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Naturalidade: Alcáçova (Elvas)/ (1867 - 1935)
Profissão: Médica e Activista dos Direitos das Mulheres
Sobreviveu, menina, trabalhando a dias em casas afortunadas, aprendendo por si a ler e a escrever, até se apaixonar por um homem fora do comum. Filha de operários, nascida a 25 de Janeiro de 1867 em Elvas, Adelaide de Jesus Damas Brazão casou-se aos 18, concluiu a instrução primária aos 22, terminou o liceu aos 29 e licenciou-se em Medicina aos 33. Republicana, feminista, maçona, lutou pelos direitos das mulheres, das crianças, dos pobres, dos animais... lutou por uma sociedade equitativa e saudável.
Quando o pai morre, passa a ajudar a mãe na pequena e artesanal unidade fabril de secagem da ameixa. Um dia, enquanto apanha e escolhe os frutos que secarão ao sol para serem comercializados, Adelaide conhece Manuel Ramos Fernandes Cabete, de 36 anos de idade. Uma gramática é o primeiro presente que recebe do marido, um homem que aceita partilhar as tarefas domésticas para que ela tenha tempo. Não é rico, mas possui umas propriedades que vende para suportar os estudos da mulher. Ela não desperdiça o esforço e licencia-se na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa.
Adelaide não se limita a apresentar uma tese de licenciatura, como era obrigatório: faz um apelo ao Estado para a prevenção da natalidade e propõe uma lei que permita às trabalhadoras repousar no último mês da gravidez, com um subsídio apurado entre os lucros da empresa, o Estado e uma quotização mensal dos trabalhadores. E a criação de maternidades, creches, asilos para a infância, instituições de solidariedade social para ajudar pobres, durante a gravidez, com apoio domiciliário.
Aos 40 anos, entra para a loja Humanidade do Grande Oriente Lusitano Unido (GOLU). Adoptando o nome da revolucionária francesa Louise Michel, pugnará pela igualdade de sexos e conseguirá, já com o título de Venerável, introduzir em Portugal a Ordem Maçónica Mista Internacional O Direito Humano, decidida a fundar uma federação autónoma, já que a GOLU insistia em não ter lojas mistas.
Em 1910, vibra com a queda da Monarquia. Para o 5 de Outubro, confecciona as bandeiras vermelhas e verdes da República, juntamente com Carolina Beatriz Ângelo, a primeira mulher a ter direito de voto. Um ano antes, como médica de doenças uterinas (assim anuncia nos jornais o seu consultório na Baixa de Lisboa), participara na criação da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, a primeira organização cujo objectivo é a defesa de um novo estatuto social para o sexo feminino. Vai trabalhar para Odivelas, em Fevereiro de 1912, no Instituto Feminino de Educação e Trabalho. Adelaide é a médica escolar, mas também a professora de Higiene e Puericultura, Anatomia e Fisiologia, dando alguma educação sexual às alunas. A partir de 1914, presidirá ao Conselho Nacional de Mulheres Portuguesas e será directora da revista "Alma Feminina".
Em 1929, parte com o sobrinho (a sua irmã Maria Brazão, que ela ajudara a ser dentista, está na Índia) para Angola, onde continua a exercer e a escrever. Num acidente com uma arma de fogo fica ferida e, em 1934, com a saúde abalada, volta a Lisboa. Tem 67 anos e... cai, parte uma perna. Morre a 14 de Setembro de 1935. Quando um dia lhe perguntaram qual tinha sido o acontecimento mais importante na sua vida, candidamente respondeu: "O meu marido".
(retirado do artigo "Figuras que moldaram o século XX - Volume I" publicado na edição nº 2118 da REVISTA do jornal Expresso)
Para saber mais:
"Perfil de uma Pioneira: Adelaide Cabete (1867 - 1935)", de Isabel Lousada
Uma mistura de sons e influências diversas, os Iconoclasts são Diogo Carneiro, Pipa Marinho, Sérgio Dinis, Vitor Azevedo, Ricardo Ramos e Pedro Coelho. Seis lisboetas que, após gravarem o seu primeiro EP e actuarem exaustivamente pelo país fora, lançaram, em 2011, o seu longa-duração de estreia, "Mt. Erikson". Inspirados pelas bandas mais inventivas do novo indie britânico, como os Foals, e por lendas do underground americano, como os Pixies e Sonic Youth, os Iconoclasts conseguem juntar a sua influência em canções que não nos remetem directamente para estas bandas, mas que de qualquer modo reflectem a sua admiração por elas.
Filmado no Quarto com Vista, na CoWork Lisboa.
"Speedway"
"Wisdom Cola"
"Stranger in a strange land"
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