ISTO É PORTUGAL! - Jetclass
Origem: Sobrado (Valongo)
Fornecedora de mobiliário de luxo de moradias e hotéis em Portugal e em vários países.
(retirado da repotagem 1000 Motivos do Nosso Orgulho publicada na 1000ª edição da revista Notícias Magazine)
Fernanda Moreira é pessoa de fibra. É das poucas mulheres no activo, a mandar num sector dominado por homens: o mobiliário. Na direcção da Jetclass desde 2001, Fernanda tem fala rápida e despachada. Em meados de 2011, os móveis tecnológicos da Jetclass trouxeram um destaque fora do comum à empresa. Não é todos os dias que se encontram móveis - totalmente feitos em Portugal - com tecnologia avançada accionada por controlo remoto. Imagine um espelho da sua sala com um televisor por trás. Ou um móvel que se abre com comando electrónico e se transforma em bar.
Esta gama de mobiliário high tech surgiu, muito naturalmente, através de uma ideia: "Há culturas que não gostam que haja um televisor à mostra na sala de jantar e assim ele fica ali escondido atrás do espelho enquanto estão a conviver à mesa", conta Fernanda. "Queremos sempre inovar e surpreender o cliente. Tentámos não ir pelo óbvio e criámos o nosso próprio estilo, o estilo Jetclass, que já consegue ser reconhecido."
Para além de os móveis serem feitos em Portugal, na fábrica de Valongo da Jetclass, a domótica (que faz funcionar o mobiliário high tech) é também desenvolvida em solo nacional. "São mecanismos criados especificamente para a Jetclass. Isto não existe por aí no mercado. Os aparelhos com alta tecnologia funcionam por domótica que é criada e monitorizada a partir da própria empresa. Somos nós que fazemos aqui tudo", explica Fernanda Moreira. "Se existirem problemas electrónicos, como o comando não funcionar, nós recebemos aqui a informação de qualquer anomalia, registada em qualquer parte do mundo, e arranjamo-la a partir daqui." E, no caso de a luz falhar, existe uma bateria que garante o funcionamento da parte eléctrica. No final, este é um produto cem por cento nacional.
Noventa por cento da produção que sai da fábrica da Jetclass em Valongo é para exportar. "Espanha era um dos melhores mercados mas a crise fez-nos perder clientes", adianta. Aliás, o segredo do sucesso actual, em tempo de crise, foi "ter aberto as portas a mercados emergentes", como Angola, Rússia, Índia ou Dubai.
Por norma, não trabalham directamente com os espaços a mobilar ou decorar, mas os produtos são escolhidos por designers e arquitectos. "Nem sabemos para onde vão, mas depois ficamos a saber que estão em casas protocolares, lojas, hotéis ou restaurantes de luxo." Apesar de ser uma empresa de mobiliário, a Jetclass também tem peças de decoração e faz acabamentos consoante os pedidos dos clientes.
"Os nossos clientes têm dinheiro", diz Fernanda com frontalidade, explicando por que não estão a sentir muito a crise. Dá como exemplo os grafitados, móveis de vinil e graffiti reais. "É uma marca nossa. Muitos têm o vinil colocado nas peças de mobiliário, mas o grafitado é nosso. Temos um graffiter que vem cá pintar." Pela exclusividade, estes não são móveis para todas as bolsas. O quadro que se abre para poder ver televisão, aproveitando espaço, pode custar dez mil euros. Se, em vez do espelho, quiser uma pintura grafitada original, poderá ficar pelos 12 a 15 mil euros. "Alguns clientes gostam das peças por serem diferentes e pelo luxo que representam, outros pelo aproveitamento de espaço ou porque querem algo diferente."
Os telefones não pararam quando se soube que a Jeclass tinha feito um berço para o filho de Cristiano Ronaldo. A pequena cama de bebé faz parte da linha de criança, que vende sobretudo para Inglaterra e França. Já havia uma ligação com a irmã de Cristiano, Cátia Aveiro, que também pediu um berço igual para o filho Dinis. "Mandaram personalizar cada um dos berços com os nomes dos meninos", diz Fernanda Moreira. A estes famosos berços também estão ligados os nomes da cantora Luciana Abreu e do futebolista Yannick Djaló, que quiseram um idêntico para a filha Lyonce Viiktórya - todo o mobiliário do quarto da criança tem a assinatura da Jetclass. Depois de entrarem no mundo do futebol, a palavra foi passando e também já venderam peças para o empresário Jorge Mendes e para o seleccionador nacional Paulo Bento.
Para 2012 está prevista a conclusão da nova fábrica da Jetclass, perto da actual, em Valongo. A empresa emprega 55 funcionários e a facturação é de dois milhões e meio de euros por ano. O segredo? "Mantemos uma relação de proximidade com o cliente, para saber as suas necessidades, e depois tentamos inovar. Há sempre quem copie, mas, como eu digo, quem copia vem atrás de nós", remata Fernanda Moreira.
(retirado do artigo "Móveis High Tech Made in Portugal" publicado na edição nº 1030 da revista Notícias Magazine)