No novo número da VISÃO História, evocamos o fenómeno do futebol antes de se chamar futebol, a invenção do jogo propriamente dito, em Inglaterra, e a chegada a Portugal do chamado desporto-espectáculo, quando eram os «carolas» que sustentavam os clubes.
Claro que não podíamos passar ao lado da fundação dos «três grandes» Benfica, Sporting e FC Porto, contando a história das pequenas colectividades de Lisboa e do Porto que deram origem a estes clubes. Para o fazer, convidámos adeptos que todos os dias «vestem» a camisola. João Gobern, jornalista e comentador do programa Trio d'Ataque (RTP3), escreve sobre o «glorioso»; António Macedo, jornalista e radialista, sobre o actual campeão nacional; e Germano Silva, estudioso da história da cidade do Porto, sobre o clube do norte que nasceu duas vezes.
Percorrendo as páginas da revista, levamos o leitor a conhecer como as fábricas da primeira metade do século XX se transformaram em viveiros dos clubes operários e, também, a desfazer a persistente ideia feita de que o Estado Novo promovia o futebol para «alienar as massas», quando o que se passava era exactamente o contrário: o regime temia o futebol porque era um fenómeno de massas. Salazar, esse, era completamente ignorante na matéria e desprezava o futebol na mesma medida em que desgostava do fado. E até a fundação – e um dos seus fundadores – do jornal A Bola mereceu a reserva do ditador. Cândido de Oliveira, que foi treinador antes de se tornar jornalista desportivo, tem uma história fabulosa que vale a pena conhecer: esteve preso no Tarrafal, acusado de espionagem a favor dos Aliados.
Este número da VISÃO História conta com a colaboração de especialistas nos temas abordados. O escritor Álvaro Magalhães conduz-nos ao tempo dos primeiros jogos com bola. Os investigadores João Nuno Coelho e Francisco Pinheiro descrevem os primeiros jogos em Portugal. O jornalista e cronista Rui Miguel Tovar, autor do programa da RTP3 A Grandiosa Enciclopédia do Ludopédio, recorda o primeiro jogo da Selecção Nacional e como começou a coleccionar cromos da bola com o pai, o falecido jornalista Rui Tovar. Ricardo Serrado, autor do livro O Estado Novo e o Futebol, entre outros, debruça-se sobre as ligações entre a política e o futebol. João Santana da Silva explica as raízes do futebol operário e o sociólogo Nuno Domingos disseca o colonialismo português à luz da carreira de jogadores africanos como… um tal de Eusébio da Silva Ferreira.
Os artigos são acompanhados por imagens de época que ilustram os primeiros jogos e o entusiasmo dos adeptos que não perdiam pitada do que acontecia dentro das quatro linhas. É mais uma visão da História a não perder.