APOSTAS 2014 - André Santos (design)
(a escolha de Katja Tschimmel, investigadora em design thinking)
Se tivesse de nomear a coisa que mais o inspira, André Santos diria as pessoas. Há os locais por onde passa, as experiências acumuladas em 23 anos de vida, o próprio trabalho em si, frenético de ideias que alimentam outras ideias. Mas não há como as pessoas para lhe encherem a bagagem de referências e da criatividade que fazem dele uma aposta segura como designer gráfico. «A Escola Artística e Profissional Árvore (no centro histórico do Porto) abriu-me em 2005 o caminho a amizades de uma vida e ao mundo do Design de Comunicação», conta. Depois, foi a vez de a Escola Superior de Artes e Design (ESAD) de Matosinhos lhe trazer a oportunidade de aprender com «pessoas incríveis» como João Faria, José Bártolo ou Andrew Howard, Helena Silva, Israel Pimenta e David Santos, George Hardey, Andrew Haslam, Ian Noble e alguns dos seus grandes amigos de hoje. «Conversar, privar com esta ou aquela pessoa, é isso que vai influenciando o meu caminho.»
André recorda-se bem de, ainda pequeno, receber da mãe livros ilustrados para colorir e livros com pontos para ligar formando imagens. «Lembro-me de ajudar a minha irmã a fazer surpresas para os meus pais, sempre na área dos trabalhos manuais. Acho que já aí se adivinhava um futuro numa área criativa.» Na ESAD concebeu a sua primeira publicação, Cá Se Fazem... , que serviu de rampa para a criação de Nem Tudo o que Reluz é Ouro, simultaneamente o projecto mais doloroso e que mais prazer lhe deu, com 54 ilustradores coordenados por si a darem livre curso à expressão. Também na ESAD está a dois meses de concluir o mestrado em Design de Comunicação, ao mesmo tempo que é designer residente na companhia de teatro Cabeças no Ar e Pés na Terra (desde 2011), que se responsabiliza pela imagem gráfica da empresa Kiko & Thomas e que espera fundar uma editora de publicação independente.
«Somos um país pequeno geograficamente, isso é inegável. Mas somos tão grandes culturalmente, e no amor que as pessoas depositam no seu trabalho, que eu diria que o design que se faz lá fora está cada vez mais ao nível daquele que se faz em Portugal e não o contrário», sublinha André. Naturalmente, quer que a sua arte seja vista e percebida no estrangeiro, mas não faz disso a sua bandeira. «Quero ficar aqui, crescer e trabalhar aqui, deixar a minha marca aqui.» O facto de o país começar a (re)conhecê-lo enche-o de orgulho.
(retirado do artigo "14 Apostas para 2014" publicado na edição nº 1127 da revista Notícias Magazine)