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Origem: Coimbra
Foi a ideia de desenvolver um veículo eléctrico para contexto urbano que esteve na base do projecto de tese de mestrado de Ana Vaz, investigadora do Instituto de Sistemas e Robótica da Universidade de Coimbra (ISR). Faltava, porém, dar-lhe luz e alma verdes e rodas para andar: duas, mais propriamente. Só depois de avançarem os estudos se deu prioridade a um veículo de duas rodas, uma scooter eléctrica, a primeira em solo português, escolhendo a via dos «baixos custos de utilização e do impacto ambiental reduzido».
Em sentido contrário ao de outros países europeus mais a norte, que «estão a apostar nos veículos automóveis de duas rodas», Portugal deixou-se ultrapassar, nas últimas duas ou três décadas, nesta indústria, entretanto «praticamente extinta». Este é, pelo menos, o cenário traçado por Aníbal Almeida, director do ISR, que ajudou a pôr na estrada um projecto pioneiro de mobilidade sustentável, impulsionado por Ana Vaz. E, no entanto, a primeira scooter eléctrica «100% portuguesa» move-se.
Mas a inovação não se fica só pelo conceito. Afinal, o protótipo está equipado com um sistema electrónico que controla todas as componentes, «desde o funcionamento do motor à carga e descarga das baterias», explica a responsável do projecto. Para confirmar a que velocidade se circula, consultar as indicações do GPS ou verificar a autonomia da scooter, basta olhar para o «tablet pc», com sistema operativo Android, que funciona como controlador.
Não há, porém, uma única chave para fazer andar esta scooter verde - até porque ela é accionada através de um sistema de reconhecimento do utilizador. Na verdade, há três, tantos quantos os perfis de condução: Eco - mais económico; Sport - para uma condução mais desportiva; e Safety - para quem não prescinde da segurança.
Numa condução mais tranquila, a potência do motor eléctrico ronda os 10 kilowatts, o que, num tradicional motor de combustão interna, equivale a 13,4 cavalos. Se a velocidade subir, o motor pode atingir um pico de 21 kilowatts, correspondentes a 28,15 cavalos. Se enfrentar um percurso mais acidentado, com subidas e descidas, ou se acelerar um pouco mais, a autonomia das baterias, com carga completa, desce até aos 90 quilómetros. Uma condução mais económica vale 140 quilómetros, sem recarregar as baterias. Para carregar as baterias da scooter, basta ligá-la a uma tomada comum ou dirigir-se a um posto de abastecimento para veículos eléctricos.
40 cêntimos é quanto se gasta por 100 quilómetros percorridos em circuito urbano, ao volante desta scooter, em velocidade constante. O meio ambiente também tem a ganhar com a ausência de emissões locais de dióxido de carbono (CO2). «Apesar de, inicialmente, não ter sido pensado como modelo de negócio», se esta scooter chegar a ser comercializada o preço de venda «deverá rondar os 5900 euros», adianta a investigadora. «É o equivalente ao preço de uma maxi scooter de 200 ou 400cm3 de cilindrada. Não muito longe do custo de desenvolvimento do projecto, na ordem dos 6900 euros».
Posto em marcha nas oficinas do ISR e nas instalações de duas empresas nacionais que contribuíram na fase de integração dos componentes, o projecto foi desenvolvido por Ana Vaz, em colaboração com uma equipa com competências de mecânica, informática, electrónica e design.
(retirado do artigo "Portugal faz bem - Nascida para ser verde" publicado na edição nº 1025 da revista VISÃO)
