LETRAS LUSAS: "Mapa Cor de Sangue - As lutas, as revoltas e as tragédias em Portugal no tempo das Invasões Francesas", de Rui Cardoso
Editora: Oficina do Livro
Sinopse: Portugal, 1808. Uma revolução social acompanha os levantamentos patrióticos. O povo insurge-se contra a velha ordem dos fidalgos e eclesiásticos e, ao mesmo tempo, contra o jugo do invasor francês. Em Melgaço e Beja, populares lincham os magistrados. Em Foz Côa, casas de famílias abastadas são saqueadas. Por outro lado, quem ousa rebelar-se contra os franceses é punido. Os habitantes de Vila Viçosa, Rio Maior, Alpedrinha e Régua são brutalmente castigados pelos soldados de Napoleão, mas nada se compara aos massacres em Leiria e Beja.
Os ingleses desembarcam e os franceses negoceiam a saída. Mas regressam menos de um ano depois. A guerrilha é espontânea, heróica e impiedosa. O general Bernardim Freire de Andrade é linchado pelo povo. E a entrada das tropas napoleónicas no Porto fica marcada por lutas casa a casa e pelo desastre da Ponte das Barcas, no qual milhares de pessoas perdem a vida. Fuzila-se e incendeia-se como método de contra-insurreição. Em São João da Madeira, a retaliação pela morte de um oficial francês leva à execução de um em cada cinco homens e rapazes da Arrifana.
A resistência em Amarante exaspera os franceses, que incendeiam a cidade. Em Agosto de 1810, o rio Côa tinge-se de sangue no prelúdio do cerco de Almeida, onde morrem meio milhar de defensores. Serão depois as vertentes do Buçaco a ficar juncadas de corpos de combatentes. Portugal entrava no século XIX de forma violenta e traumática. Às invasões seguir-se-á a luta entre liberais e absolutistas e, mesmo depois da vitória dos primeiros, haverá quase 20 anos de instabilidade, golpes militares e revoluções.
O retrato sangrento de uma época em Portugal que põe em causa o mito dos brandos costumes.
Rui Cardoso nasceu em Lisboa, em 1953. Foi jornalista do Diário Popular e do Expresso, bem como director da revista Courrier Internacional. É presença habitual na SIC Notícias analisando a actualidade internacional, designadamente a guerra na Ucrânia. De muitos anos a percorrer os caminhos de Portugal resultou um conhecimento alargado das paisagens, dos monumentos e da história das diferentes regiões. Conhecimento este que se alarga à vertente gastronómica, muito em especial a correspondente aos restaurantes populares, de beira de estrada ou praticando a cozinha tradicional, as tão faladas tascas, tema central do livro As 100 Melhores Tascas de Portugal.