Sinopse: Muitos anos antes do 25 de Abril, Manuel Alegre escreveu sobre o País de Abril, Maio e os cravos vermelhos.
Nesta antologia, há muitos poemas que falam de Abril antes de Abril e de Maio antes de Maio, em "Praça da Canção", editada em 1964, e em "O Canto e as Armas", de 1967. Em "O Canto e as Armas" há, por exemplo, aqueles quatro versos de "Poemarma" que, decerto, anunciam o primeiro comunicado da Revolução:
«Que o poema seja microfone e fale
uma noite destas de repente às três e tal
para que a lua estoire e o sono estale
e a gente acorde finalmente em Portugal».
Mas, também, em "Lisboa perto e longe", a estrofe que canta, sete anos antes, Lisboa na rua, de cravo vermelho na mão, no Primeiro de Maio de 1974:
«Lisboa tem um cravo em cada mão
tem camisas que Abril desabotoa
mas em Maio Lisboa é uma canção
onde há versos que são cravos vermelhos
Lisboa que ninguém verá de joelhos.»
Manuel Alegre de Melo Duarte nasceu em 1936, em Águeda. Estudou em Lisboa, no Porto e na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Foi campeão de natação e actor do Teatro Universitário de Coimbra (TEUC). Em 1961 é mobilizado para Angola. Preso pela PIDE, passa seis meses na Fortaleza de S. Paulo, em Luanda, onde escreve grande parte dos poemas do seu primeiro livro, "Praça da Canção". Em 1964 é eleito membro do comité nacional da Frente Patriótica de Libertação Nacional e passa a trabalhar em Argel, na emissora Voz da Liberdade. Regressa a Portugal a 25 de Abril de 1974. Dirigente histórico do Partido Socialista desde 1974, foi vice-presidente da Assembleia da República, de 1995 a 2009, e é membro do Conselho de Estado. A sua vasta obra literária, que inclui o romance, o conto, o ensaio, mas sobretudo a poesia, tem sido amplamente difundida e aclamada. Foram-lhe atribuídos os mais distintos prémios literários: Grande Prémio de Poesia da APE-CTT, Prémio da Crítica Literária da AICL, Prémio Fernando Namora e Prémio Pessoa, em 1999. Ao seu livro de poemas "Doze Naus" foi atribuído o Prémio Dom Dinis.