Editora: Quetzal
Sinopse: Regressos, que é um livro de viagem, de saudades e de fragmentos, teve duas edições logo em 1935 - um sucesso extraordinário para a época e para Manuel Teixeira-Gomes, romancista e novelista, sétimo presidente da I República Portuguesa, cargo que exerceu entre 6 de Outubro de 1923 e 11 de Dezembro de 1925. Seis dias depois de renunciar ao cargo, num momento político conturbado, Manuel Teixeira-Gomes embarcou no cargueiro holandês Zeus, com rumo a Oran, na Argélia, e nunca mais regressaria a Portugal, passando seis anos a viajar pela França, Itália, Holanda, Marrocos, Argélia e Tunísia.
No final de 1931 encontrou o seu lugar definitivo em Bougie, Argélia (no Hotel l'Etoile), onde morreu a 18 de Outubro de 1941, exactos dezasseis anos depois de ter abandonado o cargo de Presidente, bem como o país e a própria esposa, que também nunca mais viu. Entre as suas obras há títulos que marcam definitivamente a nossa literatura, como Agosto Azul, Sabina Freire, Novelas Eróticas ou Maria Adelaide.
Há textos de grande coloquialidade que são autênticas reportagens sobre as cidades e os seus tipos humanos (como no caso de Lisboa); há outros que foram escritos por um Teixeira-Gomes erudito e sensível à beleza. Em todos eles está presente o grande escritor em busca de um país a que nunca mais voltou.
Manuel Teixeira Gomes nasceu em 1860 em Portimão e faleceu em 1941, em Bougie, na Argélia. Estadista e escritor, começou a sua carreira política como diplomata, vindo a ser Presidente da República em 1923-1925, quando o regime parlamentar atravessava alguns dos seus mais críticos momentos. Como diplomata (antes e depois do consulado sidonista, que o expulsou do corpo diplomático), coube-lhe enfrentar, o que fez com êxito, situações de grande melindre e complexidade, designadamente combater a hostilidade, ou pelo menos a desconfiança, das monarquias europeias (Inglaterra, Espanha) perante o regime republicano instaurado em Portugal e evitar o desmembramento, na Conferência de Paz, do Império Português após a Primeira Guerra Mundial. A sua acção como Presidente da República não teve, porém, o mesmo sucesso, pois teve de enfrentar crises políticas (entre elas a de 18 de Abril de 1925) e animosidades pessoais que impossibilitaram a concretização dos consensos que sempre procurou, para além das forças que, através da acção política legal e da conspiração, procuravam derrubar o regime republicano parlamentar. Na sua actividade literária - da qual se destacam obras como Gente Singular (1909), Novelas Eróticas (1935) e Maria Adelaide (1938) - encontram-se simultaneamente traços esteticistas e naturalistas, bem como uma particular influência da tradição helenística. Todavia, a mais notável constante da sua escrita residirá provavelmente no impulso de transfiguração da experiência pessoal em produtos esteticamente acabados.