LETRAS LUSAS: "Vida e Morte nas Cidades Geminadas", de Sérgio Godinho
Editora: Quetzal
Sinopse: As histórias de amor podem terminar para logo recomeçarem com novas personagens. O que nos mostra como a vida pode ser cómica e desastrada - e não ter fim.
Tudo começa com um diálogo insólito, e já um pouco alcoolizado, do qual resulta a geminação de duas cidades. Uma em França; outra em Portugal - Compiègne e Guimarães. Com ela, aparecem também personagens que completam a ligação entre esses dois mundos que, antigamente, conheciam os trânsitos da emigração e da pobreza: todas elas vivem em redor de Amália (portuguesa, que canta fados em ré e tem o apelido Rodrigues) e de Cédric (francês, que trabalha na morgue local).
Entre Amália e Cédric nasce um amor cheio de coincidências e dificuldades: nasceram no mesmo dia e no mesmo ano. Apesar de ela ter nascido em Guimarães (cidade de indústria e comércio no coração do Minho) e ele em Compiègne, partilham as mesmas perplexidades, a mesma busca por uma identidade e a mesma sede de amor, entrando em conflito com o passado e com o presente. O confronto é por vezes burlesco, por vezes enternecedor, mas também trágico, sombrio e multicolorido. São o humor e a graça que determinam como é a vida - e se pode escapar à lei da morte.
Sérgio Godinho nasceu no Porto e aí viveu até aos vinte anos, altura em que saiu de Portugal. Estudou Psicologia em Genebra, na Suíça, durante dois anos, antes de tomar a decisão «para a vida» de se dedicar às artes. Foi actor de teatro e começou a exercitar a escrita de canções nos finais dos anos 1960. É de 1971 o seu primeiro álbum, Os Sobreviventes, seguido de mais trinta até aos dias de hoje. Sérgio Godinho é um dos músicos portugueses mais influentes dos últimos quarenta e cinco anos. Sobre si próprio disse: «Não vivo se não criar, não crio se não viver. Essa balança incerta sempre foi a pedra de toque da minha vida.» O seu percurso espelha, precisamente, essa poderosa interacção entre a vida e a arte. Voz polifónica, Sérgio Godinho levou frequentemente a sua escrita a outras paragens. Guiões de cinema (Kilas, o Mau da Fita), peças de teatro (Eu, Tu, Ele, Nós, Vós, Eles!), séries de televisão, histórias infanto-juvenis (O Pequeno Livro dos Medos), poesia (O Sangue por Um Fio), crónicas (Caríssimas Quarenta Canções), entre vários exemplos. Estreou-se na ficção com Vidadupla, um conjunto de contos publicado em 2014, a que se seguiram os romances Coração Mais Que Perfeito e Estocolmo.