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"SG Gigante" é um projecto que adiciona valor a uma importante celebração: há 50 anos, Sérgio Godinho afirmava-se "Sobrevivente", inaugurando com esse álbum uma discografia que é uma das mais aplaudidas da música portuguesa, uma obra preenchida de canções que conquistaram os ouvidos de diferentes gerações graças a palavras que nos retratam a todos, que nos ajudam a definir a identidade e que são afinal de contas tão fáceis de cantar. Essa matéria poética e musical inspirou vários artistas – convidados por Capicua – a encontrarem nos temas de Sérgio Godinho ecos do tempo que hoje vivemos. O resultado manifesta-se em meia dúzia de canções que são certamente de agora, mas que assumem a inspiração das memoráveis palavras e melodias com que Sérgio se fez gigante da nossa música. Neste disco, cruzam-se alguns dos maiores e mais aclamados nomes da cena hip hop (e não só) em sentidas recriações de uma série de indiscutíveis clássicos da obra do gigante Sérgio Godinho.
Criação e Dramaturgia: Catarina Rôlo Salgueiro, Leonor Buescu/Os Possessos
A partir de: Novas Cartas Portuguesas, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa
Cenografia: Ângela Rocha
Figurinos: Ângela Rocha, Catarina Rôlo Salgueiro, Leonor Buescu
Com: Ana Baptista, Rita Cabaço, Teresa Coutinho
Sinopse: Abril de 1972. Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa publicam Novas Cartas Portuguesas, tendo como ponto de partida as Cartas Portuguesas, romance epistolar publicado anonimamente, em 1669, e atribuído à freira Mariana Alcoforado. Em Novas Cartas Portuguesas, os textos escritos pelas três autoras – cuja autoria de cada uma nunca foi, até hoje, revelada – abordam temáticas tão diversas como a paixão, a clausura feminina, a escrita, o sentimento de isolamento e abandono, a guerra, fazendo um paralelo inequívoco e crítico da sociedade portuguesa de então. Em 1973, as autoras seriam levadas a julgamento pelo Estado Novo, que prontamente colocou a máquina da censura a trabalhar ao retirar o livro do mercado sob a acusação de este ser "insanavelmente pornográfico e atentatório da moral pública". O processo judicial das "Três Marias" (nome por que ficaram conhecidas as escritoras), que apenas terminou aquando do 25 de Abril de 1974, teve repercussões políticas e sociais transfronteiriças, tendo sido apelidado, na época, como a primeira causa feminista internacional pela organização norte-americana National Organization for Women (NOW). Em 2022, 50 anos volvidos, Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buescu trazem as Novas Cartas Portuguesas à cena, a par com documentação histórica da época, pretendendo convocar uma reflexão em torno da memória colectiva de um país, da sua gente e do seu tempo.
Editora: Dom Quixote
Sinopse: O livro que é um marco inquestionável na história da Literatura Portuguesa assinala os 50 anos da sua publicação.
«Reescrevendo, pois, as conhecidas cartas seiscentistas da freira portuguesa, Novas Cartas Portuguesas afirma-se como um libelo contra a ideologia vigente no período pré-25 de Abril (denunciando a guerra colonial, o sistema judicial, a emigração, a violência, a situação das mulheres), revestindo-se de uma invulgar originalidade e actualidade, do ponto de vista literário e social. Comprova-o o facto de poder ser hoje lido à luz das mais recentes teorias feministas (ou emergentes dos Estudos Feministas, como a teoria queer), uma vez que resiste à catalogação ao desmantelar as fronteiras entre os géneros narrativo, poético e epistolar, empurrando os limites até pontos de fusão.» (Ana Luísa Amaral in «Breve Introdução»)
Novas Cartas Portuguesas é uma obra literária publicada conjuntamente pelas escritoras portuguesas Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, em 1972. O livro revelou ao mundo a existência de situações discriminatórias em Portugal, relacionadas com a repressão ditatorial, o poder do patriarcado católico e a condição da mulher (casamento, maternidade, sexualidade feminina). A obra denunciou também as injustiças da Guerra Colonial e as realidades dos portugueses enquanto colonialistas em África, emigrantes, refugiados ou exilados no mundo. Após a sua publicação, a obra foi proibida pela Censura. Foi aberto um processo contra as autoras, o que tornou o texto e o caso conhecido a nível internacional. As autoras ficariam conhecidas internacionalmente como "As Três Marias" (The Three Marias, tendo sido mesmo o título da edição original do livro em inglês). O processo foi suspenso e as autoras absolvidas após a revolução do 25 de Abril de 1974.
Novas Cartas Portuguesas inspira-se nas famosas Cartas Portuguesas, uma obra clássica do século XVII. Publicada como obra anónima (em francês) por Claude Barbin, em Paris, em 1669, Cartas Portuguesas (Lettres Portugaises) é composta por cinco cartas supostamente escritas por uma freira portuguesa, de nome Mariana Alcoforado, após esta ter sido seduzida e abandonada pelo seu amante, o cavaleiro francês Noel Bouton (Chevalier of Chamilly), no Convento da Conceição, em Beja, numa época em que França apoiava Portugal na Guerra da Restauração contra Espanha.
Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa
Maria Isabel Barreno nasceu em Lisboa, a 10 de Julho de 1939. Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras de Lisboa. Trabalhou no Instituto Nacional de Investigação Industrial, foi jornalista e Conselheira Cultural para os Assuntos do Ensino na Embaixada Portuguesa em Paris. Publicou um total de 24 obras, entre as quais dez romances e quatro livros de contos. Participou também em diversas antologias de contos. É co-autora, com Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, de Novas Cartas Portuguesas Recebeu os prémios Camilo Castelo Branco e do Pen Club, para o livro de contos Os sensos incomuns, e o prémio Fernando Namora para o romance Crónica do tempo. A Sextante Editora publicou, em 2009, o seu último romance, Vozes do Vento. Em 2004, foi feita Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Maria Isabel Barreno faleceu a 3 de Setembro de 2016, aos 77 anos.
Maria Teresa Horta nasceu em Lisboa, a 20 de Maio de 1937. Estudou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Escritora e jornalista, é conhecida como uma das mais destacadas feministas portuguesas. Estreou-se na poesia, em 1960. A sua obra poética foi coligida em Poesia Reunida (Dom Quixote, 2009), obra que lhe valeu o Prémio Máxima Vida Literária. Em 2012, publicou As Palavras do Corpo – Antologia de Poesia Erótica; no ano seguinte, A Dama e o Unicórnio; em 2016, Anunciações, vencedor do Prémio Autores SPA / Melhor Livro de Poesia 2017; Poesis (2017), Estranhezas (2018) e a antologia Eu sou a Minha Poesia (2019), o seu mais recente livro. É ainda autora dos romances Ambas as Mãos Sobre o Corpo, Ema (Prémio Ficção Revista Mulheres) e Paixão Segundo Constança H., e co-autora, com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, de Novas Cartas Portuguesas. Ao seu romance As Luzes de Leonor, a Marquesa de Alorna, uma sedutora de anjos, poetas e heróis (2011), foram atribuídos os prémios D. Dinis e Máxima de Literatura. Em 2004, foi feita Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Em 2020, o Ministério da Cultura distinguiu-a com a Medalha de Mérito Cultural e, em 2021, foi distinguida com o Prémio Literário Casino da Póvoa, no Festival Correntes d'Escritas, pela obra Estranhezas. Esta quinta-feira, 21 de Abril de 2022, foi condecorada com a Ordem da Liberdade.
Maria Velho da Costa nasceu a 26 de Junho de 1938, em Lisboa. Era licenciada em Filologia Germânica pela Universidade de Lisboa e tinha o curso de Grupo-Análise da Sociedade Portuguesa de Neurologia e Psiquiatria. Foi adjunta do secretário de Estado da Cultura do Governo de Maria de Lourdes Pintasilgo (1979), leitora do King's College em Londres, presidente da Associação Portuguesa de Escritores e adida cultural em Cabo Verde.
Ficcionista, ensaísta e dramaturga, é co-autora, com Maria Isabel Barreno e Maria Teresa Horta, de Novas Cartas Portuguesas (1972), um livro que se tornou um marco no nosso país pela abordagem da situação das mulheres nas sociedades contemporâneas e que viria a ser apreendido pela polícia política do antigo regime pelo seu «conteúdo insanavelmente pornográfico e atentatório da moral pública». A sua escrita situa-se numa linha de experimentalismo linguístico que viria a renovar a Literatura Portuguesa nos anos 60 e, como afirmou Eduardo Lourenço, é «de um virtuosismo sem exemplo entre nós». É autora, entre outras obras, de O Lugar Comum (1966), Maina Mendes (1969) e Casas Pardas (1977), Prémio Cidade de Lisboa e reeditado em 2013 pela Assírio e Alvim, um ano depois de O Amante do Crato e um ano antes de Da Rosa Fixa, pela mesma chancela e ambos igualmente em reedição. São também seus Lucialima (1983), Prémio D. Dinis da Fundação da Casa de Mateus, Missa in Albis (1988), Prémio de Ficção do PEN Clube, e Dores (1994), um volume de contos em colaboração com Teresa Dias Coelho, ao qual foi atribuído o Prémio da Crítica da Associação Internacional dos Críticos Literários e o Prémio do Conto Camilo Castelo Branco. Lançou ainda o romance Myra (2008), Prémio Correntes d'Escritas. Na sua bibliografia, destaque ainda para a peça de teatro Madame, a partir de Eça de Queirós e Machado de Assis, um êxito retumbante de palco, interpretado por Eunice Muñoz e Eva Wilma, e Irene ou o Contrato Social, distinguido com o Grande Prémio de Ficção APE de 2000. Em 1997, foi-lhe atribuído o Prémio Vergílio Ferreira da Universidade de Évora, pelo conjunto da sua obra, que se encontra traduzida em várias línguas. Em 2002 foi distinguida com o Prémio Camões, cujo júri lhe elogiou «a inovação no domínio da construção romanesca, no experimentalismo e na interrogação do poder fundador da fala». O Prémio Vida Literária, da APE, foi-lhe entregue em 2013, dois anos depois de ser feita Grande-Oficial da Ordem da Liberdade. Em 2003, já havia sido feita Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Como argumentista, colaborou com os cineastas João César Monteiro (Que Farei Eu com Esta Espada?, Veredas, Silvestre), Margarida Gil (Paixão) e Alberto Seixas Santos (A Rapariga da Mão Morta, E o Tempo Passa). Faleceu a 23 de Maio de 2020, aos 81 anos.
Realização e Argumento: Bruno de Almeida
Direcção Fotografia: Paulo Abreu
Música: José Mário Branco, Raul Ferrão, Frutuoso França, Sérgio Godinho, Alfredo Marceneiro, Alain Oulman
Produção: BA Filmes, Arco Films
Com: Camané, José Mário Branco, Manuela de Freitas, José Manuel Neto, Carlos Manuel Proença, Carlos Bica, João Bonifácio, Tiago Gomes de Sousa, António Pinheiro da Silva
Sinopse: "Fado Camané" é uma longa-metragem documental sobre uma das maiores vozes da actualidade. O filme explora o processo de criação de uma das obras essenciais do fado - o álbum "Sempre de Mim", lançado em 2008 - e centra-se na relação de Camané com o compositor e produtor José Mário Branco e a poeta Manuela de Freitas. Revela um rigoroso trabalho de procura da sintonia perfeita entre a poesia, música e intérprete. Camané abre as portas do seu universo numa análise profunda do que é o fado: a tradição oral, a escolha dos poetas e a misteriosa magia do processo criativo. O resultado é uma rara visita ao método do artista que procura "aprender a sentir", descobrindo uma verdade partilhável com o público.
"Sei de um rio" - tema do álbum "Sempre de Mim" (vídeo realizado por Bruno de Almeida)
A Liberdade começa onde acaba o medo. E onde termina essa mesma liberdade? Até onde vai a de cada um? Perguntas com respostas neste Sociedade Civil.
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