Leonor Silveira recebe primeiro Prémio Bárbara Virgínia
Leonor Silveira
O Prémio Bárbara Virgínia, instituído em 2015 pela Academia Portuguesa de Cinema para homenagear uma figura feminina que se tenha distinguido no cinema português, será atribuído pela primeira vez à actriz Leonor Silveira.
O júri, constituído por Beatriz Batarda (actriz), Cândida Vieira (produtora executiva), Carmo Moser (produtora), Patrícia Vasconcelos (directora de casting) e Sano de Perpessac (caracterizadora), foi unânime em escolher Leonor Silveira para esta primeira homenagem por considerá-la "uma actriz única, singular, em Portugal e no Mundo." A cerimónia de entrega do Prémio Bárbara Virgínia a Leonor Silveira decorrerá no próximo dia 15 de Dezembro, às 21h30, na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa. O troféu do Prémio Bárbara Virgínia foi concebido pelo pintor e escultor Leonel Moura, simbolizando a figura de uma mulher preparada para vencer os maiores desafios.
Leonor Silveira foi uma das musas do realizador Manoel de Oliveira. Estreou-se ao lado de Luís Miguel Cintra em Os Canibais (1988), após o que participou, sucessivamente, em diversas películas do Mestre como A Divina Comédia (1991), Viagem ao Princípio do Mundo (1997), Party (1996), O Convento (1995), Inquietude (1998), A Carta (1999), Palavra e Utopia (2000), O Princípio da Incerteza (2001) ou Um Filme Falado (2003). Serão, porventura, Vale Abraão (1993), adaptação feita por Agustina Bessa-Luís, do romance Madame Bovary de Flaubert, e Espelho Mágico (2006), a partir de A Alma dos Ricos, também de Agustina, as suas interpretações mais relevantes. Participou ainda em filmes de João Botelho, Joaquim Pinto e Vicente Jorge Silva.
Bárbara Virgínia, que dá o nome a este novo prémio, foi a primeira realizadora portuguesa de cinema e a primeira mulher a apresentar um filme no Festival de Cannes, em 1946. Nasceu em Lisboa a 15 de Novembro de 1923. Foi actriz e locutora de rádio, usando o nome artístico de Maria de Lourdes Dias Costa. Frequentou o Conservatório Nacional e, aos 15 anos, já fazia parte das vozes promissoras da Emissora Nacional.
Estreou-se como actriz de cinema em 1945, em "Sonho de Amor", de Carlos Porfírio, dois anos depois do exame final do Conservatório. Com apenas 22 anos, Bárbara Virgínia tornou-se na primeira mulher portuguesa a assumir a realização de um filme, função que acumulou com a representação. O filme, intitulado "Três dias sem Deus", estreou-se nas salas de cinema em Agosto de 1946 e conta a experiência de uma professora primária, numa remota aldeia do interior, onde enfrenta a desconfiança e as superstições dos aldeões. Produzido pela Invicta Filmes, o filme foi seleccionado para a primeira edição do Festival Internacional de Cinema de Cannes, em 1946, a par de "Camões", de Leitão de Barros.
Bárbara Virgínia faleceu no dia 8 de Março de 2015 em São Paulo, no Brasil, aos 92 anos.
Paralelamente à cerimónia de atribuição do Prémio Bárbara Virgínia a Leonor Silveira, a Academia Portuguesa de Cinema e a Cinemateca promovem uma exposição, que teve como curadora Ana Mafalda Reis, sobre a vida e a obra de Bárbara Virgínia e será exibido um work in progress do filme "Quem é Barbara Virgínia?", que está a ser realizado por Luísa Sequeira.
Quadro de Leonel Moura que retrata Bárbara Virgínia