José Carlos Barros é o vencedor do Prémio LeYa 2021
Esta terça-feira, foi anunciado o vencedor do Prémio LeYa 2021 e o escolhido foi o português José Carlos Barros, com a obra "As Pessoas Invisíveis". Na edição deste ano, concorreram 732 originais, dos quais foram seleccionados 14 para apreciação do júri que, depois de dois dias de reunião, escolheu, por unanimidade, José Carlos Barros.
Segundo Manuel Alegre, presidente do júri, "As Pessoas Invisíveis é uma viagem por vários tempos da História recente de Portugal, desde a década de 40 do século XX, narrada a partir de uma personagem ambígua, Xavier, que age como se tivesse um dom ou como se precisasse de acreditar que tem um dom." E acrescenta: "Dos anos 40 do século XX, com a ambição do ouro, a posição de Salazar face à guerra, a guerra colonial com todas as questões que hoje levanta, o nascimento e os primeiros anos da democracia. Em todas estas paisagens e em todos os tempos que o romance toca, a palavra é de quem não a costuma ter. Dramática, velada, fugaz, lapidar, tocada pelo sobrenatural".
O Prémio LeYa foi criado em 2008 com o objectivo de distinguir um romance inédito escrito em português. José Carlos Barros é o sétimo autor português a vencer este galardão, depois de João Ricardo Pedro (O Teu Rosto Será o Último, 2011); Nuno Camarneiro (Debaixo de Algum Céu, 2012); Gabriela Ruivo Trindade (Uma Outra Voz, 2013); Afonso Reis Cabral (O Meu Irmão, 2014); António Tavares (O Coro dos Defuntos, 2015); e João Pinto Coelho (Os Loucos da Rua Mazur, 2017). O prémio não foi atribuído em 2010, 2016 e em 2019, por o júri considerar não haver qualidade suficiente nos originais a concurso, e em 2020, devido à pandemia.
José Carlos Barros nasceu em 1963, em Boticas, na região de Trás-os-Montes e Alto Douro, e vive actualmente em Vila Nova de Cacela, no Algarve. Licenciado em Arquitectura Paisagista pela Universidade de Évora, tem exercido actividade profissional no âmbito do ordenamento do território e da conservação da natureza e foi director do Parque Natural da Ria Formosa. Foi também técnico superior do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina e da Direcção Regional do Ambiente do Algarve. Foi ainda deputado do PSD, vice-presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António e presidente da Assembleia Municipal da mesma cidade. Actualmente, é vereador, sem pelouro, naquela câmara algarvia.
Autor de vasta obra poética, entre os vários livros de poesia que escreveu destacam-se "uma abstração inútil", "Todos os náufragos", "Teoria do esquecimento", "Pequenas depressões" (com Otília Monteiro Fernandes), "As leis do povoamento", "O uso dos venenos", "A educação das crianças", "Estação - Os poemas do DN Jovem" ou "Penélope escreve a Ulisses", entre outros. Em 2009, venceu o Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama, com "Sete epígonos de Tebas".
A sua estreia na prosa aconteceu com "O Prazer e o Tédio", em 2009, seguido de "Um Amigo Para o Inverno", com o qual foi finalista do Prémio LeYa em 2012.