123º Aniversário de Fernando Pessoa
Imagem do motor de busca "Google" para assinalar o aniversário de Fernando Pessoa
Portugal Genial: O "V Império" de Fernando Pessoa
«"Quanto mais unificantemente disperso, dispersamente atento...", "mais completo serei pelo espaço inteiro" (Álvaro de Campos).
E assim foi, o homem dos múltiplos "eus" que dispensa apresentações e que, afinal, não foi apenas um poeta.
Fernando Pessoa foi, como dizia de si próprio, o ponto de reunião de uma pequena humanidade só dele, um local de síntese da alma lusa.
Pessoa escrevia, desenhava, publicava, traduzia e quase não dormia. Trabalhava para sobreviver e, ao contrário do que muitos possam pensar, não era um homem abstracto, era pragmático e concreto, interessando-se por quase tudo, sempre com inúmeros projectos.
Desmultiplicou-se para caber dentro de si próprio. Criou, ao longo da sua curta vida, 3 heterónimos principais (Caeiro, Reis e Campos) e 75 outras personalidades literárias.
Pessoa foi tanta coisa - foi publicitário e criou para a Coca-Cola o famoso slogan "Primeiro estranha-se, depois entranha-se"; foi tradutor, porque queria que os Portugueses estivessem abertos a outras culturas, e foi um dos primeiros a preocupar-se com a internacionalização das empresas portuguesas, criando um dicionário para correspondentes comerciais (português-inglês-francês-alemão).
Mas Pessoa foi, acima de tudo, aquele que sempre viveu preocupado com Portugal, porque entendia que este país tinha uma missão a cumprir na civilização.
O "V Império", como chamou a este novo desafio, capaz de intervir na espiritualidade do Homem ao ponto de o transformar - e grandiosa obra da Humanidade, cujo mentor seria Portugal.
Segundo Pessoa, o espiritual sobrepor-se-à ao material e, por diversos e aprofundados estudos que fez, concluiu que Portugal era a Nação mais indicada para liderar este movimento irreversível da sociedade.
Concluiu também que o Português seria a língua universal do pensamento, do coração e da inteligência, enquanto o Inglês seria a língua material dos negócios, da ciência e da tecnologia.
A Portugal caberia, então, o verbo do futuro, que seria diferente e português, cumprindo a sua missão numa nova era pós-económica e pós-bélica.
Devaneios de um louco, dirão, mas o certo é que Pessoa não foi um poeta - foi um mensageiro, um universalista, um visionário, um génio.
Ao lado de Camões, e graças ao poder da palavra, levou Portugal a todo o planeta, permanecendo ainda hoje por descodificar a sua mensagem.
A Mensagem de Pessoa significa Mens Agit e consiste no poder que resulta das múltiplas sinergias existentes entre a mente (mens) e a acção (agit).
Pessoa deixou-nos a sua palavra, uma palavra que incita o papel que Portugal deverá assumir no mundo, bastando, para isso, que os portugueses acordem e libertem este sonho adormecido.
A nós, pessoas de Pessoa, cumpre-nos o desafio de um novo império, cumpre-nos a afirmação de um Portugal imaterial, essencial e multinacional."
(Novembro 2005)
Excerto do texto «O "V Império" de Fernando Pessoa», in "Portugal Genial", de Carlos Coelho
A Casa Fernando Pessoa dedica o dia de hoje à celebração do 123º aniversário do poeta português (nasceu a 13 de Junho de 1888 e faleceu a 30 de Novembro de 1935) com visitas guiadas, exposições, uma oficina para crianças, um lanche e um concerto.