CINE ESTREIA: "Aparição", de Fernando Vendrell
Realização: Fernando Vendrell
Argumento: João Milagre e Fátima Ribeiro (baseado na obra literária de Vergílio Ferreira)
Música: Eduardo Raon
Produção: David & Golias (Fernando Vendrell e Luís Alvarães)
Elenco: Jaime Freitas, Victoria Guerra, João Cachola, Rita Martins, Dinis Gomes, Ricardo Aibéo, Teresa Madruga, Rui Morisson, Inês Trindade, João Lagarto, João Vaz, Isac Graça, Figueira Cid, Cláudia Lázaro
Final dos anos 50. Um jovem escritor e professor, Alberto Soares (Jaime Freitas), tem a sua primeira colocação no Liceu de Évora, uma cidade rural, inóspita e moralista. Encontra-se com o médico local e amigo do seu falecido pai, Dr. Moura (Rui Morisson), de quem logo se torna protegido e acolhido pelo seu núcleo familiar. Alberto deixa-se fascinar pelas suas belas filhas: Ana (Rita Martins), a mais velha, casada com o latifundiário Alfredo (Dinis Gomes), uma mulher inteligente, carente e frontal; Sofia (Victoria Guerra), uma jovem provocadora, sensual e inconsequente; e Cristina (Inês Trindade), a mais nova, um inatingível e inocente talento musical. Alberto começa a tomar notas para um futuro romance inspirado pela sua nova vida em Évora. No liceu, durante as suas aulas, expõe os seus pensamentos e impressiona um aluno em particular, Carolino (João Cachola). Ainda de luto pela morte do pai, as suas convicções existencialistas geram polémica na cidade provinciana e acaba por entrar em choque com Chico (Ricardo Aibéo), um intelectual frustrado, amigo da família e primo de Carolino. A obsessão de Alberto pela morte torna-se cada vez mais real e avassaladora, tornando-o na personagem central do livro que pretende escrever. O envolvimento de Alberto com a família do Dr. Moura resulta ainda numa relação amorosa e cúmplice com Sofia que o perturba e seduz e cuja leviandade a leva a um namoro com Carolino que, enamorado, desenvolve uma rivalidade passional, despoletando uma espiral de violência.
Prémio: Melhor Filme Português no Fantasporto - Festival de Cinema Internacional do Porto 2018
Fernando Vendrell nasceu em Lisboa, em 1962. Em 1985, formou-se em Montagem na Escola Superior de Teatro e Cinema, no Conservatório Nacional. Foi assistente de realização e trabalhou com realizadores como Manoel de Oliveira, José Fonseca e Costa, João César Monteiro, Raoul Ruiz (Chile), João Canijo, Manuel Mozos, Luís Alvarães, entre outros. Em 1992, fundou a produtora independente David & Golias. Em 2003, licenciou-se em Cinema - Ramo de Produção, na Escola Superior de Teatro e Cinema. Foi professor convidado na Escola Superior de Teatro e Cinema (1995/97) e no curso de Cinema da Universidade Lusófona (2003/5). É realizador e produtor, tendo produzido mais de 40 longas e curtas-metragens, séries de televisão, telefilmes e documentários. Realizou as séries "Bocage" (RTP1, 2006), "O Dia do Regicídio" (RTP1, 2008) e "3 Mulheres", que estreia em breve na RTP1.
Filmografia:
Aparição (2018)
Pele (2006)
14 de Fevereiro (a 1 de Abril) (curta-metragem, 2003)
As Minhas Férias (curta-metragem, 2003)
Jogo da Glória (telefilme, 2002)
O Gotejar da Luz (2002)
Almirante Reis (curta-metragem, 2000)
Aniversário no Banco (telefilme, 1999)
Fintar o Destino (1998)
Vergílio Ferreira nasceu em Melo, no concelho de Gouveia, em 1916. Estudou no Seminário do Fundão, licenciou-se em Filologia Clássica na Universidade de Coimbra e exerceu funções docentes no Ensino Secundário. Notabilizou-se no domínio da prosa ficcional, sendo um dos maiores romancistas portugueses do século XX. Literariamente, começou por ser neo-realista (anos 40), com "Vagão Jota" (1946), "Mudança" (1949), etc. Mas, a partir da publicação de "Manhã Submersa" (1954) e, sobretudo, de "Aparição" (1959), Vergílio Ferreira adere a preocupações de natureza metafísica e existencialista. A sua prosa, que entronca na tradição queirosiana, é uma das mais inovadoras dos ficcionistas do século XX. O ensaio é outra das grandes vertentes da sua obra que, aliás, acaba por influenciar a sua criação romanesca. Temas como a morte, o mistério, o amor, o sentido do universo, o vazio de valores, a arte, são recorrentes na sua produção literária. Além disto, Vergílio Ferreira deixou-nos vários volumes do diário intitulado "Conta-Corrente". Recebeu o Prémio Camões em 1992. Faleceu em 1996.