Nos anos 40 e 50 do séc. XX, não havia em Portugal casa boa ou instituição de prestígio que não se batesse por ter tapetes de Beiriz. De uma qualidade excepcional sob todos os pontos de vista, os tapetes de Beiriz eram exportados para Espanha, Bélgica, França, Grã-Bretanha, Argentina, Cuba, Brasil, EUA. Encerrada na sequência da revolução de 1974, a Fábrica de Tapetes de Beiriz, em Beiriz - concelho da Póvoa de Varzim -, foi recuperada por uma alemã em finais dos anos oitenta e hoje é a sua filha que gere a segunda, e inesperada, vida dos tapetes de Beiriz. Cátia Ferreira está bem ciente da responsabilidade da sua missão: Hilda Brandão Miranda, a fundadora da fábrica original, foi uma mulher notável, uma artista e uma empresária de mão-cheia. Começou em 1919 com seis camponesas-tecedeiras e dois pequenos teares e, em 1934, tinha já 350 operárias e cerca de 60 teares. Uma história emocionante em que as mulheres são as protagonistas há quase cem anos.
Faleceu ontem, aos 67 anos, Roberto Leal, um dos maiores cantores da música popular portuguesa e o artista português mais popular no Brasil.
António Joaquim Fernandes nasceu a 27 de Novembro de 1951, na aldeia transmontana de Vale da Porca, concelho de Macedo de Cavaleiros. Aos 11 anos, emigrou para o Brasil juntamente com a família (pais e 9 irmãos), tendo-se radicado em São Paulo. Foi nesta cidade que, ainda novo, começou a trabalhar como sapateiro e comerciante de doces e, mais tarde, iniciou a carreira musical, a cantar fados e músicas românticas, e adopta o nome artístico de Roberto Leal.
Em 1971, foi a um popular programa da televisão brasileira, apresentado pelo comediante Chacrinha, onde cantou o tema "Arrebita Arrebita", que rapidamente se tornou um sucesso. A partir daí, começa a ganhar uma grande popularidade, a ser convidado para vários programas de televisão e rapidamente se torna no maior embaixador da música e da cultura portuguesas no Brasil. Essa popularidade atravessa o Atlântico e chega a Portugal, a sua terra natal.
Apesar de ter saído muito novo de Portugal, Roberto Leal nunca esqueceu o seu país de origem, ao qual tinha um grande amor mostrando o orgulho nas suas tradições e cultura. Mas o seu coração dividia-se também pelo Brasil, o país que o acolheu e onde iniciou a sua carreira. A sua música misturava sons tipicamente portugueses com sons brasileiros e o seu característico sotaque, mistura dos dois países que amava, davam-lhe um toque singular.
Ao longo da sua carreira, gravou mais de 400 canções e vendeu cerca de 20 milhões de discos. Nos últimos anos, dedicou-se à divulgação da música tradicional portuguesa, sendo exemplo disso dois álbuns gravados em mirandês, a segunda língua oficial de Portugal. O último álbum que lançou foi "Arrebenta a Festa", em 2016.
Em 2011, integrou o elenco do programa de humor "O Último a Sair", da RTP1, uma sátira aos reality shows. A sua participação no programa foi um sucesso, tendo-se sagrado vencedor, e trouxe-lhe ainda mais popularidade em Portugal.
Roberto Leal lutava há dois anos contra um cancro da pele. Estava internado num hospital de São Paulo, onde acabou por falecer. Nasceu em Portugal e morreu no Brasil, um "português brasileiro".
O programa "Visita Guiada" está de volta para a sua 9ª temporada. Com autoria e apresentação de Paula Moura Pinheiro, em cada episódio faz-se uma visita guiada ao património cultural português.
No primeiro episódio desta nova temporada, serão abordadas as relações Portugal - Japão. No séc. XVI, os portugueses colocaram, com precisão, o Japão no mapa mundo. Foram os primeiros europeus a fixar-se no Japão quando ali não se fazia ideia do que era a Europa. Primeiro chegaram os comerciantes, depois, os missionários jesuítas. A história das relações Portugal - Japão influenciou a cultura de ambos os países e tem expressivos testemunhos em alguns museus portugueses: Museu Nacional de Arte Antiga, Museu do Oriente, Palácio Nacional da Ajuda, Igreja de São Roque, Museu da Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva. As investigadoras Alexandra Curvelo e Ana Fernandes Pinto contam-nos os momentos dos encontros e desencontros entre as duas nações. Uma visita imperdível.