CINE ESTREIA: "Um Filme em Forma de Assim", de João Botelho
Realização: João Botelho
Argumento: João Botelho e Maria Antónia Oliveira (a partir de Alexandre O'Neill)
Música: Daniel Bernardes
Produção: Ar de Filmes (Alexandre Oliveira)
Elenco: Pedro Lacerda, Inês Castel-Branco, Cláudio da Silva, Crista Alfaiate, Ana Quintans, Luís Lima Barreto, Carmen Santos, Rita Blanco, Joana Botelho, Joana Santos, Alexandra Sargento, Rafael Fonseca, Marina Albuquerque, Sofia Marques, Melissa Matos, Carolina Campanela, João Maria, Luís Lucas, José Martins, Gabriela Barros, João Barbosa, Pedro Diogo, Carolina Serrão, Vera Moura, Dinis Gomes, Marcello Urgeghe, Luís Mesquita, Francisco Tavares, Maria João Pinho, Sandra Santos, Carla Bolito, Dinarte Branco, Salvador Gil, Vicente Gil, Isabél Zuaa, André Gomes, Rita Rocha Silva, João Araújo, Maria Leite, João Pedro Vaz, Matamba Joaquim, Hugo Mestre Amaro, Mitó Mendes, Maya Booth, Soraia Chaves, Mafalda Lencastre, Filipe Vargas, Pedro Inês, "Brit" - Jarbas Krull (Brasil), Michel de Roubaix
Sinopse: É sem medida este "Um Filme em Forma de Assim". Organizado como um sonho, estruturado como um musical e com textos, tanto ditos como cantados, que nos conduzem a situações inesperadas, caóticas e emocionantes, que tentam agarrar parte do que o inalcançável Alexandre O’Neill nos deixou.
Alexandre O'Neill nasceu a 19 de Dezembro de 1924, em Lisboa, no seio de uma família descendente de aristocratas irlandeses. Precursor do surrealismo em Portugal, poeta do realismo e do concretismo, provocador e irónico, O'Neill tocava o absurdo e o lugar comum com trocadilhos geniais. Num jogo lúdico e lúcido de palavras, falava de coisas sérias: do medo, do amor, de Portugal. Antes de chegar a poeta, O'Neill, que reprovara nos exames e abandonara os estudos, aprendeu a viver de biscates e do que escrevia. Foi escriturário, empregado de seguros, tradutor de romances, de poesia e de manuais científicos, colaborador de jornais e revistas, autor de textos para cinema e teatro, televisão e rádio, letrista de fados e um dos mais importantes criativos publicitários. É dele o genial "Há mar e mar, há ir e voltar", slogan com direito a figurar no dicionário de provérbios portugueses. Este irresistível jogo de palavras, exercício lúdico e de lucidez, faz parte da sua poesia. Como o lugar-comum, o cliché, o gosto pelo absurdo que lhe ficou do surrealismo, movimento de que foi precursor em Portugal. Ao lado de Mário Cesariny, José-Augusto França, Fernando Vespeira e António Pedro fundou, em 1947, o Grupo Surrealista de Lisboa, do qual sairá pouco tempo depois. Autodidacta, individualista e provocador, via-se essencialmente como um realista. Percorria temas como o amor, o medo e a solidão, mas Portugal era recorrente nos versos que fazia. Alexandre O'Neill faleceu a 21 de Agosto de 1986.
João Botelho nasceu a 11 de Maio de 1949, em Lamego. Frequentou a Escola de Cinema do Conservatório Nacional e o Curso Superior de Engenharia Mecânica na Universidade de Coimbra. Cineclubista, no Porto e em Coimbra (onde dirigiu o CITAC - Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra). Foi crítico de cinema em várias publicações, como a Gazeta da Semana ou a revista M (de que foi fundador). Inicia-se na realização com 2 curtas-metragens para a RTP e o documentário de longa-metragem "Os Bonecos de Santo Aleixo" para a cooperativa Paz dos Reis. Teve filmes premiados nos festivais de Figueira da Foz, Antuérpia, Rio de Janeiro, Veneza, Berlim, Salsomaggiore, Pesaro, Belfort, Cartagena, etc. Distinguido por duas vezes com o prémio da OCIC, da Casa da Imprensa e dos Sete de Ouro. Todas as longas-metragens tiveram exibição comercial em Portugal, quase todas em França e algumas em Inglaterra, na Alemanha, em Itália, em Espanha e no Japão. Teve retrospectivas integrais em Bergamo (1996), com edição de uma monografia sobre a obra em La Rochelle (1998) e na Cinemateca de Luxemburgo (2002). Distinguido com a Comenda da Ordem do Infante, de Mérito Cultural (2005). Nos últimos anos, João Botelho tem adaptado para o cinema vários clássicos da literatura portuguesa, como "A Corte do Norte", de Agustina Bessa-Luís; "Livro do Desassossego" de Fernando Pessoa/Bernardo Soares; "Os Maias", de Eça de Queiroz; "Peregrinação", de Fernão Mendes Pinto"; "A Morte de Ricardo Reis", de José Saramago; e a sua mais recente longa-metragem, "Um Filme em Forma de Assim", a partir de Alexandre O'Neill.
Filmografia:
Um Filme em Forma de Assim (2022)
O Ano da Morte de Ricardo Reis (2020)
Peregrinação (2017)
O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu (documentário, 2016)
Quatro (documentário, 2016)
Nos campos em volta (curta-metragem documental, 2015)
A Arte da Luz tem 20.000 anos (documentário, 2014)
Os Maias - Cenas da Vida Romântica (2014)
Bravo Som dos Tambores (curta-metragem documental, 2012)
La Valse (curta-metragem, 2012)
Enquanto esta Língua for Cantada (documentário, 2012)
Filme do Desassossego (2010)
Oh Lisboa, Meu Lar (curta-metragem documental, 2010)
Para que este Mundo não Acabe! (documentário, 2009)
A Corte do Norte (2008)
A Terra Antes do Céu (documentário, 2007)
Corrupção (2007)
A Baleia Branca - Uma Ideia de Deus (telefilme documental, 2007)
Avé Maria (curta-metragem, 2006)
A Luz na Ria Formosa (2005)
O Fatalista (2005)
A Mulher que acreditava ser Presidente dos EUA (2003)
Viagem ao Coração do Douro, a Terra onde Nasci (curta-metragem documental, 2002)
Quem és tu? (2001)
Se a memória existe (curta-metragem, 1999)
Tráfico (1998)
Érase unha vez en Compostela (curta-metragem documental, 1997)
Três Palmeiras (1994)
Aqui na Terra (1993)
No Dia dos Meus Anos (1992)
Tempos Difíceis (1988)
Um Adeus Português (1986)
Conversa Acabada (1981)
Alexandre e Rosa (curta-metragem, 1978)
O Alto do Cobre (1976)
Um Projecto de Educação Popular (documentário, 1976)