Portugueses de A a Z: Sá de Miranda
Nome: Francisco de Sá de Miranda
Profissão: Poeta
Naturalidade: Coimbra (1481-1558)
Poeta do Renascimento português, Sá de Miranda é tido, por muitos, como precursor de Camões. Natural de Coimbra, estudou gramática, retórica e humanidades na Escola de Santa Cruz. Frequentou depois a universidade, ao tempo estabelecida em Lisboa, onde fez o curso de Leis e alcançou o grau de doutor em Direito. De aluno aplicado a professor considerado, frequentou a corte até 1521 e desenvolveu amizade com o escritor Bernardim Ribeiro. Para o Paço, compôs cantigas, vilancetes e esparsas, ao gosto dos poetas do século XV.
Sá de Miranda introduziu a nova estética literária renascentista. Segundo ele, a poesia não era uma ocupação para ócios de intelectual ou salões, mas uma missão sagrada. Morou em Itália alguns anos, onde conviveu com personalidades do Renascimento. Com linguagem sóbria, densa e forte, impôs-se pela verticalidade e coerência.
A sua linguagem é elíptica, sóbria, densa, forte, trabalhada, hermética, por vezes difícil de entender e demasiado dura. Mesmo assim, Sá de Miranda foi, depois de Luís Vaz de Camões, o escritor mais lido do século XVI. A sua verticalidade e coerência impuseram-se.
Faleceu em Amares, em 1558, na Quinta da Tapada, para onde se retirara por não se ter adaptado à vida da corte.
Comigo me desavim
Comigo me desavim,
sou posto em todo perigo;
não posso viver comigo
nem posso fugir de mim.
Com dor da gente fugia,
antes que esta assi crecesse;
agora já fugiria
de mim, se de mim pudesse.
Que meo espero ou que fim
do vão trabalho que sigo,
pois que trago a mim comigo
tamanho imigo de mim?