde têm lugar esfregões de lã de aço impregnados com sabão, de aço galvanizado redondo e laminado, de aço inoxidável, de aço níquel e em fio de polipropileno. Na montra da FAVIR, há ainda espaço para as esponjas e fibras abrasivas, panos de microfibras, esponjas multiusos e até fibras metálicas para pavimentação. A máxima de que nada se perde, tudo se transforma, traduz-se em negócio para esta empresa portuguesa: a maioria dos resíduos de plástico, papel e aço ali produzidos são recicláveis e os pedaços de arame que sobram da produção de esfregões são exportados para Espanha como matéria-prima para a construção civil. No rol de clientes não faltam grandes superfícies como o Pingo Doce, LIDL, Mosqueteiros, Auchan, Recheio e Makro que limpam o mercado com produtos de marca branca portadores da chancela da FAVIR.
1 milhão de esfregões de lã de aço desengordurantes com sabão saem todos os dias da unidade fabril da FAVIR, para impregnar as prateleiras nacionais e de 11 vizinhos europeus (Espanha, Bélgica, França, Alemanha, Áustria, Grécia, Suíça, Roménia, Inglaterra, Polónia, Hungria), aos quais se juntam quatro mercados africanos onde se fala português (Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde). No seio da família Colgate-Palmolive, os primos do esfregão Bravo chamam-se Ajax, em Espanha, e Nanas, também em Espanha e na Grécia. Sotaque francês tem o Jex, entregue em França e na Bélgica à Reckitt Benckiser, ao passo que a Suíça fica com as gamas COOP, Elite e Miobril, produzidas para as cadeias M.E.S.H. e Migros. Na Alemanha, o protagonista é o esfregão AKO, vendido pela Delu Ako Minky, e, na Áustria, o Saubermax, pela Rezi. Já em Inglaterra, reinam as linhas Caterers Kitchen, Makro e CK para a Robinson & Young.
(retirado do artigo "Portugal faz bem - Os bravos do esfregão" publicado na edição nº 984 da revista VISÃO)