TEATRO: Ivone, Princesa de Borgonha (Teatro do Bairro, Lisboa - 21 Março a 8 Abril)
De: Witold Grombowicz (Polónia, 1904 - 1969)
Encenação: António Pires
Tradução: Luísa Costa Gomes
Cenografia: João Mendes Ribeiro
Figurinos: Luís Mesquita
Ilustração: Joana Villaverde
Música: Paulo Abelho
Com: Maria João Luís, Marcello Urgeghe, João Barbosa, Mário Sousa, Alexandra Sargento, Hugo Mestre Amaro, Cláudia Alfaiate, Nuno Casanovas, Francisco Vistas, Carolina Campanela
Sinopse: A comédia, assim definida pelo autor, que Luísa Costa Gomes traduziu, é uma paródia shakespeariana com uma estrutura dramática clássica. A encenação é de António Pires, que conta com a versátil e excelente actriz Maria João Luís que regressa ao palco do Teatro do Bairro. No elenco, a par dos actores residentes da Companhia do Teatro do Bairro, estão também outros actores convidados, como Marcello Urgeghe , João Barbosa e Nuno Casanovas que, ao longo dos anos, têm integrado pontualmente os espectáculos do encenador , sendo seus cúmplices na linguagem cénica e forma de estar em palco.
"…Feita à maneira de uma tragédia clássica, IVONE tem os seus cinco actos e acaba… enfim, logo verão como acaba. Basta dizer que «bestialidade, selvajaria, idiotice e falta de sentido não param de crescer ao longo de toda a peça». Como todos os grandes textos, IVONE é também ele, implacavelmente obtuso. Parece encarrilar numa rota de racionalidade delirante em que tudo é necessidade. Quando nos parece que vislumbrámos o sentido da «explicação», caímos no buraco de outras tantas leituras possíveis. Que espécie de coisa é esta paródia de tragédia, que parece mais leve do que realmente é, bem mais profunda e complexa do que aparenta ser, talvez num movimento palaciano de dissimulação dos horrores sobre os quais assenta todo o poder…" (Luísa Costa Gomes)
A acção decorre num tempo indefinido e num reino imaginário. Conta a história de Ivone, uma jovem plebeia insignificante, taciturna e feia, calada e apática, que o filho do rei pretende para sua noiva, mas cuja passividade desperta os mais recônditos impulsos assassinos da corte. O príncipe herdeiro do trono sofre de fartura. Mimado pelos pais, com uma educação esmerada e com um futuro brilhante, tudo pode ter. Acreditando ser o destino, encalha em Ivone, a aventesma queda e muda, surpreendendo-se a si próprio. Contra o protocolo real, envolve-se com Ivone, decidindo casar com ela, perante a perplexidade dos pais e a troça dos amigos. Ridicularizada pelos cortesãos, e apesar das repetidas tentativas, ninguém consegue fazê-la falar e a tensão vai subindo. Ivone continua muda e o seu silêncio é encarado como uma provocação. Até que se descobrem segredos macabros supostamente bem guardados.