LETRAS LUSAS: "As Telefones", de Djaimilia Pereira de Almeida
Editora: Relógio d'Água
Sinopse: As Telefones é uma homenagem ao género literário da diáspora, o telefonema.
"Um dia, ainda vamos ter férias de cruzeiros, filha, vais ver. Um dia, ainda vamos num desses barcos com piscina comer bolinhas de melão, beber champanhe, o mambo todo, nós duas pretas finas e uns criados de lacinho a encherem-nos as taças. A Mamã acredita, filha. Deus é fiel. Vai chegar a nossa vez. Férias mesmo já estão no fim, eh, filha. Passou rápido. Passa bem rápido. Não chora, não. Tempo corre, corre. Mas a Mamã sabe, filha. Um dia, vamos."
Djaimilia Pereira de Almeida é uma escitora portuguesa nascida em Angola. Nasceu em 1982, veio para Portugal com três anos e cresceu nos arredores de Lisboa. Autora de, entre outros, As Telefones, Colagem/Coragem e A visão das plantas, recebeu, em 2019, com Luanda, Lisboa, Paraíso, o Oceanos — Prémio de Literatura em Língua Portuguesa, o Prémio Literário Fundação Inês de Castro e o Prémio Literário Fundação Eça de Queiroz. Licenciada em Estudos Portugueses pela Universidade Nova de Lisboa e doutorada em Teoria da Literatura pela Universidade de Lisboa, é autora de inúmeros ensaios e crónicas publicados em Portugal, no Brasil e nos EUA, países onde os seus livros estão editados. Escreve sobre fotografia e literatura na Quatro Cinco Um e é colunista da Plataforma.