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14
Abr20

Maria de Sousa (1939 - 2020)

Expresso | Morreu a imunologista Maria de Sousa, vítima de covid-19

 

Faleceu, ontem à noite, aos 81 anos, a imunologista, escritora e professora universitária Maria de Sousa, vítima de Covid-19.

 

Maria de Sousa nasceu em Lisboa, em 1939. Formou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina de Lisboa, em 1963, e, a partir daí, iniciou uma carreira dedicada à investigação científica, em países como Inglaterra, Escócia, Estados Unidos e Portugal. 

 

Entre 1964 e 1966, esteve nos Laboratórios de Biologia Experimental em Mill Hill, Londres, como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, e foi aqui que fez uma grande descoberta científica que, hoje em dia, consta em qualquer manual de imunologia. Até 1964, pensava-se que todos os tipos de linfócitos – células do sistema imunitário fundamentais no combate a doenças e infecções – vinham do timo, uma glândula situada no peito, entre o esterno e o coração. Pensava-se ainda que, depois do nosso nascimento, os linfócitos migravam do timo e iam proliferar e amadurecer nos órgãos linfáticos periféricos, como os gânglios linfáticos e o baço. Mas a imunologista portuguesa percebeu que não era bem assim, através de experiências em ratinhos, aos quais foi removido o timo logo a seguir ao nascimento. Verificou então que esses ratinhos sem timo continuavam, afinal, a ter linfócitos nos órgãos linfáticos periféricos. Percebeu também que, nestes órgãos linfáticos periféricos dos ratinhos desprovidos de timo, havia espaços deixados vazios, ou seja, espaços destinados precisamente aos linfócitos do timo. Chegou assim à conclusão que, nos órgãos linfáticos periféricos, havia áreas para os linfócitos do timo (os linfócitos T) e áreas para outro tipo de linfócitos, que estavam ocupadas por eles. Ou seja, havia áreas nos órgãos linfáticos periféricos dependentes dos linfócitos que migravam do timo. Essa zona reservada aos linfócitos do timo é hoje conhecida por Área T.

 

Estas descobertas foram publicadas em importantes revistas científicas. Mais tarde, Maria de Sousa deu o nome ao fenómeno de migração dos linfócitos de diferentes origens – tanto do timo como da medula óssea, onde se forma outro tipo de linfócitos – com destino a microambientes específicos nos órgãos linfáticos periféricos para aí se organizarem em áreas bem delineadas, chamando-lhe "ecotaxis".

 

Depois de deixar Londres, rumou à Escócia, onde se doutorou em Imunologia, na Universidade de Glasgow. Mais tarde, seguiu para os Estados Unidos, passando pelo Instituto Sloan Kettering para a Investigação do Cancro, em Nova Iorque; a Faculdade de Medicina de Cornell, também em Nova Iorque; e a Faculdade de Medicina de Harvard, em Cambridge (Boston). 

 

Em 1984, regressa a Portugal e vem contribuir de maneira muito significativa para o desenvolvimento da ciência no nosso país. Em 1985, torna-se professora catedrática de imunologia no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, no Porto. Deu a sua última aula, a que o deu o título de "Uma Escola sem Muros", a 16 de Outubro de 2009, aos 70 anos. 

 

Ao longo da sua vida, foram muitas as distinções que recebeu e que reconheceram uma carreira dedicada à ciência, onde foi fundamental no desenvolvimento de várias instituições de referência em Portugal bem como na consolidação do sistema científico português, como o Grande Prémio Bial de Medicina (1995), Prémio Estímulo à Excelência (2004), Medalha de Ouro de Mérito Científico (2009), Prémio Universidade de Coimbra (2011) e Prémio Universidade de Lisboa (2017). Foi ainda condecorada por três Presidentes da República: por Mário Soares, com o grau de grande-oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1995); por Aníbal Cavaco Silva, com o grau de grande-oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (2012); e por Marcelo Rebelo de Sousa, com a grã-cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (2016). 

 

 

14
Abr20

LETRAS LUSAS: "Nasceu no Meu Curral, é Meu - Histórias da Vida de um Médico", de José Maria de Igrejas Campos

 

 

Editora: Livro na Mão

 

Sinopse: Apesar da queda de Salazar, o país continuava embrenhado numa ditadura que cerceava a liberdade e impedia o livre pensamento. Estávamos em 1968.

 

Um jovem, acabado de se licenciar em medicina em Lisboa, decide mudar-se para Moçambique após se casar. País onde tinha passado a infância e grande parte da adolescência, indo ao reencontro dos pais e de uma das suas irmãs. Procurava também novos horizontes, talvez mais amplos do que aqueles vividos na então reprimida metrópole.



Foi colocado no Xai-Xai, capital da província de Gaza, cidade na altura denominada João Belo e situada a cerca de duzentos quilómetros a norte de Maputo. Aí se manteve até 1976, com responsabilidades nas delegacias de saúde da cidade e da Macia, capital do distrito do Bilene, bem como no Hospital do Xai-Xai.



Numa linguagem despreocupada, informal e familiar, usando muitas vezes ditos e gírias populares características da época e do local, narra o autor histórias pessoais verídicas, registando acontecimentos pouco conhecidos do dia-a-dia da vida de um médico, num tempo particular, assistindo ao fim do tempo colonial e ao nascimento de um novo País.



O que fazer perante um milando provocado por uma circuncisão forçada após o regresso a casa de um mineiro vindo da África do Sul? Afinal, a autópsia, feita no meio da rua, serviria para incriminar alguém?



Estas e outras histórias, na forma de conto, que resultam de uma vivência completa como médico, não apenas atendendo doentes num consultório ou observando numa enfermaria. Vivência que ultrapassa a função de médico, numa preocupação constante para com a comunidade. Contos que o autor nos oferece e que ajudam a compreender o Moçambique de então.

 

 

José Maria de Igrejas Campos nasceu em Lisboa, a 13 de Novembro de 1939. Em 1948, foi com os pais e a irmã mais velha para Moçambique. Como o pai era médico, funcionário público, mudou de localidade com frequência, tendo vivido na Maganja da Costa, Quelimane, Beira e Lourenço Marques (actualmente Maputo). Em 1961, regressa à Metrópole (como se dizia à época) para estudar Medicina. Para além dos pais, em Moçambique ficaram as duas irmãs. Licenciou-se em Medicina em 1968, na Faculdade de Medicina da Universidade Clássica de Lisboa. Terminada a licenciatura, resolve regressar a Moçambique, já casado. A sua vida profissional acabou por se dividir em três áreas distintas – na medicina, na política e no ensino. Começou como médico em 1968 no Xai-Xai, na altura denominada Vila João Belo. Sendo médico do quadro comum de médicos do Ultramar, foi delegado de saúde do Xai-Xai e do Bilene, na época dois concelhos do distrito de Gaza, sendo também director do Hospital Distrital do Xai-Xai. Foram 8 anos muito ricos, com uma revolução e a independência do país pelo meio, o nascimento do filho e o reencontro com os pais e a irmã Guida que estudava em Maputo. As histórias deste livro tiveram lugar neste tempo. Em 1976, foi colocado no Maputo, no Hospital do Chamanculo, a seguir no Hospital de Mavalane, foi Director de Saúde da Cidade de Maputo, Vice-Ministro da Saúde, Consultor do Ministro, Consultor da Cooperação Suíça e, nestes últimos anos, assessor da Junta Médica de Saúde. Durante muitos anos, foi Professor na Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane, no Maputo, onde se especializou em Saúde Pública.

14
Abr20

TELEFILME: Noivas de Maio (TVI - 23h35)

Noivas de maio | Casos da Vida | TVI Player

 

Autoria: Alexnadre Borges, Melissa Lyra, Ana Vasques, Rui Vilhena

Realização: André Cerqueira

 

Elenco: Nicolau Breyner, Maria João Bastos, Marco d'Almeida, Paula Neves, José Wallenstein, Rita Pereira, Vera Alves, Joaquim Nicolau, Marisa Cruz

 

Sinopse: Vitória (Maria João Bastos), Alice (Paula Neves) e Diana (Rita Pereira) não se conhecem, mas os vestidos de noiva farão com que as suas vidas se cruzem, alterando de forma decisiva a vida de cada uma. Vitória está noiva de Afonso (Nicolau Breyner), um homem mais velho, viúvo e afortunado que lhe pode dar a vida de luxo e tranquilidade que sempre quis ter. Mas Marco (Marco d'Almeida), filho de Afonso, percebe o interesse desta por dinheiro e seduz Vitória, para a desmascarar. Apesar da oposição da sua família, Alice vive há cerca de 10 anos com Tó (Joaquim Nicolau), seu primeiro e único namorado. Com o passar dos anos, este relacionamento foi piorando, devido ao temperamento violento e aos ciúmes de Tó, e Alice torna-se uma mulher cada vez mais só, triste e com nódoas negras. O seu único momento de felicidade é quando sonha tornar-se noiva. Diana nunca teve uma vida fácil. Tornou-se manequim mas nunca teve a sua grande oportunidade, fazendo sobretudo fotografias para catálogos de noiva. Contudo, a sua vida amorosa compensava tudo o resto. Até ao dia em que lhe é diagnosticado um cancro de mama.

14
Abr20

DOC TV: B Fachada - Tradição Oral Contemporânea (Canal 180 - 21h00)

B Fachada Tradição Oral Contemporânea @ CinePT-Cinema Portugues [pt]

 

Realização: Tiago Pereira

 

Sinopse: Este filme é essencialmente sobre a música de B Fachada, mas não se fica por Lisboa, aventura-se ao interior do país e, qual Giacometti pós-moderno, arrisca uma viagem às origens daquilo que será a "tradição". Vemos velhinhas, vemos campo e vemos cidade. Há fragmentos de velhas histórias, há uma tentativa (nem sempre conseguida) de ligação dos velhos temas do campo com as canções originais de B Fachada e há uma frágil (e bem-vinda) humanidade que percorre todo o filme.

 

Mas vemos, sobretudo, um músico com um repertório cada vez mais consistente. Bernardo Fachada diz que não é herdeiro da tradição portuguesa do folclore, mas descobriu já a sua própria tradição: "perguntei ao sangue a minha tradição/ e o sangue respondeu-me esta canção". Poderá não corresponder exactamente àquilo que se esperava de uma coisa chamada "tradição", trata-se simplesmente de uma folk urbana muito bem desenhada. Mas, quando se trata de música desta envergadura, o nome deixa de ter importância e há que deixar florescer essa tal coisa nova chamada de "tradição oral contemporânea".

 

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