CINE ESTREIA: "Nheengatu - A Língua da Amazónia", de José Barahona
País: Brasil/Portugal
Realização e Argumento: José Barahona
Produção: Refinaria Filmes (Brasil), David & Golias (Portugal)
Sinopse: Ao longo de uma viagem no Alto Rio Negro, na Amazónia profunda, o realizador português José Barahona procura uma língua imposta aos índios pelos antigos colonizadores. Através desta língua misturada, o Nheengatu, e dividindo a filmagem com a população local, o filme constrói-se no encontro de dois mundos. A língua Nheengatu, ou antiga Língua Geral Amazónica, é uma mistura do tupi, do português e de várias outras línguas indígenas. Uma das línguas mais faladas na região Norte do Brasil, até meados do séc. XIX, foi utilizada pelos portugueses, jesuítas e brasileiros como forma de aproximação e catequização dos índios, até Portugal perceber que, para reconhecer o Brasil como seu e definir as suas fronteiras, teria de fazê-lo também através da Língua Portuguesa, banindo assim o Nheengatu.
No entanto, o Nheengatu sobreviveu no norte da Amazónia, na região do Alto e do Médio Rio Negro. Ao longo do tempo continuou a ser usada na catequese e, ao mesmo tempo, tornou-se a língua materna de muitas populações indígenas que perderam a língua materna com a colonização. Actualmente, é falada por parte da população das regiões de São Gabriel da Cachoeira e Santa Isabel do Rio Negro, no noroeste da Amazónia, na fronteira com Brasil, Venezuela e Colômbia. São Gabriel da Cachoeira, município onde 75% da população se declara indígena, é o único no Brasil que tem três línguas indígenas – Nheengatu, Tukano e Baniwa – reconhecidas como oficiais, em conjunto com o Português.
José Barahona nasceu em Lisboa em 1969 e, actualmente, reside no Brasil. Em 1995, licenciou-se na Escola Superior de Teatro e Cinema (Lisboa). Estudou também em Cuba e Nova Iorque. Já realizou vários documentários e curtas-metragens. No seu trabalho, mistura documentário e ficção onde se destacam o documentário longa-metragem "O Manuscrito Perdido" (2010), vencedor, entre outros, do Prémio TV Brasil de Melhor Longa-Metragem na 15ª Mostra Internacional do Filme Etnográfico (Rio de Janeiro); o documentário "Milho" (Prémio CineEco em Movimento, CineEco, Seia, 2009). Realizou ainda a curta-metragem de ficção "Pastoral" (2004), conquistando os prémios de Melhor Curta-Metragem no Caminhos do Cinema Português (Coimbra, 2005) e a Menção Honrosa no Fantasporto (Porto, 2005).
Filmografia:
Nheengatu - A Língua da Amazónia (doc., 2022)
Alma Clandestina (doc., 2019)
Estive em Lisboa e Lembrei de Você (2015)
Far from Home Movie (documentário, 2012)
O Manuscrito Perdido (documentário, 2010)
Milho (documentário, 2009)
A Cura (curta-metragem, 2006)
Buenos Aires Hora Zero (2004)
Pastoral (curta-metragem, 2004)
Quem é Ricardo? (curta-metragem, 2004)
Viana da Motta, Cenas Portuguesas (curta-metragem, 1999)