Mísia (1955 - 2024)
Faleceu ontem, aos 69 anos, a fadista Mísia.
Susana Maria Alfonso de Aguiar nasceu a 18 de Junho de 1955, no Porto, filha de pai português e de mãe espanhola, da região da Catalunha. Foi em Espanha, onde viveu durante alguns anos, que deu início à sua carreira musical e adoptou o nome artístico "Mísia", inspirado num personagem do escritor espanhol Federico García Lorca.
Mísia foi uma das figuras mais importantes da renovação do fado, tendo incorporado instrumentos incomuns neste estilo musical, como o piano e o violino. Nos seus álbuns, juntou o reportório tradicional do fado a novos fados escritos por poetas contemporâneos e deu ainda voz a letras de grandes escritores portugueses como Lídia Jorge, José Saramago, José Luís Peixoto, António Lobo Antunes ou Agustina Bessa-Luís.
O seu disco de estreia, "Mísia", foi lançado em 1991. Ao longo de uma carreira com mais de 30 anos, em que subiu aos maiores palcos nacionais e internacionais, lançou 13 discos, tendo o último, "Animal Sentimental", sido editado em 2022. Este último disco foi lançado em conjunto com um livro, uma espécie de autobiografia, onde a cantora relatou vários episódios da sua vida, entre eles, a luta contra a doença oncológica e um casamento onde foi vítima de violência.
Além de dar uma nova roupagem ao fado, Mísia cantou ainda em francês, napolitano, catalão e espanhol, misturando diferentes sonoridades e culturas.
Com o desaparecimento de Mísia, Portugal perde uma das vozes mais inovadoras do fado e uma das suas maiores personalidades da cultura.