LETRAS LUSAS: "Eça de Queirós no Egipto e a Abertura do Canal de Suez", de Teresa Pinto Coelho
Editora: Tinta-da-China
Sinopse: Uma viagem formativa orientalista e orientalizante para o curioso, irreverente e ousado jovem Eça, abrindo-lhe novos horizontes estéticos, culturais e políticos.
Em 5 de Novembro de 1869, um jovem Eça de 23 anos chega a Alexandria após o convite irresistível para assistir às cerimónias de abertura do Canal de Suez. Este livro reconstrói e estuda a viagem queirosiana ao Egipto — que ficaria registada pelo autor em apontamentos e artigos de jornal —, apresentando‑nos o seu Orientalismo complexo, enquadrado numa moda orientalista que Eça conhece, utiliza e, sobretudo, reinterpreta.
É com a viagem ao Egipto, e depois na Palestina e no Líbano, que Eça de Queirós começa a ultrapassar os constrangimentos dos jovens da sua época para se transformar num europeu moderno, num jornalista político e num autor transnacional. Põe ousadamente em causa alguns dos seus valores, «despe o fato» de fazenda inglesa e entrega‑se ao caótico, ao não policiado, ao sensualismo, à multidão ondulante das ruas do Cairo e às cores quentes do deserto.
O périplo pelo Oriente mediterrânico é, para Eça, uma Bildungsreise, uma viagem de formação e de mundividência, que lhe vai abrir as portas para o novo universo cultural, estético, intelectual e político que perseguirá ao longo da vida.
Teresa Pinto Coelho é Professora Catedrática aposentada (desde 2023) da Universidade Nova de Lisboa onde, a partir de 1984, leccionou, sobretudo, Estudos Anglo‑Portugueses, Literatura Vitoriana e Estudos Pós‑Coloniais. Em 1994, doutorou‑se na Universidade de Oxford, na qual também leccionou e onde foi Directora do Instituto Camões Centre for Portuguese Language e Supernumerary Fellow do St. John's College, entre 2004 e 2007. Foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian e do British Council e colaborou com a Universidade Católica. É autora de vários artigos e livros publicados em Portugal e no estrangeiro sobre relações históricas e culturais luso‑britânicas, sobretudo no que diz respeito a Eça de Queirós, Jaime Batalha Reis, Oliveira Martins e outros autores da Geração de 70. Entre os livros publicados contam‑se: Apocalipse e Regeneração. O Ultimatum e a Mitologia da Pátria na Literatura Finissecular (1996); A Agulha de Cleópatra. Jaime Batalha Reis e as Relações Diplomáticas e Culturais Luso‑Britânicas (2000); Ilhas, Batalhas e Aventura: Imagens de África no Romance de Império Britânico no Último Quartel do Século XIX e Início do Século XX (2004); Os Descobrimentos Portugueses no Mundo de Língua Inglesa, 1880‑1972 (2005); Londres em Paris. Eça de Queirós e a Imprensa Inglesa (2010) e Eça de Queirós and the Victorian Press (2014). É investigadora integrada do Instituto de História Contemporânea e do Laboratório Associado para a Investigação e Inovação em Património, Artes, Sustentabilidade e Território (IHC / IN2PAST). Em 2022, foi agraciada com o título Honorary Research Fellow pela Universidade de Oxford.