De 25 de Agosto a 5 de Setembro, decorre a 17ª edição do IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema. Serão mais de 240 filmes que farão o alinhamento desta edição. A diferença é que esta não será só mais uma edição. Tendo em conta a pandemia que veio exacerbar a percepção dos nossos dias, o IndieLisboa regressa à sala, reconfirmando o mote de edições anteriores. As vozes do festival sempre atravessaram secções, línguas, linguagens, e este ano frisam que vieram para ficar. Nunca foi tão importante como agora a sua exposição e, através desta, a promoção de diálogo.
Da retrospectiva do realizador senegalês Ousmane Sembène à celebração dos 50 anos do Forum Berlinale, passando pelas competições principais, vislumbrando os olhares distintos compilados na secção Silvestre, dentro da qual poderemos mergulhar num foco ao trabalho de uma realizadora cujo nome instiga cinéfilos, a franco-senegalesa Mati Diop, até às propostas de cinema do Director’s Cut, a música que ecoa nos documentários que integram o IndieMusic, o expansivo imaginário que é perpetuado no IndieJúnior, e acabando o dia a tentar não tapar os olhos com as mãos na Boca do Inferno, esta 17ª edição volta a ser nuclear, mas desta vez será apreciada de máscara na cara, gel desinfectante no bolso e seguindo todas as regras de segurança da DGS dentro e fora das salas (estas com espaçamento e lotação limitada).
A cerimónia de abertura do festival arrancará às 19h do dia 25 de Agosto, na sala Manoel de Oliveira do Cinema São Jorge, com La Femme de Mon Frère, a estreia na realização da canadiana Monia Chokri, que conhecemos dos filmes de Xavier Dolan, e que emana aqui aquele brilho autoral do cinema independente.
E um sentido até já depois de mais uma edição, com Um Animal Amarelo, filme do realizador brasileiro Felipe Bragança (co-produção O Som e a Fúria), um filme que acompanha um falido cineasta brasileiro, num argumento que conta com a colaboração do português João Nicolau, e poderá ser visto no dia 5 de Setembro, no Grande Auditório da Culturgest, pelas 21h30.
O compromisso que o festival tem com a produção nacional mantém-se, agora com mais de 50 filmes, longas e curtas-metragens, que farão parte desta edição.
Atenção redobrada para as sessões especiais que se juntam agora à programação e que trazem consigo Fojos, um documentário de Anabela Moreira e João Canijo, rodado em Castro Laboreiro; 28 ½, o segundo filme de Adriano Mendes sobre uma jovem numa Lisboa gentrificada; e a primeira longa-metragem do compositor islandês Jóhann Jóhannsson, Last and First Man.
Nas curtas, destaque para Adeus Senhor António, realizada por Júlia Buisel, anotadora e actriz de Manoel de Oliveira, que continua no universo de Fernando Pessoa, e Para Cá do Marão, de José Mazeda, conhecido produtor que se estreia aqui na realização, reproduzindo uma história que ouviu durante a rodagem de "Terra Fria", de António Campos.
Destaca-se ainda no programa Cinema e 5L, feito este ano em parceria com o Festival literário Lisboa 5L, um conjunto de 4 documentários, de autoria de Carlos Vaz Marques, com realização de Graça Castanheira e produção da Midas Filmes, sobre vencedores do Prémio Saramago: João Tordo, Adriana Lisboa, Ondjaki e Paulo José Miranda são os retratados.
Juntamo-nos ainda ao aniversário da Agência da Curta-Metragem que fez 20 anos, completando um ciclo de cineastas programadores. O IndieLisboa escolheu Gabriel Abrantes para olhar para o cinema português de curta-metragem e a escolha foi tudo menos óbvia: de Carlos Conceição a Miguel Gomes, de Leonor Teles a João Moreira, com o seu incrível Bruno Aleixo.
Ao contrário de outros anos, esta edição contará com sessões de cinema ao ar livre, acrescentando às salas habituais do festival (Cinema São Jorge, Culturgest, Cinema Ideal e Cinemateca Portuguesa) o Cineteatro Capitólio, onde poderemos ver cinema numa tela com o céu como plano de fundo. Também na Esplanada da Cinemateca, poderão ser vistos filmes quase todas as noites.