Sinopse: Nas décadas de 50 e 60 do século passado, no auge da frota bacalhoeira portuguesa, o país tinha cerca de 80 navios e 4800 pescadores na pesca do bacalhau nos mares do Norte. As campanhas eram marcadas por uma dureza extrema – os portugueses ainda faziam pesca à linha nos míticos e pequenos Dóris – e, em cada viagem de seis meses, as fatalidades impediam que, em média, 10 pescadores regressassem. A história repetia-se todos os anos.
O primeiro documento que coloca portugueses na pesca do bacalhau tem mais de 500 anos e, de certo modo, foi graças à coragem destes homens que Portugal se tornou o maior consumidor mundial de bacalhau – 7 kg per capita. Ainda assim, poucos serão os consumidores que têm noção do que foi, ou do que ainda é, a pesca do bacalhau. Em 1952, suspeitando da actividade verdadeiramente épica em causa, o aventureiro e repórter australiano Alan Villiers embarcou num dos lugres bacalhoeiros nacionais – o Argus – e assim produziu, para a National Geographic, o primeiro relato e as primeiras fotografias que surpreenderam o Mundo. Dessa campanha resultaria também o livro A Campanha do Argus, que acabaria por tornar-se um documento icónico da pesca do bacalhau.
De 1952 para cá, a evolução foi considerável. Acabou a pesca à linha nos dóris, chegaram os arrastões e as Zonas Económicas Exclusivas, e Portugal tornou-se um país essencialmente importador de bacalhau. Hoje existem no país apenas 10 barcos dedicados ao "Fiel Amigo". Mas existe um factor comum: a dureza ainda extrema desta actividade enfrentada pelos pescadores portugueses. E foi precisamente essa dureza que o fotojornalista e aventureiro açoriano, Pepe Brix, foi fotografar ao longo de três meses embarcado como... Observador de Pesca (fez uma formação específica para poder integrar a tripulação) num dos últimos bacalhoeiros portugueses, o "Joana Princesa".
Da aventura de Pepe Brix resultou um portfólio fotográfico extraordinário. Não deixa de ser curioso que parte desse portfólio, tal como o de Alan Villiers em 1952, tenha sido publicado na National Geographic, agora na edição portuguesa. O trabalho, que o autor começou por designar de Código Postal: A2053N (a matrícula do navio "Joana Princesa") transformou-se também numa exposição fotográfica que tem andado pelo Continente e Ilhas; e depois da exposição nasce finalmente o livro, que surge como uma resposta a um desafio colocado pela Riberalves: celebrar a pesca do bacalhau com o lançamento de uma homenagem aos Heróis Portugueses da Pesca do Bacalhau. O desafio foi aceite e a obra "Os Últimos Heróis" foi lançada nas livrarias.
Com prefácio da ex-Ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, o livro "Os Últimos Heróis" é uma obra fotográfica de actualidade, com um capítulo inicial que apresenta um enquadramento histórico assinado pelo escritor Paulo Ramalho, ilustrado com fotos icónicas cedidas pelo Museu Marítimo de Ílhavo. Uma percentagem das vendas deste livro reverte para a AMI – Assistência Médica Internacional.
Pepe Brix nasceu nos Açores. Aventureiro, fotojornalista e empreendedor de 30 anos, tem trabalho assinado e publicado decorrente de viagens pelos Estados Unidos, Índia, Nepal, América do Sul, Europa Central e de Leste. Já depois da aventura a bordo de um dos últimos bacalhoeiros nacionais, documentando a actividade heróica dos últimos pescadores portugueses na pesca do bacalhau, integrou e fotografou a expedição de moto Lisboa-Pequim-Lisboa, realizada em 2015.
Paulo Ramalho nasceu em 1960 e vive nos Açores. Antropólogo de formação, tem-se dedicado à produção literária, científica e poética. O Outro Lado da Ilha marcou recentemente a sua estreia no romance.