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alma-lusa

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20
Nov12

ISTO É PORTUGAL! - Conservas Pinhais

 

Origem: Matosinhos

 

A fábrica da Pinhais, em Matosinhos, é quase um museu. As conservas (de sardinha e cavala) são ainda feitas artesanalmente, como em 1920, quando foi fundada. Nem mesmo o terço deixou de se rezar uma hora antes da saída...

 

Não há uma palavra, mas há uma pergunta mágica, que abre a porta a memórias antigas - a uma cidade pólo da indústria conserveira nacional; ao cheiro a peixe que invadia as ruas e aos gatos que o perseguiam; aos pescadores que vinham esperar as namoradas na hora da saída; aos tropas que acertavam o relógio para passar à porta das conserveiras em hora de bulício e piscar o olho às meninas.

 

As mesas de mármore estão ali há 92 anos, a idade da conserveira Pinhais, uma das quatro que sobreviveram, de entre mais de meia centena que chegou a haver em Matosinhos, quando a parte industrial ainda não tinha cedido o lugar a prédios e condomínios de luxo e as conservas davam emprego a mais de 6 mil pessoas. As outras resistentes são a Portugal Norte, a Ramirez e a La Gôndola. Mas a Pinhais é a única a manter o fabrico artesanal.

 

Entre as colaboradoras, é fácil encontrar quem conte mais de 40 anos de casa. Cortar a sardinha é a primeira etapa. O peixe chega de manhã: «Tanto pode ser às oito como às dez ou ao meio-dia, depende da chegada dos barcos à lota», explica António Pinhal, o neto do fundador da fábrica, que já foi guiada pelo pai e agora o tem a ele, com 57 anos, no leme, com o filho de 23 anos já a ajudá-lo no negócio.

 

Se o horário da chegada da matéria-prima é incerto é porque quase nada nesta conserveira mudou desde a fundação. O processo de produção mantém-se inalterado desde o primeiro dia (exepção feita à parte da cravação, em que se encerram as latas). Quando às outras fábricas começaram a chegar as câmaras frigoríficas, a família Pinhal resistiu. «A escola que todos nós tivemos é de não haver alterações no processo de fabrico para garantir a qualidade», revela António, o pai (o filho tem o mesmo nome), no escritório da fábrica, entre os móveis antigos que estão ali desde sempre.

 

Os 6 mil quilos de sardinha que chegam todos os dias, frescos, da lota de Matosinhos (ou caso ali falte, da lota de Aveiro, Peniche, Figueira da Foz...) - e que permitem fechar, a cada jornada, 30 mil latas - têm como destino a salmoura. Depois de lhes cortarem a cabeça, as mulheres transportam as sardinhas em cestas de plástico para um dos 12 tanques, que preservam os azulejos originais a numerá-los, onde ganham tempero. A salmoura é uma solução de água com sal onde passam 45 minutos. Controlar o tempo, ir deitando o sal e, por fim, tirar o peixe do tanque é tarefa de homem. Júlio Ferreira, 55 anos, indica-nos o passo seguinte. Para «engrelhar» voltam a entrar em acção mãos femininas. As sardinhas são colocadas na vertical, de cabeça para baixo (força de expressão, nesta fase já não a têm), numa estrutura de alumínio. O intuito é que «escorram a gordura e a água durante a cozedura», explica-nos Joana Cândido, a técnica de controlo de qualidade, que costuma orientar as visitas. O que pode parecer um pormenor é outro dos segredos que está por detrás do sabor ímpar destas conservas. «Hoje as sardinhas costumam ser cozidas já dentro da lata, o que não permite que libertem a água e a gordura», elucida a guia. Antes de entrarem no forno, ainda serão mergulhadas num tanque de betão original, com água a cair a toda a volta, para retirar o excesso de sal e garantir que não vai nenhuma escama ou resto de tripa agarrada. Os dois fornos são outra relíquia. Foram adaptados, mas são os de origem. Acolhem as sardinhas durante dez a doze minutos, dependendo do tamanho, e cozem-nas a vapor a 110 graus.

 

O arrefecimento ao ar é obrigatório, só assim lhes é permitida a entrada nas latas. Sozinhas ou acompanhadas... Se tivessem BI, as sardinhas da Pinhais poderiam optar por quatro estados civis: solteiras, mergulhadas apenas em azeite ou azeite picante; ou casadas, com tomate ou tomate picante. As de azeite picante, estas a que estamos a seguir o rasto, vão afinal bem acompanhadas e não chegam sequer a estar sós na lata. Numa pequena linha de montagem, seis mulheres põem, cada uma, seu ingrediente no interior do recipiente. Até serem abertas, as conservas ficarão a apurar o sabor na companhia de uma rodela de cenoura fresca (descascada e cortada também na fábrica), uma rodela de pepino em salmoura, uma malagueta tratada em salmoura também, um pedaço de folha de louro, um traço de cravinho e uma bolinha de pimenta preta.

 

As operárias que põem a sardinha na lata são especializadas, a operação obedece a um corte específico. Isabel Carmo, 52 anos e 38 de casa, mostra como se faz o corte do rabo e dá a última aparadela ao corpo, dependendo da posição que a sardinha vai ocupar na lata. Antes da entrada na recta final (a única que foi modernizada), vem o «azeitamento». Várias latas ao mesmo tempo são mergulhadas num tabuleiro cheio de azeite virgem, provavelmente de Mirandela, o mais usado (os fornecedores mantêm-se também há décadas). A parte da cravação, em que a lata entra numa máquina que lhe coloca a tampa e a fecha hermeticamente, não tem naturalmente o mesmo charme.

 

O processo ainda não chegou ao fim. As certificações modernas estão feitas, mas, já no armazém, é realizado novo controlo de qualidade com o método original, que «nunca falha», garantem Juventina Cadilhe e Angelina Ferreira, que têm o ouvido treinado por anos de trabalho. Batem uma lata na outra e o som dá a resposta: se for oco, a lata é destruída, se for um som mais seco, é garantia que tudo está nos conformes.

 

Além da sardinha, na Pinhais conserva-se cavala inteira picante, filetes de cavala e ovas de sardinha em azeite e azeite picante. Dez variedades que por cá só se podem encontrar em lojas gourmet ou na própria loja da fábrica. Aí, dá para conhecer o bonito hall de entrada com azulejos, uma bela escadaria com corrimão em madeira. A esmagadora maioria da produção (90%) segue viagem além-fronteiras, para mais de 12 países, europeus, americanos, asiáticos. Para António Pinhal, a fé é outra das razões do sucesso. Talvez por isso, todos os dias à tarde, uma hora antes da saída, os funcionários continuem a ouvir e a rezar o terço enquanto trabalham. Aqui a tradição é sagrada.

 

(retirado do artigo "Bem conservada..." publicado na VISÃO SETE da edição nº 1028 da revista VISÃO)

 

20
Nov12

CINE TV - Florbela (TV Cine 2 HD - 22h00)

 

Ano: 2011

Realização e Argumento: Vicente Alves do Ó

Elenco: Dalila Carmo, Ivo Canelas, Albano Jerónimo, Anabela Teixeira, António Fonseca, Carmen Santos, José Neves, Maria Ana Filipe, Marques d'Arede, Rita Loureiro

 

Sinopse: Num Portugal atordoado pelo fim da I República, Florbela separa-se de forma violenta de António. Apaixonada por Mário Lage, refugia-se num novo casamento para encontrar estabilidade e escrever, mas a vida de esposa na província não é conciliável com sua alma inquieta. Não consegue escrever nem amar. Ao receber uma carta do irmão Apeles, oficial da Aviação Naval e de licença em Lisboa, Florbela corre em busca de inspiração perto da elite literária que fervilha na capital. Na cumplicidade do irmão aviador, Florbela procura um sopro em cada esquina: amantes, revoltas populares, festas de foxtrot e o Tejo que, em breve, verá o irmão partir num hidroavião. O marido tenta resgatá-la para a normalidade, mas como dar norte a quem tem sede de infinito? Entre a realidade e o sonho, os poemas surgem quando o tempo pára. Nesse imaginário febril de Florbela, neva dentro de casa, esvoaçam folhas na sala, panteras ganham vida e apenas os seus poemas a mantêm sã. Por isso, Florbela tem que escrever! Este filme é o retrato íntimo de Florbela Espanca, não de toda a sua vida cheia de sofrimento, mas de um momento no tempo, em busca de inspiração, uma mulher que viveu de forma intensa e não conseguiu amar docemente.

 

 

20
Nov12

Designer português vence concurso europeu da Nescafé

 

O designer português Paulo Rico venceu o "Concurso de Design Europeu" e, assim, a nova máquina Nescafé Dolce Gusto vai ter design luso. Com mais de 8400 votos, a imagem com assinatura portuguesa foi a escolhida pelos seguidores da marca em todo o mundo. O júri do concurso escolheu a opção belga e os dois designs irão ser produzidos, em edição limitada, na Primavera de 2013.

 

O design da autoria de Paulo Rico distingue-se pelos salpicos de cor, que vão do azul ao laranja, passando pelo verde e pelo rosa. O Concurso de Design Europeu "Nescafé Dolce Gusto", dirigido a designers e apaixonados pelas artes criativas de 19 países europeus, dividiu-se em dois momentos: a 1ª fase, a nível nacional, em que as criações mais votadas de cada país foram avaliadas por um júri; a 2ª fase em que cada júri escolheu uma proposta para representar cada país. No total, foram submetidos mais de 10 mil designs, tendo cerca de 100 mil fãs estado envolvidos na escolha da nova imagem da máquina.

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