De: Ricardo Pais (com Pedro Almendra, Rui Silva e Momentum Crew)
Textos: Almada Negreiros
Guião e Encenação: Ricardo Pais com Manuel Tur
Cenografia: Manuel Aires Mateus
Figurinos: Bernardo Monteiro
Música: Rui Silva
Interpretação: Pedro Almendra (actor), Bruce Almighty, Deeogo Oliveira, Lagaet Alin, Max Oliveira, Mix Ivanou, Pedro França (dança urbana) e Rui Silva (percussão)
Sinopse: Fernando Pessoa e heterónimos são despejados do seu "escritório vasto", subitamente invadido por magalas com bivaque e polainas de brim, saídos da escrita percutida de Almada Negreiros. Numa altura em que se comemora o centenário da revista literária Orpheu, al mada nada regressa ao palco do Teatro Nacional São João, um ano após o avassalador êxito desse lado b que Ricardo Pais projectou para o quintessencial Turismo Infinito. Se o espectáculo criado sobre textos de Pessoa figurava uma mente plural, al mada nada celebra a sensualidade, a cor, o movimento, coisas que Almada viveu apaixonadamente. Partindo sobretudo de Saltimbancos (1917) – texto único da nossa literatura, obsessivamente físico e sexual –, a criação de Ricardo Pais põe a girar, au ralenti ou em altíssima rotação, um caleidoscópio português em que se imbricam um quartel e um circo indigente, homens-cavalo, arraiais de verão, dramas de namorados, memórias de uma semi-imaginária Emissora Nacional, um sol a pique e um luar de acetileno… Contrastes simultâneos a que o actor Pedro Almendra, o percussionista Rui Silva e a Momentum Crew – um grupo de b-boys premiado internacionalmente – dão corpo, fazendo do palco uma arena de combate, mas também o lugar de um inesperado recolhimento.