LETRAS LUSAS: "Trabalhos e Paixões de Benito Prada", de Fernando Assis Pacheco
Editora: Tinta-da-China
Sinopse: O único romance de Fernando Assis Pacheco na colecção de ficção de Língua Portuguesa da Tinta-da-China.
Benito Prada, filho de Filemón e Nicolasa, galego de Casdemundo, está ainda vivo em 1949 quando o generalíssimo Franco vem à Universidade de Coimbra receber o título de doutor honoris causa em Direito. Se pudesse — expressão muito sua — esborrachava-o como quem esborracha uma mosca.
Para trás ficaram os seus trabalhos e paixões: a casa pobre, o pai afiador, as poucas letras aprendidas na Meiga de Ventosela, depois o salto para Portugal, a fortuna começada com uma carroça nas feiras, os amores, a guerra, o medo, a ira, tudo envolvido pelo manto da morrinha de que não pôde nunca livrar-se.
Desses trabalhos e paixões nos fala aqui Fernando Assis Pacheco. E, recordando-se da velha picaresca aprendida nos clássicos do género, oferece-nos um romance exemplar, onde a História se transforma em estória e o humor não é mais do que uma disfarçada ternura por tudo aquilo que está vivo e mexe.
Fernando Assis Pacheco nasceu em 1937, em Coimbra, cidade onde se licenciou em Filologia Germânica e onde viveu até iniciar o serviço militar, em 1961. Na juventude, foi actor de teatro e redactor da revista Vértice. Cumpriu parte do serviço militar em Portugal, tendo seguido como expedicionário para Angola, onde esteve até 1965. Nunca conheceu outra profissão que não fosse o jornalismo: deixou a sua marca de grande repórter no Diário de Lisboa, na República, no Jornal de Letras, Artes e Ideias, no Musicalíssimo e no Se7e, onde foi director-adjunto. Foi também redactor e chefe de redacção de O Jornal, semanário onde durante dez anos exerceu crítica literária, e colaborador da RTP. Cuidar dos Vivos (1963) foi o seu livro de estreia. Entre os demais livros que publicou, encontram-se Variações em Sousa, Walt e Trabalhos e Paixões de Benito Prada. A Musa Irregular – Edição Aumentada reúne toda a sua produção poética e inclui vários inéditos. Assis Pacheco traduziu para português Pablo Neruda e Gabriel García Márquez. Morreu a 30 de Novembro de 1995, à porta de uma livraria, em Lisboa.