Maria Velho da Costa (1938 - 2020)
Faleceu ontem, aos 81 anos, a escritora Maria Velho da Costa, uma das "Três Marias".
Maria de Fátima Bívar Velho da Costa nasceu a 26 de Junho de 1938, em Lisboa. Licenciou-se em Filologia Germânica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi professora no Ensino Secundário e presidente da Associação Portuguesa de Escritores. A sua primeira obra literária, "O Lugar Comum", foi lançada em 1966, mas foi com o romance "Maina Mendes", de 1969, que se tornou uma figura reconhecida das letras portuguesas. Foi porém em 1972 que o seu nome, juntamente com o das escritoras Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno (falecida em 2016), se torna mais falado e alvo de grande polémica. As três autoras lançaram "Novas Cartas Portuguesas", obra em que se manifestava uma clara oposição ao fascismo e à censura e onde se exaltava a condição feminina e a liberdade de valores para as mulheres. Esta obra, considerada uma afronta e provocação ao regime ditatorial, valeu às três autoras, as "Três Marias", um processo judicial, suspenso depois da Revolução de 25 de Abril de 1974.
Maria Velho da Costa tem uma vasta obra publicada. A sua última obra, o livro de contos "O Amante do Crato", foi lançada em 2012. Em nota sobre o falecimento da escritora, o Presidente da República disse que "Poucos ficcionistas portugueses contemporâneos escreveram livros tão cultos e inventivos, tão exigentes e insubmissos. Maria Velho da Costa era uma ficcionista com aguda consciência da não-ficção, da poesia, do cinema."
Ao longo da sua carreira, foram vários os prémios e distinções recebidos, como Prémio Vergílio Ferreira 1997, Prémio Camões 2002, Prémio Correntes d'Escritas 2008 (pelo romance "Myra) ou Grande Prémio de Literatura dst 2010 (também pelo romance "Myra"), entre muitos outros. Recebeu duas condecorações: Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, em 2003, e Grande Oficial da Ordem da Liberdade (2011).
Além de dar aulas em Portugal, também leccionou no Reino Unido. Foi adjunta do Secretário de Estado da Cultura (1979) e Adida Cultural em Cabo Verde (1988 a 1990). Desempenhou ainda funções na Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses e no Instituto Camões. Teve também uma colaboração regular em argumentos cinematográficos, em filmes de João César Monteiro, Margarida Gil e Alberto Seixas Santos.
Portugal perde uma das suas maiores vozes literárias.
As "Três Marias": Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno