Editora: Casa das Letras
Sinopse: Com o rei D. Carlos ao leme da Nação, os habitantes de uma recôndita aldeia portuguesa dispõem-se a castigar, certa noite, os praticantes de um pecado hediondo, deitando fogo à sua casa na orla de uma floresta paradisíaca. E é tal a sanha colectiva contra os pecadores que – salvo os que ainda não andam e os que já não conseguem andar – só duas pessoas na povoação inteira não participam do massacre: Ana, a parteira, e o padre Engrácio. Conseguindo adiantar-se ao morticínio, resgatam com vida um par de gémeos recém-nascidos, baptizados nessa mesma noite com os nomes de Laura e Lourenço Duchamp.
Recebidas em orfanatos distintos, as crianças crescerão sob o signo da tristeza, da violência e da solidão, sempre carentes da alma gémea que desconhecem ter, enquanto na aldeia, à medida que os anos passam, a culpa vai consumindo, um por um, os criminosos. Ana, que não pode ter filhos, nunca deixa, porém, de se perguntar pelos meninos que salvou, ignorando, como eles, que o reencontro é sempre uma possibilidade.
Numa linguagem cuidada e bela e um leque de personagens fascinante, Paula de Sousa Lima constrói em "O Paraíso" uma narrativa pungente sobre o preconceito, o arrependimento e a incapacidade de fugir ao destino.
Paula de Sousa Lima nasceu em Lisboa, filha de pais açorianos, e vive nos Açores desde os seis anos, com uma passagem por Moçambique. Mantém, desde há vários anos, uma colaboração assídua e regular em jornais, com crónicas e artigos sobre literatura e língua.
É co-autora de uma obra de gramática (Explicações de Português) e escreveu o livro de poesia Quando Eu Mover a Sombra das Montanhas. Publicou mais de duas dezenas de contos em jornais, revistas e colectâneas, bem como o livro O Outro Lado do Mundo (Prémio Daniel de Sá, 2016). Além de O Paraíso (finalista do Prémio LeYa em 2016), tem cinco outros romances publicados: Crónica dos Senhores do Lenho, Variações em Dor Maior, Tempo Adiado, Os Últimos Dias de Pôncio Pilatos e Mas Deus não Dá Licença Que Partamos.