PORTUGAL GENIAL: Puro-Sangue Lusitano - Um cavalo de rei em dia de triunfo
Garboso na frescura, poderoso nos movimentos fluidos, elegantes e vistosos, este cavalo majestoso é como um touro bravo, um dos tesouros vivos de Portugal, uma imagem da dupla natureza do Homem, cujo resultado perfeito provém do equilíbrio entre a «força bruta» e a «força espiritual».
O cavalo puro-sangue Lusitano é, sem dúvida, uma das grandes marcas de Portugal. O nosso puro-sangue Lusitano já é marca de Portugal no mundo, é um «cavalo do mundo». Na Alemanha, Inglaterra, França, nos Estados Unidos, na América do Sul, em Espanha... um pouco por todo o lado, encontramos de uma forma organizada criações de cavalos Lusitanos.
Aproveitemos para deitar um olhar ao passado, ao tempo em que os denominados «filhos do vento» cresciam à beira-Tejo. Quem sabe se terá sido por aqui que surgiu a lenda dos mitológicos centauros (homens-cavalo que simbolizam a perfeita ligação entre ambos). Por outro lado, durante milhares de anos o nosso Lusitano foi eleito como cavalo de guerra, incansável protector da vida do seu cavaleiro, «adivinhando o seu pensamento» em movimentos inexplicavelmente habilidosos e arduamente corajosos.
Amado por reis, desde a fundação da Nação até aos tempos actuais, perpetuado artisticamente no Terreiro do Paço. Amado por famosos, como Bo Derek, frequentadora dos Festivais Internacionais do Cavalo Lusitano, em Lisboa, e que elogia os Lusitanos afirmando que, para além da sua extrema beleza, são dotados de poderes quase telepáticos; ou por Kirk Douglas, que depois de ter montado por duas vezes o Sultão, de Mestre Luís Valença (considerado o grande embaixador do Cavalo Lusitano no estrangeiro), no Centro Equestre da Lezíria Grande, ficou de tal forma impressionado que escreveu, posteriormente, um livro intitulado The Gift.
Os nossos cavalos Lusitanos são únicos no Mundo. Não são a alma, mas o corpo do nosso povo. O Lusitano é o único cavalo do mundo que, num hipotético decatlo, teria condições para competir em todas as modalidades. Nas Grutas do Escoural (13 000 a 17 000 a.C.), perto de Évora, encontram-se vestígios de pinturas de cavalos com as mesmas características, tendo sido encontrados, posteriormente, artefactos datados de 4000 a.C.
Oriundo do Sul da Península Ibérica, os seus milhares de anos de História fazem dele o cavalo de sela mais antigo do mundo a par do Andaluz, do qual se separou no século XVIII pela proibição do toureio a cavalo por parte do Rei de Espanha, Filipe V. O Veiga, o Andrade e o Alter Real são as três linhagens principais daquele que é considerado o mais completo de todos os cavalos (segundo o toureiro espanhol Pablo Hermozo de Mendonza) e, em controversa afirmação, «cujo sangue deu origem a todas as raças modernas de cavalos de sela» (The Royal House of Europe, de Lady Sylvia Loch).
Conforme Ruy d'Andrade: «São cavalos fortes, curtos, valentes como os touros, ardentes se provocados e calmos se não excitados, velozes na corrida e rápidos nas voltas e de bom passo, finos à espora, submissos, de boa boca, infindáveis, resistentes a tudo...»
A trote, a galope, a dançar, a ladear touros, a saltar obstáculos ou a deliciar-nos com a sua sensibilidade e coragem, o Lusitano é uma peça de arte viva, capaz de ser, além de uma enorme fonte de divisas, uma forte contribuição para a afirmação da genialidade de Portugal no Mundo.
(retirado do texto "Puro-Sangue Lusitano - Um cavalo de rei em dia de triunfo" in "Portugal Genial" de Carlos Coelho)