"A Menina do Mar", de Sophia de Mello Breyner Andresen (edição comemorativa)
Que melhor maneira de celebrar o centenário de Sophia de Mello Breyner Andresen que fazer uma edição muito especial e limitada de "A Menina do Mar"?
Este foi o primeiro livro infantil de Sophia, publicado em 1958.
Em 1961, a Valentim de Carvalho lançou aquele que seria um formato inovador, a leitura dramatizada do original de "A Menina do Mar", encenada por Artur Ramos, com interpretações de Eunice Muñoz, Francisca Maria, António David e Luís Horta, e música de Fernando Lopes-Graça.
A 30 de Agosto de 2019, com o Alto Patrocínio da Presidência da República, a Valentim de Carvalho disponibilizou uma edição inédita e única de "A Menina do Mar" onde, ao texto original (sob autorização da Porto Editora), acrescenta nova capa e ilustrações de Beatriz Bagulho, a reedição em CD da leitura de 1961, e o DVD do espectáculo gravado ao vivo no Teatro São Luiz, em Lisboa, em Fevereiro deste ano, criado por Carla Galvão, Filipe Raposo e Beatriz Bagulho, com música criada por Filipe Raposo a partir de música de Bernardo Sassetti.
Como nos diz Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República de Portugal, no prefácio da obra:
«Diferentes leituras, diferentes gerações e diferentes métodos de revisitar um texto fundador, que está no mar com saudades da terra, na terra com saudades do mar. E que, por artes de fantasia, ou da poesia, faz do rapaz solitário e da menina órfã uma unidade anunciada, forte como um polvo, sábia como um caranguejo e feliz como um peixe.»
A edição esteve à venda na Festa do Livro em Belém, de 30 de Agosto a 1 de Setembro, e chega agora a lojas de todo o País.
Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu a 6 de Novembro 1919, no Porto, onde passou a infância. Em 1939-1940 estudou Filologia Clássica na Universidade de Lisboa. Publicou os primeiros versos em 1940, nos Cadernos de Poesia. Na sequência do seu casamento com o jornalista, político e advogado Francisco Sousa Tavares, em 1946, passou a viver em Lisboa. Foi mãe de cinco filhos, para quem começou a escrever contos infantis. Além da literatura infantil, Sophia escreveu também contos, artigos, ensaios e teatro. Traduziu Eurípedes, Shakespeare, Claudel, Dante e, para o francês, alguns poetas portugueses.
Em termos cívicos, a escritora caracterizou-se por uma atitude interventiva, tendo denunciado activamente o regime salazarista e os seus seguidores. Apoiou a candidatura do general Humberto Delgado e fez parte dos movimentos católicos contra o antigo regime, tendo sido um dos subscritores da "Carta dos 101 Católicos" contra a guerra colonial e o apoio da Igreja Católica à política de Salazar. Foi ainda fundadora e membro da Comissão Nacional de Apoio aos Presos Políticos. Após o 25 de Abril, foi eleita para a Assembleia Constituinte, em 1975, pelo círculo do Porto, numa lista do Partido Socialista. Foi também público o seu apoio à independência de Timor-Leste, consagrada em 2002.
A sua obra está traduzida em várias línguas e foi várias vezes premiada, tendo recebido, entre outros, o Prémio Camões 1999, o Prémio Poesia Max Jacob 2001 e o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana – a primeira vez que um português venceu este prestigiado galardão. Com uma linguagem poética quase transparente e íntima, ao mesmo tempo ancorada nos antigos mitos clássicos, Sophia evoca nos seus versos os objectos, as coisas, os seres, os tempos, os mares, os dias.
Faleceu a 2 de Julho de 2004, em Lisboa. Dez anos depois, em 2014, foram-lhe concedidas honras de Estado e os seus restos mortais foram trasladados para o Panteão Nacional.