"A Ilha dos Escravos", de Francisco Manso (RTP1 - 22h40)
A história do amor impossível, e secreto, de um escravo, João, pela sua senhora, a bela mestiça Maria...
A acção decorre em Cabo Verde (Ilha de Santiago), durante a primeira metade do século XIX, com breves segmentos de extensão a Viena de Áustria e "flashbacks" centrados na ilha de Santo Antão e no Brasil (Salvador da Baía), pelos fins do século XVIII. O levantamento de tropas, na Cidade da Praia, instigado por oficiais desterrados para o arquipélago, em consequência da derrota dos partidários do infante D. Miguel, na guerra civil portuguesa, é o núcleo histórico do filme. Os rebeldes, contrariando as suas próprias convicções antiliberais, tentam aliciar para o seu campo a população escrava, à falta de outros meios humanos que lhes corporizem os desígnios. Conspiração político-militar por um lado, insurreição de escravos por outro, ambas associadas, mas só transitoriamente convergentes, e a mistura não podia ser senão explosiva. A enlear a trama, ocorre ainda um acontecimento imprevisto. De um navio negreiro francês naufragado na costa da ilha, a caminho das Américas, foge um grupo de escravos, recém-capturados nas costas da Guiné, que se refugia nas montanhas, suscitando a repressão militar cega e indiscriminada. Se o núcleo histórico do filme é abertamente conflituoso, o núcleo dramático não o é menos, com uma trama melodramática que nos remete, em pleno, para o período romântico em que a acção decorre. É neste contexto que a história do amor impossível, e secreto, de um escravo, João, pela sua senhora, a bela mestiça Maria (a actriz brasileira Vanessa Giácomo) - já de si triangular porque João é, por sua vez, amado de forma incondicional pela escrava Luísa - ganha novos contornos com a chegada de um quarto elemento à ilha, o misterioso Albano (Diogo Infante).