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Editora: Assírio & Alvim
Sinopse: No ano do centenário do autor, a Assírio & Alvim publica Poesia de Mário Cesariny: antologia, uma revisitação de toda a obra do grande poeta surrealista pensada por Fernando Cabral Martins. Esta é a oportunidade de conhecer, texto a texto, alguns dos mais belos poemas da língua portuguesa.
POEMA
Tu estás em mim como eu estive no berço
como a árvore sob a sua crosta
como o navio no fundo do mar
Mário Cesariny nasceu a 9 de Agosto de 1923, em Lisboa. Foi poeta, autor dramático, crítico, ensaísta, tradutor e artista plástico. Depois de ter estudado no Liceu Gil Vicente, entrou para Arquitectura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, onde frequentou o primeiro ano, e mudou depois para a Escola de Artes Decorativas António Arroio. Depois de ter frequentado esta escola, prosseguiu estudos de Belas-Artes em Paris, tendo, ainda, estudado música com o compositor Fernando Lopes-Graça.
Figura maior do surrealismo português, a influência que viria a exercer sobre as gerações poéticas reveladas nas décadas posteriores aos anos 50, período durante o qual publicou alguns dos seus títulos mais significativos, ainda não foi suficientemente avaliada. Promoveu a técnica conhecida por "cadáver esquisito", que consistia na elaboração de uma obra por um grupo de pessoas, num processo em cadeia criativa, na qual cada uma dava seguimento à criatividade da anterior, resultando numa espécie de colagem de palavras, a partir apenas de um acordo inicial quanto à estrutura frásica. Colaborou em várias publicações periódicas como Jornal de Letras e Artes e Cadernos do Meio-Dia, entre outras. Começou por se interessar pelo movimento neo-realista - ainda que essa breve incursão não tenha ultrapassado mais que uma postura irónica e paródica, firmada em Nicolau Cansado Escritor - para, em 1947, regressado de Paris, onde frequentou a Academia de La Grande Chaumière e onde conheceu André Breton, fundar o movimento surrealista português.
A sua postura polémica na defesa de um surrealismo autêntico levou-o, porém, a deixar o grupo no ano seguinte, para criar, com Pedro Oom e António Maria Lisboa, o grupo surrealista dissidente. Como um dos principais críticos e teóricos do movimento surrealista, manteve, ao longo da sua carreira, inúmeras polémicas literárias, quer contra os detractores do surrealismo quer contra os que, na prática literária, o desvirtuavam.
A sua obra poética começou por reflectir, em Corpo Visível ou Discurso Sobre a Reabilitação do Real Quotidiano, o gosto pela observação irónica da realidade urbana que, fazendo-se eco de Cesário Verde, constitui ainda uma fase pouco significativa relativamente a volumes próximos da prática surrealista como Manual de Prestidigitação. Aí, a mordacidade e o absurdo, o recurso ao insólito, aliados a uma discursividade que raramente envereda por um nonsense radical, como ocorre na obra de António Maria Lisboa, permitem estabelecer, como nenhum outro autor da década de 50, um ponto de equilíbrio entre o primeiro modernismo e a revolução surrealista.
No domínio do teatro, em Um Auto Para Jerusalém, pastiche de um conto de Luiz Pacheco, revela a influência de Pirandello ou da prática teatral de Alfred Jarry. No fim da década de 60 e início de 70, Mário Cesariny encetou um trabalho de reposição da verdade histórica do movimento surrealista, coligindo os seus manifestos, editando a obra poética inédita de alguns dos seus representantes e dando ao prelo textos seus datados do período de maior envolvimento com a teoria e prática do surrealismo, como 19 Projectos de Prémio Aldonso Ortigão seguidos de Poemas de Londres (1971), Primavera Autónoma das Estradas (1980) ou Titânia (1977).
Concerto Jazz Combo com Duarte Ventura Quinteto e L.U.M.E.
Sob a liderança do vibrafonista Duarte Ventura, o combo Duarte Ventura Quinteto, grupo laureado do Prémios Jovens Músicos 2023 na categoria Jazz Combo, reúne músicos que partilham interesses e perspectivas musicais comuns e que se juntaram para dar o seu contributo para a música de conjunto. O grupo apresentou-se pela primeira vez em quarteto no Verão de 2022, com Miguel Valente no saxofone alto, José Almeida no contrabaixo e Luís Possollo na bateria. Um ano mais tarde, com o objectivo de expandir o seu suporte harmónico, o grupo passou a integrar também o pianista Miguel Meirinhos, convertendo-se numa formação de quinteto. O repertório apresentado, da autoria de Duarte Ventura, procura reflectir a música por este ouvida e vivida até ao presente. Com o contributo dos restantes membros do grupo, os temas de Ventura irão tornar-se em algo mais abstracto, consistindo numa constante exploração dos limites da música.
O L.U.M.E. - Lisbon Underground Music Ensemble é um grupo de 15 músicos, com direcção do compositor Marco Barroso, que tem o objectivo de criar um espaço de expressão de música original, num contexto estético particular. Constituído por alguns dos músicos mais experientes da cena jazz e erudita nacional, o L.U.M.E. apresenta um repertório próprio criado pelo seu fundador. Seja por uma dramatização (muitas vezes irónica) das práticas e vocabulários que passam pelo jazz, rock ou música erudita, seja pela incursão no experimentalismo, a música do L.U.M.E. reconstrói, de forma original e pertinente, a carga patrimonial de diversos idiomas, fugindo assim aos seus padrões mais convencionais e abrindo novas e refrescantes perspectivas estéticas.
Surgido em 2006, e com vários registos discográficos, o L.U.M.E. tem-se apresentado tanto nacional como internacionalmente em importantes salas e festivais como: Jazz em Agosto, Guimarães jazz, Casa da Música, CCB, Festa do Jazz, London Jazz Festival, Moers Festival (Alemanha), Saalfelden Jazz Festival (Áustria), Jazz Festival Ljubljana, Sarajevo Jazz Fest, Vilnius Jazz festival, Skopje Jazz festival, Jazz sous les pommiers, Novara Jazz, Nijmegen music meeting, Ha'fest Gent, Imaxinasons, entre outros.
Concerto gravado no dia 29 de Setembro de 2023, no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
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