TEATRO: A Colónia (Teatro Nacional São João, Porto - 23 a 26 Janeiro)
Direcção e Dramaturgia: Marco Martins
A partir de uma reportagem de: Joana Pereira Bastos
Documentos e testemunhos de todo o elenco e obras de: Beltrot Brecht (Alemanha), Czeslaw Milosz (Polónia), Deborah Levy (Reino Unido), Filippo Marinetti (Itália), Gonçalo M. Tavares, Jean-Luc Godard (França/Suíça)/Anne-Marie Miéville (Suíça), Slavoj Zizek (Eslovénia), William Shakespeare (Reino Unido)
Música: B Fachada, João Pimenta Gomes
Com: Coro Infantil e Juvenil Lisboa Cantat
Maestros: Jorge Carvalho Alves, Sílvio Cortez
Cantoras: Ada Roque, Alice Rocha, Luísa Melo, Luísa Sousa, Maria Leote, Rita Rocha, Sofia Reis, Sofia Santos, Vitória Francês
Com: Conceição Lopes, Conceição Matos, Domingos Abrantes, Humberto Candeias, Manuela Canais Rocha, Olga Sequeira Santos, Rita Veloso, Valentina Marcelino
João Pedro Vaz, Sara Carinhas, Ana Vilaça, Rodrigo Tomás
Anderson Ramos, Arthur Lupi, Beatriz Ribeiro, Diana Soares, Inês Paulino, Joaquim Queiroz, Laura Trueb, Leonardo Martins, Lurdes Ferraz, Milena Mavie, Niurka Sacramento, Pedro Conceição
Sinopse: De todas as vítimas da brutalidade do regime salazarista, os filhos dos opositores políticos estão talvez entre as mais esquecidas. A nova criação do cineasta e encenador Marco Martins, A Colónia, parte de uma investigação da jornalista Joana Pereira Bastos sobre um inédito campo de férias para filhos de presos políticos, realizado nas Caldas da Rainha, entre Julho e Agosto de 1972. Nesses dias, dezoito crianças com um passado de clandestinidade, sofrimento e solidão aprenderam pela primeira vez a brincar em conjunto e a ser livres. Marco Martins reúne um elenco que inclui alguns participantes da colónia, para trabalhar a partir de histórias e experiências pessoais, lançando uma reflexão mais ampla sobre história, memória e opressão, onde o legado da música de intervenção é também essencial. "À noite, ficava a imaginar o meu pai a sair da cela no forte de Peniche e a vir até nós pelo areal, juntamente com os outros presos. Imaginava-os a sentarem-se ao nosso lado e a cantarem connosco."
Para celebrar os cinquenta anos da Revolução do 25 de Abril, Marco Martins constrói um espectáculo sobre os acontecimentos vividos entre Julho e Agosto de 1972 numa inédita colónia de férias para filhos de presos políticos num casarão das Caldas da Rainha. Aqui, durante duas semanas, 18 crianças entre os 3 e os 14 anos, brutalmente marcadas pela prisão dos pais e com um passado de clandestinidade, sofrimento e solidão, aprenderam pela primeira vez a brincar e a ser livres.
Marco Martins reúne mais uma vez um elenco que incorpora actores não-profissionais para conceber uma peça que parte das histórias e vivências pessoais dos filhos de presos políticos para chegar a um objecto artístico que as problematiza para além do aspecto biográfico e documental, e em que a música terá um papel determinante.
Na esteira do trabalho de criação teatral que desenvolve há mais de uma década com comunidades específicas, frágeis e periféricas, trata-se aqui de utilizar o espaço cénico monumental para o confrontar com a escala humana, bem como explorar as possibilidades que oferece em termos simbólicos, cenográficos e imagéticos.