Freitas do Amaral (1941 - 2019)
Faleceu hoje, aos 78 anos, Freitas do Amaral, fundador do CDS e antigo deputado e ministro.
Diogo de Pinto de Freitas do Amaral nasceu a 21 de Julho de 1941, na Póvoa de Varzim, terra natal da mãe onde a família estava a passar férias, mas cresceu em Lisboa. Foi professor universitário, jurisconsulto, político, romancista e dramaturgo. Licenciou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Cumpriu serviço miltar na Marinha, como técnico especialista de Direito. Em 1974, passou a exercer como catedrático na Faculdade de Direito, onde esteve até 1998. Nesta mesma instituição, foi eleito cinco vezes para o Conselho Científico. Também deu aulas na Universidade Católica e, em 1996, ajudou a criar a Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, onde começou a leccionar a partir de 1999. A sua última aula foi dada na Universidade Nova, a 22 de Maio de 2007.
Ao lado da carreira académica, teve também uma carreira política. No final dos anos 60, trabalhou como técnico do Ministério das Finanças e foi procurador à Câmara Corporativa. A seguir à Revolução do 25 de Abril, Freitas do Amaral tornou-se num dos nomes mais importantes da direita democrática de inspiração cristã. Foi um dos fundadores do CDS, partido ao qual presidiu de 1974 a 1982 e de 1988 a 1991. Fez parte de governos da Aliança Democrática (AD), entre 1979 e 1983, ao lado de Sá Carneiro, líder do PSD, e de Gonçalo Ribeiro Telles, do Partido Popular Monárquico. Foi vice-primeiro-ministro, ministro dos Negócios Estrangeiros e, após a morte de Sá Carneiro, primeiro-ministro interino. Em 1986, candidatou-se a Presidente da República, mas seria derrotado na segunda volta por Mário Soares.
Desvinculou-se do CDS em 1992, quando Manuel Monteiro assumiu a liderança do partido. Entre 1995 e 1996, foi Presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas. Em 2005, assumiu a pasta de ministro dos Negócios Estrangeiros no primeiro governo socialista de José Sócrates. A partir deste momento, tornar-se-ia persona non grata para o CDS e para a direita portuguesa.
Freitas do Amaral era também um homem das letras, tendo publicado diversos livros técnicos de direito administrativo, ensaios de pensamento político, biografias e peças de teatro. Era casado com Maria José Salgado Sarmento de Matos (a escritora Maria Roma) e tinha quatro filhos, um dos quais o escritor e jornalista Domingos Amaral.
O País perdeu hoje um dos pais fundadores da democracia portuguesa.